O pneu sem ar que dispensa reparos está em via de se tornar realidade. Modelos que usavam câmaras na parte de dentro viraram peças de museu. E sistemas “run flat” já permitem rodar com o carro por alguns quilômetros mesmo que os pneus estejam furados.
Isso é possível porque eles recebem uma estrutura reforçada para mantê-los em movimento sem ar. Mesmo assim, o conserto deve ser feito posteriormente.
O que as fabricantes querem agora é aperfeiçoar a construção desse tipo de pneu para que ele não visite as borracharias.
A Pirelli, por exemplo, investe na tecnologia Seal Inside. Ela incorpora uma massa vedante na parte interna do pneu, capaz de bloquear furos de até 4 milímetros de diâmetro com o carro em movimento.
Segundo a empresa, o pneu é mais leve, não perde a pressão e tem as paredes laterais reforçadas.
Já a Michelin apresentou, em 2019, o Uptis, que substitui a roda e o pneu. A rigidez do componente é garantida por raios, e não pela pressão de ar interna, dispensando a necessidade de calibragem periódica.
A banda de rodagem é vazada, criando um conjunto de lâminas de fibra de vidro resistentes e cobertas por borracha. Elas atuam como uma espécie de segunda camada de amortecimento, auxiliando a suspensão do automóvel.
Para André Mendes, professor de Engenharia Mecânica da FEI, os pneus sem ar oferecem vantagens e desvantagens.
“Em geral, esses modelos apresentam durabilidade maior e menor necessidade de manutenção.”
Ele diz que eles possuem uma estrutura flexível com o objetivo de reproduzir a deformação do pneu tradicional, de forma que furos não interfiram na condução do veículo.
Em contrapartida, os pneus sem ar devem ser de 15% a 20% mais caros, o que pode ser proibitivo em algumas aplicações.
“Além disso, eles não absorvem totalmente os impactos e as vibrações com a mesma eficiência dos pneus comuns, prejudicando o conforto dos passageiros. Pesquisas recentes estão se concentrando na resolução desse problema”, afirma Mendes.