Com a eleição de Joe Biden, nos EUA, e a valorização mundial da agenda do desenvolvimento sustentável durante a pandemia, o planeta está entrando na década de ouro dos veículos elétricos.
Em suas primeiras aparições públicas, o novo presidente americano reiterou seu posicionamento de campanha e compromisso com a mobilidade elétrica. Confirmou que vai investir em tecnologia das baterias veiculares – que hoje representam larga fatia do custo de um elétrico –, enfatizou seu desejo em liderar a produção mundial de carros verdes, prometeu investimentos de US$ 400 bilhões em infraestrutura de eletroabastecimento e a construção de 500 mil pontos de recarga nos EUA.
Não bastasse esse alvoroço, Hebert Diess, CEO da VW, afirmou que a vitória de Joe Biden impulsiona os esforços do Grupo Volkswagen para produção em massa desses veículos. ‘Um programa democrata está mais alinhado com nossa estratégia mundial de combate às mudanças climáticas para nos tornarmos cada vez mais elétricos’, concluiu Diess.
Longe das Américas, o frenesi também é evidente e, pela primeira vez na história, a venda mensal de carros elétricos e híbridos, na Europa, superou a comercialização de carros a diesel, no último mês de setembro (de 25% a 24,8%).
Já pelos lados da China, os recordes se acumulam e as vendas de veículos elétricos e híbridos plug-in devem chegar a 1,1 milhão de unidades anuais, segundo a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis.
A infraestrutura de carregadores veiculares experimenta cenário curioso: dos 7,3 milhões de carregadores de veículos elétricos no mundo, em 2019, cerca de 6,5 milhões eram privados
. O motivo? A conveniência de carregar em casa – tal qual um celular? – e as políticas de apoio, com preço subsidiado do carregador e tarifas especiais para carregamento residencial.
Em nosso País, já existem diversos modelos e marcas de veículos elétricos e uma taxa de crescimento de vendas acelerada. O primeiro semestre deste ano teve aumento de 221%, em comparação ao primeiro semestre de 2019.
Entretanto, a barreira para a popularização desses carros ainda é grande: preços elevados, infraestrutura precária, falta de incentivo governamental e pouco conhecimento da população sobre a nova tecnologia.
Por aqui, um dono de veículo elétrico não tem segurança de que terá oferta de recarga ao longo da sua rota.
É fato que existem empresas que estão tomando a frente em relação a esse problema, as chamadas Operadoras de Recarga Veicular, que, em inglês, são conhecidas pela sigla CPO. Contudo, os carregadores públicos em nosso País, em sua enorme maioria, ainda estão desconectados e muitos são casos de usuários que encontram carregadores sucateados.
Em relação aos benefícios governamentais, o dono de um carro elétrico conta com redução no IPVA – em São Paulo, o desconto é de 50%
– e alíquota zero de Imposto de Importação. Mas é muito pouco, em comparação com o cenário internacional. Na Noruega, país com maior frota de elétricos per capita, o dono de um veículo elétrico é isento de imposto na compra do veículo, de impostos rodoviários, de taxas de estacionamentos públicos e pedágios, além de poderem usar o corredor de ônibus.
Dessa forma, é possível afirmar que um dono de veículo elétrico, no Brasil, é uma pessoa comprometida com o meio ambiente, saúde e qualidade de vida. Porém, ainda precisamos de decisões importantes para se falar em década de ouro como, por exemplo, entender se Ricardo Salles será mantido na pasta, como ministro do Meio Ambiente, o que demonstraria a falta de sintonia brasileira com a nova ordem mundial.