Com a evolução nas vendas de veículos elétricos no Brasil, a procura por seguros para esse tipo de modelo vem aumentando. Entretanto, o usuário ainda tem dúvidas na hora de escolher uma apólice. Carlos Roma, diretor técnico da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), respondeu às principais questões sobre o assunto.
Sim, desde que os conteúdos de conforto, conveniência e segurança sejam similares. Geralmente, os carros elétricos entregam mais valor, ou seja, mais conteúdo por real pago. Em dois automóveis que custam cerca de R$ 120 mil – um a combustão e outro elétrico –, o segundo entrega mais e, por isso, hoje apresenta o custo de seguro ligeiramente maior.
Ainda que o elétrico tenha menos componentes, quando os dois sofrem o mesmo tipo de acidente, o reparo pode ser mais caro no veículo movido a bateria. Isso porque as seguradoras ainda não dispõem de estatísticas que ajudem a precificar um produto novo. É uma situação transitória – daqui a um ano, no máximo, tal cenário mudará em favor do elétrico. Há também o fato de existirem menos oficinas qualificadas para reparar carros elétricos. Fatores levados em conta em um carro convencional, como idade do cliente, estado civil, onde ele mora e se o carro é muito visado, igualmente influenciam no valor do seguro. Vale ressaltar que os elétricos têm, sim, quantidade menor de peças no trem de força; porém, recebem mais sensores e itens de conforto e conveniência. E, ao contrário dos veículos a combustão, eles ficam melhores com o tempo, uma vez que passam por atualizações, assim como os smartphones.
Não. Os carros com motor a combustão têm três vezes mais chances de perda total depois de um acidente, segundo o Instituto de Dados de Perda de Rodovia (HLDI), dos Estados Unidos. Ele mostra que modelos convencionais tiveram perda total após 18,4% das colisões, contra 6,1% dos elétricos. É claro que um Tesla novo, de US$ 60 mil, pode sofrer mais danos porque oferece mais tecnologia do que um Toyota de US$ 30 mil. No entanto, carros a combustão de luxo de 2019 ou mais novos enfrentam perda total após 7,1% das colisões, acima de todos os elétricos, independentemente da idade ou preço.
No estudo do HLDI de 11 modelos que oferecem versões a gasolina e totalmente elétricas – Hyundai Kona e Volvo XC40, por exemplo –, as configurações com propulsão elétrica custam apenas 2% a mais para consertar.
Os elétricos apresentam certas peculiaridades por causa da bateria e, por isso, muitas vezes recebem atendimento diferenciado das seguradoras. Ou seja, além da cobertura tradicional depois de colisões e roubos, o usuário pode ser contemplado com serviços exclusivos, como assistência em caso de falta de carga e pontos de recarga gratuitos.
O valor da franquia ainda continua sendo mais elevado, porque faltam elementos para as seguradoras calcularem o custo médio de reparo e de tempo para a chegada das peças. Além disso, as tecnologias envolvidas são mais caras, e há menos oficinas especializadas na execução dos reparos.
Veja se a empresa seguradora oferece benefícios, como cobertura para cabos de carregamento, socorro em situações de bateria descarregada, oficinas especializadas, pontos de recarga gratuita em centros automotivos e cobertura para wallbox danificado.