Até novembro do ano passado, eu nunca havia dirigido um carro movido a bateria. A experiência de dirigir um carro 100% elétrico pela primeira vez não é novidade para a grande maioria dos motoristas brasileiros. Afinal, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), até o final de dezembro de 2022, circulavam pelas ruas e rodovias brasileiras cerca de 126 mil veículos eletrificados, entre automóveis e comerciais leves híbridos, híbridos plug-in e 100% elétricos, o que representa apenas 0,28% da frota circulante nacional.
Mas, sabendo que a indústria automotiva passa por uma grande transformação e que os eletrificados trazem consigo o benefício de ajudar a reduzir as emissões dos gases de efeito estufa responsáveis pelo aquecimento global, eu estava um tanto ansioso por estrear na direção de um carro 100% elétrico.
A oportunidade de dirigir pela primeira vez um carro 100% elétrico surgiu em novembro passado a bordo de um Nissan Leaf 2023. Minha experiência começou nas ruas próximas ao aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Nos primeiros 20 minutos, confesso, fiquei um tanto inseguro. No início, como era de se esperar, estranhei bastante. Para quem está habituado a dirigir carros a combustão há algumas décadas, um modelo 100% elétrico traz muitas novidades. Mas, com o passar do tempo, fui me habituando e passei, aos poucos, a dirigir com mais segurança. Alguns quilômetros depois, já me senti bem mais confiante.
Assim que deixei o trânsito urbano, comecei a rodar pela Rodovia RS-122, estrada que liga Porto Alegre à Serra Gaúcha. Primeiro, claro, tomei uma postura mais prudente e me mantive na faixa da direita. Mas logo começaram a surgir algumas subidas. Numa delas, havia um caminhão lento bem à frente. Quando tive a chance de ultrapassá-lo, dei a seta para a esquerda, abri e pisei firme no acelerador.
O arranque foi imediato. Em poucos segundos, alcancei os 100 km/h e, rapidamente, pelo retrovisor, vi o caminhão ser ultrapassado. Fiquei tão surpreso com a velocidade atingida que até tirei um pouco o pé do acelerador com receio de perder o controle do veículo. Apenas um pequeno susto, claro, pela inexperiência, sem consequências.
Mais ou menos a partir daquele momento, com cerca de uma hora na direção, me dei conta do quanto a engenharia da indústria evoluiu. Atualmente, os modelos mais modernos trazem, no painel, vários comandos e modos de condução diferenciados que melhoram o desempenho do carro.
Um deles chama- se modo Eco, que usa o freio regenerativo o máximo possível com o objetivo de aumentar a autonomia da bateria, estimada pela montadora em 272 quilômetros.
Outro ponto que me chamou a atenção: o silêncio a bordo. Em certos momentos, em uma parada no pedágio, por exemplo, ou para fazer algum retorno, cheguei a ter dúvida se o veículo continuava mesmo ligado.
Outra facilidade que notei foi com relação ao plugue do sistema de carregamento, que fica na dianteira do veículo. Além da ChadeMo, para estações de carga rápida, o modelo testado tem a entrada tipo 2, a mais comum no Brasil, o que dispensa a necessidade de uso de adaptadores.
Espero que, com o tempo, o preço desses carros seja mais adequado ao consumidor brasileiro. E que, com isso, mais pessoas possam também realizar essa experiência. Como diz um conhecido ditado popular, com coisas boas a gente se acostuma logo.
1. Sem emissão
Não emitir poluentes enquanto roda pelas ruas e rodovias é uma das maiores contribuições do veículo elétrico.
2. Eficiência energética
O carro 100% elétrico é altamente eficiente quando colocado em movimento. Ele consome cerca de 90% da eficiência energética disponível, ao contrário dos modelos dotados de motor a combustão, que aproveitam apenas de 30% a 40%.
3. Manutenção
Os custos são inferiores, pois não é necessário substituir filtros de óleo e ar, velas de ignição e correia dentada, entre outros componentes.
4. Custo por quilômetro rodado
Em geral, a energia elétrica é mais em conta que a gasolina, o diesel e o etanol. O que ajuda a reduzir ainda mais o custo de rodagem do veículo
5. Mais silencioso
Há quem diga que os carros elétricos são uma ameaça aos pedestres mais desavisados, porque eles são extremamente silenciosos. Sem a queima de combustível e o sistema de escape, os motores elétricos trabalham em silêncio e, consequentemente, proporcionam maior sensação de conforto acústico e bem-estar a bordo. A ausência de ruídos é tamanha que a União Europeia determinou às montadoras o desenvolvimento de um barulho artificial nos carros, principalmente quando eles estiverem em baixas velocidades.
6. Desempenho
Em congestionamentos, os modelos elétricos gastam energia de forma mais equilibrada no “anda e para” das ruas. Já os híbridos ativam o motor elétrico em situações em que ele se mostra mais eficiente, como nas partidas. O motor a combustão entra em ação quando mais potência é exigida.