No primeiro trimestre de 2021, o Tesla Model 3 chegou ao Brasil por meio de assinatura. Mas, para andar no veículo elétrico mais vendido do mundo, o cliente precisa desembolsar quase R$ 20 mil mensais. Este é o valor que a Osten Fleet, grupo de concessionárias que trabalha com veículos premium, cobra pela modalidade, que tem planos de 12 a 48 meses e três faixas de limite de quilometragem por mês – 1.000 km, 2.000 km ou 3.000 km.
De acordo com a empresa, o plano de 12 meses com franquia de 1.000 km, por exemplo, tem mensalidade de R$ 18.700. Isso evidencia o quão elevado são os valores de assinaturas de carros no Brasil, o que torna a opção restrita às camadas mais ricas dos consumidores.
Conforme você acompanhou no Jornal do Carro, quem também chegou ao Brasil para atrair assinantes ricos foi o Seres SF5. O SUV 100% elétrico, que é fruto de uma parceria com a gigante chinesa e produtora de eletrônicos Huawei, desembarcou neste mês. Oferecido também pela Osten Fleet, tem pacote semelhante de franquias. O preço é tão salgado quanto: entre R$ 13 mil e R$ 15 mil. Mas há contratos, como o caso do Tesla Cybertruck, por exemplo, que saem por R$ 20 mil – 24 meses e 1.000 km mensais.
Levando em conta que quem tem R$ 20 mil para pagar em uma assinatura também tem dinheiro para comprar um carro premium, o Jornal do Carro procurou entender a vantagem desse tipo de negócio aos olhos do cliente. As fabricantes e empresas do ramo não abrem o número de adeptos, porém, garantem que a modalidade tem atraído público crescente.
“As assinaturas dos veículos já estavam em uma crescente e, com a conscientização de ser um produto financeiro, esta demanda vem aumentando de forma acelerada. Com esta oferta, passamos a atender uma lacuna por veículos premium que existia no mercado de assinaturas. Além disso, pegamos um nicho de clientes que não tem poder financeiro para a compra, mas que consegue pagar tranquilamente o valor da assinatura mensal de um veículo premium”, explica Liandra Boschiero, gerente da Osten Fleet. De acordo com a executiva, em 6 meses, o faturamento das assinaturas de veículos dobrou na empresa.
Isso acontece porque o modelo de assinatura “tem se mostrado uma ótima opção para quem deseja reduzir burocracias sem se descapitalizar financeiramente”, pondera Liandra. “Notamos que muitas empresas e pessoas físicas estão optando por se desvincular das obrigações e tempo inerentes a um carro próprio e, ao mesmo tempo, manter dinheiro em caixa para direcioná-lo a outros investimentos”, finaliza.
De acordo com André Ricardo Vieira, da consultoria de gestão para locadoras e concessionárias Solution4Fleet, esse modelo de negócio se tornou comum em mercados como Europa e nos Estados Unidos há alguns anos. Agora começa a se desenvolver também em outros países.
No Brasil, entre os meses de janeiro a maio de 2021, as visitas em sites a partir da busca pelo termo “carro por assinatura” cresceram 458% em comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo aponta estudo recente feito pela consultoria de inteligência de mercado Similarweb, foram 91,5 mil pesquisas no total.
“Até o momento, o que é possível notar sobre as pessoas que já consomem esse tipo de serviço é que a maioria pertence às classes A e B, costumam fazer a conta de custo-benefício na ponta do lápis e/ou não têm crédito para dar entrada em um carro zero. Ou seja, existe uma parcela que até pretendia comprar um carro zero, mas, dado o cenário (de aumento dos carros), deixará de fazer essa aquisição”, argumenta Vieira.
“Nos últimos 15 anos, o mercado brasileiro de aluguel cresceu até 20% ao ano e atualmente tem 1,5 milhão de veículos. A previsão é que nos próximos 20 anos o mercado nacional de locação e mobilidade salte para 15 milhões de veículos. Nesse sentido, o carro por assinatura para pessoa física representará 60% desse montante”, explica Vieira. Atualmente, 8% dos veículos no mercado de locação pertence ao ramo de assinaturas.
A comodidade é um dos principais pilares que baseiam a assinatura de veículos. Afinal, os clientes vêm preferindo entregar todos os cuidados relacionados ao carro na mãos de uma empresa/montadora.
Na Osten Fleet, por exemplo, quase tudo fica sob a tutela da empresa. Documentação, seguro, manutenção preventiva (custo e gestão), gestão de multas de trânsito e de sinistros, assessoria para carro reserva (intermediando e refaturando a locação), leva e traz para os agendamentos, telemetria e assistência 24 horas para todo território nacional.
Entretanto, cabe salientar que, naturalmente, é o cliente quem arca com despesas pessoais, como abastecimento, pedágios, multas, etc. Caso bata o carro ou fure um pneu, por exemplo, o conserto é de responsabilidade do cliente. Como se trata de manutenção corretiva, as empresas acabam por oferecer todo o atendimento, entretanto, o custo é repassado. As manutenções preventivas e itens de revisão conforme manual do fabricante estão inclusas no valor da assinatura.
Porém, o cliente deve, sempre observar cada minuta do contrato. Atenção aos prazos, valores relacionados ao quilômetro rodado e às cláusulas de contratação são fundamentais para não ter dor de cabeça lá na frente.
O primeiro passo antes de pensar na assinatura ou não de um veículo é a utilidade. Só vale a pena quando há uso diário do carro, por exemplo, para ir e voltar do trabalho. Para deixar parado na garagem, vale a pena um aluguel esporádico. Contudo, fique de olho para não ultrapassar a quilometragem acordada na franquia. E informe-se quanto será cobrado a mais nestes casos.
Em tempo, cabe salientar que quanto maior o prazo e menor a franquia de km, mais barato o cliente paga. E, falando em bolso, questione a empresa sobre a exata cobertura do seguro.
“Depois de escolher a marca e o modelo desejado, é importante ressaltar que, em alguns casos, há um tempo de espera para a entrega do veículo”, alerta Marcel Ribeiro, executivo responsável pelas operações do Drive Select. A empresa, que disponibiliza modelos 0-km de marcas como Audi, BMW, Land Rover, Jaguar, Mercedes-Benz, Volvo, entre outras, também trabalha com customização ao gosto do freguês.
Ribeiro conta que é possível desde selecionar cores até optar pela blindagem do carro. E não é só isso. A empresa oferece gama variada de serviços que começam antes mesmo da entrega do veículo ao assinante. Um exemplo é a consultoria para a escolha de modelo e versão certa para cada tipo de motorista. “A realização de revisões, manutenções e reparos, por exemplo, a gestão de multas e o acompanhamento de sinistros são feitos pelas nossas equipes”, garante.
E se você pensa que os altos valores na cobrança por assinaturas mensais são exclusivos dos modelos por importação independente, se engana. Mesmo a assinatura de Renault Kwid tem um gosto amargo para a maioria da população brasileira.
Por meio do programa Renault On Demand, o Kwid de entrada (Zen) – com contrato de 20 meses e 500 km por mês – não sai por menos de R$ 1.531,54. Ou seja, caro, levando em conta que boa parte da população brasileira ganha apenas um salário mínimo, hoje, em R$ 1.100.
Com o aumento da procura por essa modalidade, que reúne série de vantagens e desvantagens, várias montadoras entraram de cabeça nesse mercado. Audi, Fiat, Jeep, Volkswagen, Audi, Caoa Chery e até mesmo a tradicional Toyota já oferecem veículos por assinatura. Esta última, aliás, abraçou a ideia no finalzinho do mês passado. Na realidade, a marca japonesa já oferecia o serviço e, no ano passado, passou a chamar Kinto, mas não oferecia o serviço para o público em geral, como agora.
Por meio do Kinto One Personal – nome oficial do programa – o cliente (pessoa física) pode optar por um veículo principal por 12 ou 24 meses. O serviço da Toyota oferece diárias flexíveis para uso de outros modelos da marca durante o contrato. Nesse sentido, quase toda a linha é oferecida. Os preços vão de R$ 3 mil (Yaris) a quase R$ 9.000, no plano da Hilux.
O serviço de assinatura disponibiliza franquia mensal de quilometragem entre 800 km e 1.500 km mensais. Como vantagens, a Toyota – assim como outras marcas – inclui no contrato serviços como manutenção preventiva, assistência 24 horas, IPVA, carro reserva e seguro com cobertura para terceiros. Além disso, no final do serviço, o cliente pode optar pela compra do veículo.
A Osten Fleet também oferece a opção de compra. Como a empresa não trabalha com opções de prateleira, os clientes interessados se dirigem até lá, escolhem o carro, personalizam e, a partir daí, assinam.
A empresa explica que, como é uma oferta mais premium, não há disponibilidade de frota pronta, mas, sim, uma compra exclusiva para o cliente, que vai poder escolher todos os detalhes do carro desejado, como cores, revestimentos, acessórios, entre outros itens.
Cabe salientar, no entanto, a opção de compra pelo assinante é um serviço que nem todas as empresas oferecem. Em alguns casos, o veículo é devolvido ao final do plano. Ou seja, o assinante, ou renova e recebe um carro novo da fábrica, ou simplesmente devolve o modelo à contratada.
Neste caso, a montadora (ou empresa) tem a posse de veículo com quilometragem ainda baixa, já que esses planos de assinatura delimitam o uso em km mensais. Em geral, os contratos preveem média de 12 mil km anuais (1.000/mês). Dessa maneira, poderá revendê-lo com uma rodagem ainda baixa. Para as montadoras, um ótimo negócio. Afinal, a montadora ganha tanto na assinatura, que é cara – e cobre os “benefícios” dados ao cliente – quanto na revenda, já que tem um produto pouco rodado e com revisões em dia.
Assim como a antiga TV a cabo, a assinatura consiste em, por meio de pagamento mensal, o cliente poder usufruir de um produto/serviço que não lhe pertence. A modalidade se consolidou no Brasil neste ano, quando muitas pessoas passaram a vender seus carros (por problema de liquidez ou falta de uso), mas perceberam que não poderiam ficar à pé e também não queriam partir para o aluguel.
Para fazer o pedido, é necessário apenas comprovar renda e ter CNH válida. Ou seja, nada de esperar aprovação de financiamento. Outra vantagem é não se preocupar com gastos e burocracias como seguro, IPVA e licenciamento.
Pela Osten Fleet, SUV chinês sai por R$ 13 mil mensais. Plano de assinatura de 24 meses tem franquia de 1.000 km por mês.
Assinatura de 48 meses com quilometragem mensal limitada a 1.000 km na Osten Fleet. Custo: R$ 20.000.
Quilometragem limitada a 1.000 km mensais, na Osten Fleet, e contrato válido por 48 meses. Valor mensal é de R$ 20.000.
Pela Osten Fleet, plano de assinatura tem contrato de 48 meses e 1.000 km mensais. Parcelas são de R$ 12.950.
Programa Mit Assinatura já oferece blindagem no pacote de R$ 10.150 mensais. O contrato é de 36 meses com franquia de 1.000 km/mês. Para veículos sem blindagem, o prazo cai para 12 ou 24 meses.
Por meio do programa Luxury Signature, a Audi oferece prazo de 24 meses. Contempla franquia de 48 mil quilômetros. Custa R$ 16.890/mês. Blindagem e carregador home-charger (no caso de carros elétricos) têm custo a parte.
Outro modelo oferecido pela Luxury Signature, nos mesmos moldes do modelo supracitado (24 meses e 48 mil km) o Audi Audi A7 Sportback tem assinatura com mensalidades a partir de R$ 13.990.
Com preços partir de R$ 8.509,28 ao mês, a picape a diesel com cabine dupla tem contratos pela Kinto One Personal. Há, contudo, franquias de 800 km e 1.500 km e contratos de 12 ou 24 meses. Dá para optar por película de proteção solar por um valor extra.
Na Drive Select que, a princípio, trabalha com planos por assinatura de diversos modelos e marcas, o contrato mensal do BMW 320i GP dura 36 meses com franquia de 1.000 km/mês. Nesse sentido, o modelo blindado custa R$ 8.037https://21313dde4507d13cada6123fe0284b2f.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
O Volkswagen Taos Highline parte de R$ 8.633 com quilometragem limitada a 1.000 km mensais e contrato de 48 meses na Drive Select. No entanto, pelo programa Volkswagen Sign&Drive (da própria VW) o modelo sai por R$ 3.749. Planos de 12 ou 24 meses. A quilometragem, por fim, é de 1.000 km a 2.500 km.