Limpeza dos injetores: utilidade ou enganação?

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28/12/2021 - Tempo de leitura: 2 minutos, 47 segundos

A oferta é comum ao levar o carro para a revisão: “Vamos fazer a limpeza dos bicos injetores?”. 

Para a maioria dos técnicos ligados às montadoras, isso é desnecessário, já que o uso regular de gasolina aditivada (com elementos detergentes e dispersantes) previne a formação de depósitos e, consequentemente, de entupimentos no sistema. 

Mas, de acordo com Diego Riquero Tournier, chefe de serviços automotivos para a América Latina da Bosch, o assunto é um pouco mais complexo. 

“De um lado, montadoras e fornecedores de autopeças consideram que, por se tratar de um componente fechado, que não prevê desmonte para manutenção, o injetor não precisa ser limpo”, afirma. 

“De outro, é preciso reconhecer que, seja por conta da má qualidade do combustível ou pela presença de impurezas – que podem estar até no tanque de combustível ou no reservatório do posto –, os bicos injetores estão sujeitos, sim, a entupimentos.” 

Há máquinas específicas que usam ultrassom para limpar as peças. “Só que não existem dados conclusivos atestando que, depois do processo, os injetores voltam a funcionar com o mesmo nível de eficiência dos componentes originais”, explica. “Esse serviço acaba sendo uma grande aposta e, assim, não tem como a indústria validar.” 

Por isso, a limpeza não faz parte de nenhum plano de manutenção das montadoras. “Resumindo: não tem como cravar o que é certo ou errado, depende de cada caso, pois existem situações nas quais é possível recuperar um injetor com mau funcionamento”, diz Tournier.

Atenção ao combustível

Quanto às formas de prevenir, o recomendável é utilizar sempre combustível confiável, abastecendo em postos conhecidos. Mas, mesmo assim, Diego Tournier lembra que mesmo a gasolina aditivada possui vida útil, e que ela também se degrada com o passar do tempo (embora seja mais durável que a gasolina comum). 

Além disso, os motores – mesmo os mais modernos e eficientes – não apresentam queima completa da mistura ar-combustível e os resíduos resultantes também podem prejudicar o funcionamento dos injetores. Esse problema, contudo, afeta mais os veículos que rodam pouco e, principalmente, os que trafegam em trajetos curtos, nos quais o motor não atinge a temperatura ideal de funcionamento.

Ao contrário do que se pode imaginar, não é preciso esperar o motor apresentar falhas no funcionamento para verificar o estado do sistema de injeção do motor. 

“O primeiro sinal de que algo está errado com o sistema de injeção é o aumento no consumo de combustível”, ressalta Diego Tournier. “Isso porque cada injetor possui uma maneira ideal de trabalhar, seguindo diversos parâmetros, para criar a mistura ar-combustível no interior dos cilindros”. Quando ocorre alguma mudança nessa calibração – mesmo sem o entupimento –, o consumo acaba prejudicado.

Quanto aos aditivos que são acrescentados ao tanque de combustível, o especialista da Bosch alerta: “A primeira recomendação é verificar na embalagem se o produto é validado por algum fabricante de automóveis ou distribuidora de combustíveis”. Isso indica que o produto foi testado e aprovado por alguma empresa.