A cerca de 100 quilômetros de São Paulo, uma cidade se propõe a encontrar caminhos e testar soluções para o 5G. Pioneiro no Estado, o Parque Tecnológico São José dos Campos é um oásis para a inovação ao criar um ambiente que estimula a criação de novas tecnologias. É um local, com mais de 55 mil m² de área construída, onde empresas e startups de diversos segmentos buscam validar suas ferramentas.
“As companhias podem testar dispositivos e produtos, nesse cenário, mas, depois, precisam oferecer esses serviços à população e pagar ao Estado”, sintetiza Marcelo Nunes, diretor de desenvolvimento de negócios do parque. “Quando falamos em cidades inteligentes, estamos falando do cidadão, de fato, tendo melhoria de eficiência e qualidade de vida”, comenta.
Entre as empresas que atuam no parque, atualmente, uma parte foca na construção de recursos ligados ao 5G. “Veremos o surgimento de novos negócios e a criação de respostas aos problemas que vivemos”, pontua Nunes. “Com o 4G, a quantidade de dispositivos IoT, no mundo real, ainda é incipiente, mas, aqui no parque, o número de startups que querem utilizar a tecnologia é imenso”, exemplifica.
Esse potencial, defende ele, se estrutura no fortalecimento da coleta de dados. “A robustez e a velocidade do 5G aceleram o tempo de resposta e melhoram serviços relacionados à mobilidade e saúde, por exemplo”, comenta. Além da criação de robôs autônomos, Nunes entende que os sensores, aliados à análise dessas informações, em tempo real, vão ajudar a tomar decisões importantes mais rápido.
A promessa, feita pelo 5G, de entregar facilidades e promover eficiência nesse movimento de cidades inteligentes ganha força ao ser adotada por negócios que atuam no setor de tecnologia. É claro que o cenário ainda não está completamente desenhado por causa das limitações atuais de alcance da rede, mas o recurso já é visto como transformador de águas.
Seja para ajudar a decidir em quais regiões colocar bicicletas compartilhadas ou para acompanhar os medidores de água dos imóveis, diversas companhias encontram no 5G uma forma de aperfeiçoar suas soluções. Esse é o caso da Unike, startup que utiliza biometria para melhorar a experiência de consumo das pessoas. A empresa estima que os custos operacionais podem ter uma redução de 25% com a “nova internet”.
“Sem o 5G, somos obrigados a utilizar a rede dos nossos clientes, principalmente a fibra óptica. Isso gera um custo muito maior para operacionalizar um projeto e ainda envolve uma questão complexa com compliance”, esclarece Danilo Barbosa, CIO da Unike. “Com o 5G, é necessário apenas levar um modem para conseguir compartilhar as informações com os servidores, na nuvem”, comenta.
Fundada em 2019, a empresa atua em diversas frentes com serviços de autenticação de identidade. Com base em uma tecnologia de biometria facial, é possível, por exemplo, realizar pagamentos instantâneos, acessar eventos e shows, identificar perfis de consumidores em shoppings, aumentar a inteligência de dados para a área da saúde e simplificar a entrada em prédios comerciais e residenciais.
Danilo explica que a diversidade de soluções permite dar um atendimento customizado ao cliente e facilidade no consumo. “A latência do 5G permite trafegar mais informações em um piscar de olhos”, adiciona. “Pode ser para entrar em um evento ou no próprio condomínio, mas esse tipo de iniciativa ajuda a diminuir custos e trazer benefícios à população, especialmente em lugares mais distantes dos centros.”
Os exemplos práticos no uso do 5G ainda não são tão populares e difundidos, mas o panorama e a perspectiva dos atores do mercado indicam um caminho de evolução rumo às cidades inteligentes. À medida que a inovação começa a se espalhar, a tendência é de que as melhorias sejam visíveis e transformem a forma como as pessoas se relacionam com os espaços urbanos, com a mobilidade e com seus próprios lares.