Vista antigamente como item de luxo restrito aos veículos mais sofisticados, a direção hidráulica está hoje presente em praticamente todos os veículos produzidos no Brasil. A mais moderna (e que vem ganhando espaço nas montadoras), contudo, é a elétrica.
Diego Riquero Tournier, chefe de serviços automotivos para a América Latina da Bosch, explica a diferença:
“Na primeira, há uma bomba que gera pressão hidráulica, auxiliando o motorista na tarefa de esterçar o volante; essa bomba atua utilizando o movimento do motor por meio de correias e, por isso, acaba ‘roubando’ um pouco a força – o que também prejudica o consumo –, além de ser um sistema construtivamente mais complexo.”
“Já a segunda possui um motor elétrico que fornece o auxílio para o motorista nas manobras”, afirma Tournier. Ou seja, além de ser mais simples e leve, ela não prejudica o desempenho nem o consumo do motor. Outra vantagem é que esse tipo de equipamento torna a direção ultraleve, o que não é possível com a assistência hidráulica.
Os dois tipos permitem variar o grau de assistência em função da velocidade – mais leve em manobras e mais pesada em altas velocidades –, mas o equipamento elétrico oferece isso com muito mais precisão e eficiência.
Uma das principais vantagens da assistência elétrica, de acordo com Diego Tournier, é o fato de só ela permitir a conexão de todos os programas de auxílio ao condutor (assistente de manutenção em faixa e assistente de manobras de estacionamento, por exemplo) e de condução autônoma.
“Então, a assistência elétrica de direção é um passo além em relação à hidráulica e, por isso, é tecnicamente melhor”, afirma.
Para o motorista habituado com o conforto da direção hidráulica, a mudança para a elétrica não é tão perceptível.
“A suavidade e a leveza nas respostas ao volante dependem dos parâmetros que a montadora deseja para o carro, mas a elétrica tem a vantagem de poder ser ajustada por softwares, enquanto a hidráulica é mecânica e tem seus limites”, explica Tournier. “Uma assistência elétrica pode ser reprogramada para ficar mais leve ou não, enquanto uma hidráulica teria de ser refeita com troca de bomba, válvulas etc.”
É bom saber também que um eventual problema na assistência – tanto hidráulica quanto elétrica – não significa que o motorista pode perder o controle do carro, e sim que o volante vai ficar mais pesado, prejudicando o conforto. Se isso ocorrer repentinamente, porém, o perigo pode estar na própria situação inesperada.
“A conexão entre volante, coluna de direção e cremalheira continua existindo, já que, como o nome indica, trata-se apenas de assistência, e não de controle do veículo”, afirma o especialista.
Uma recomendação importante para quem possui carro com direção hidráulica é evitar esterçar o volante até o máximo e seguir forçando. Essa, de acordo com Diego Tournier, é a pior prática, na qual se ouve até o ruído diferente da bomba – o que significa que todo o conjunto está sendo pressionado.
“Nas manobras, ao perceber que o volante chegou ao limite, solte a direção um pouco para evitar esse esforço prejudicial”, recomenda.
A prática também não é recomendada nos carros com direção com assistência elétrica, embora o conjunto possua um mecanismo de proteção que alivia automaticamente a pressão sobre o sistema ao detectar esse esforço.