Corredor verde deve começar a funcionar em 2027, após dois anos e meio de construção das embarcações e infraestrutura. Foto: Divulgação/ Baleria
A empresa Baleària, especializada em transporte marítimo, anunciou que vai implementar o primeiro corredor verde entre Espanha e Marrocos, ligando a Europa à África. Conforme a empresa, ferries elétricos não emitirão gases de efeito estufa (GEE). Desta forma, o transporte sustentável entre as cidades de Tarifa e Tânger está garantido pelos próximos 15 anos. Esta é a previsão da Autoridade Portuária da Baía de Algeciras (APBA) no contrato assinado com a empresa.
Leia também: COP30: saiba qual uso terão os navios de cruzeiro durante o evento
O presidente da Baleària, Adolfo Utor, divulgou a novidade no fim de janeiro. “Assumimos o desafio de transformar a linha Tarifa-Tânger Ville em um exemplo de mobilidade, modernidade e sustentabilidade internacional”, explicou o presidente.
Para isso, dois férries elétricos devem entrar em operação, ligando a cidade espanhola à marroquina. A princípio, o projeto público-privado inclui a construção de dois navios irmãos em Astilleros Armon, um estaleiro espanhol. Além disso, a empresa deve realizar a eletrificação de portos e a instalação de sistemas de recarga de baterias.
Esses navios devem ter aparência semelhante aos ferries movidos a gás natural usados atualmente. Com 25 metros de largura e velocidade máxima de 26 nós, o barco terá capacidade para 804 passageiros e 225 carros.
Saiba mais: Balsas elétricas: confira o que se sabe sobre futuro das travessias hídricas de SP
Conforme divulgado pela Baleària, os dois férries elétricos devem entrar em funcionamento em 2027. Isso porque a construção das embarcações deve demorar cerca de dois anos e meio.
“Cada navio terá uma potência elétrica de 16 MW, graças a quatro hélices elétricas alimentadas por bateria, cuja capacidade de 11.500 kWh permitirá que eles façam todo o percurso (18 milhas) com propulsão elétrica e sem emissões”, informou a companhia.
Para o diretor da empresa, quando os ferries elétricos entrarem em funcionamento, vão corroborar para o cumprimento das metas de descarbonização de 2050. Além de eliminar as emissões de GEE, a propulsão elétrica vai reduzir os ruídos e vibrações durante as viagens.
Ademais, cada navio terá quatro geradores de reserva movidos a diesel, com capacidade total de 11.200 kW, para possíveis contingências.
De acordo com a empresa que vai administrar o corredor verde, as baterias das balsas rápidas serão recarregadas durante a escala de uma hora em cada porto. Para que isso seja possível, está previsto a instalação de baterias de 8 MWh de capacidade bruta cada em ambos os portos, que se somarão ao fornecimento elétrico em terra (5 MW em Tarifa e 8 MW em Tânger).
O carregamento ocorre através de dois braços robóticos autônomos, conectados ao navio por meio da conexão OPS (Onshore Power System, sistema que permite navios atracados em porto a se conectarem à rede elétrica terrestre). “Este sistema inovador nos permitirá recarregar as baterias necessárias para a rota em apenas 40 minutos”, disse Utor. Entre as instalações de bordo e em terra, a capacidade total da bateria será de 39 MWh brutos (equivalente a cerca de 765 carros elétricos).
Leia também: Navio da BYD para transporte de carros é movido a gás natural líquido