É impossível falar da evolução dos motores automotivos nas últimas décadas sem mencionar a atuação da Bosch no desenvolvimento de soluções e tecnologias pensadas para o mercado brasileiro. Desde a injeção eletrônica até a propulsão eletrificada (veículos híbridos e 100% elétricos), a empresa vem ajudando a construir o futuro da mobilidade do País.
“A Bosch formou o primeiro pool de especialistas de injeção eletrônica no Brasil”, recorda Marcos Palásio, gerente de desenvolvimento de sistemas powertrain da divisão Powertrain Solutions da Bosch. “É um percurso bem longo de inovações, que começou com o programa Pró-Álcool, em 1975.”
Palásio lembra que o Pró-Álcool teve impulso com o início da crise do petróleo, que alavancou a engenharia nacional no desenvolvimento de motores para o uso deste combustível. Mais adiante, em 1986, com a implementação do Programa de Controle e Emissões Veiculares (Proconve), a empresa inovou com uma sucessão de tecnologias que aprimoraram os motores, tornando-os mais econômicos e menos poluentes. O cartão de visitas dos carros com injeção eletrônica foi o Volkswagen Gol GTI.
Em meados dos anos 1990, a Bosch apresentou um protótipo com motor flex fuel, ou seja, que podia ser abastecido com etanol e gasolina ao mesmo tempo e em qualquer proporção. O sistema estreou na indústria automotiva brasileira em 2003, rendeu o prêmio FINEP de inovação à empresa e se modernizou continuamente com o lançamento do Flex-Start, sistema de partida a frio que dispensa o tradicional tanquinho de gasolina para partir o motor.
“O cerco em torno das emissões continuou se fechando”, diz Palásio. “Era preciso desenvolver soluções para reduzir cada vez mais o nível de poluentes despejados no meio ambiente.” Em 2007, a Bosch deu mais um importante passo nessa direção com o drive-by-wire, tecnologia que executa a aceleração por impulsos elétricos transmitidos para a unidade de controle do motor (ECU), sem a necessidade de cabos. O drive-by-wire ajuda a diminuir as emissões e contribui substancialmente para dirigibilidade dos veículos flex.
A preocupação com a emissão de CO2 não é uma exclusividade do Brasil; ela afeta o mundo todo. Por isso, as novidades não podem parar. Soluções como injeção direta, start-stop e o downsizing dos motores – com a expansão dos tricilíndricos – também conquistaram o mercado. “Algumas novidades surgiram para contribuirem para o motorista dirigir de forma mais econômica, como a luz no painel que avisa a hora certa de trocar a marcha”, salienta Alexandre Uchimura, gerente de novos negócios de eletrificação da divisão Powertrain Solutions da Bosch.
A evolução do powertrain se depara agora com uma das etapas mais importantes de sua trajetória: a eletrificação. Uchimura comenta que o marco regulatório que trata da eficiência energética tem sido a mola propulsora da eletromobilidade e fala da importância dos modelos híbridos flex.
“O etanol ajuda na resposta à questão climática. É um combustível renovável, diminui os gases de efeito estufa e sua produção implica na absorção do CO2 que foi emitido pelos escapamentos dos carros”, explica. “O Brasil precisa desenhar o caminho para o futuro e a solução não se dará em cima apenas de uma tecnologia, seja ela híbrida flex ou elétrica.”
Segundo estimativas da Bosch, 20 milhões de veículos eletrificados serão produzidos até 2025, o que coloca a mobilidade elétrica como importante área de atuação da empresa. Isso não significa, porém, que a Bosch deixará de trabalhar intensamente no aprimoramento das tecnologias de combustão. Afinal, 85 milhões de novos veículos movidos a gasolina, diesel e etanol estarão circulando no mundo também em 2025.
Uchimura destaca o conceito chamado de “poço à roda”, que leva em conta a emissão de CO2 de um combustível desde a sua produção até a distribuição. Os veículos elétricos contribuem para melhorar a pegada de carbono quando carregados com energia gerada a partir de fontes limpas e renováveis. “No Brasil, o combustível flex, a infraestrutura de distribuição e a matriz elétrica vinda das hidrelétricas formam uma combinação ideal para a redução dos poluentes”, diz.
Para ele, a transição é lenta e gradual. “As tecnologias estão associadas às questões de legislação e, além disso, a eletrificação deve ser contemplada de acordo com nossa realidade”, defende. “Mas uma coisa é certa: a Bosch sempre atenderá todas as demandas ligadas aos novos tempos da mobilidade.”