Se deslocar de helicóptero, seja para o trabalho ou lazer, é uma atividade que faz parte da rotina de poucas pessoas. Esse negócio, que se fortalece à medida que o trânsito nas vias ‘terrestres’ piora, tem avançado com a tecnologia. E promete se transformar ainda mais com a chegada dos veículos elétricos de decolagem e pouso vertical, os e-VTOLs.
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Criada em 2020, a Revo, empresa que faz parte do grupo português OHI, líder no mercado de transporte aéreo offshore na América Latina por meio da empresa Omni Táxi Aéreo, começou, em agosto de 2023, uma operação na capital paulista que combina transporte terrestre e aéreo em um modelo de serviço por aplicativo. É a chamada jornada completa do passageiro, que o acompanha do momento em que sai de casa até seu destino final.
Dessa forma, os voos podem ser exclusivos ou compartilhados com outros passageiros, ao gosto e, principalmente, ‘ao bolso’ dos clientes. Confira, a seguir, outros detalhes sobre esse seleto universo, além da recém-divulgada parceria com a Visa, que oferece desconto a clientes do cartão Infinite, na entrevista com João Welsh, CEO da empresa.
Com base em dados e inteligência artificial, traçamos rotas de acordo com variáveis como número de voos com passageiros de categoria business/first e tráfego nas principais vias de São Paulo, entre outros aspectos. Assim, oferecemos, via aplicativo de celular, ou diretamente com o serviço de concierge, uma reserva em poucos minutos ou cliques, seja de apenas um assento, múltiplos assentos ou a capacidade total da aeronave, algo inédito nesse mercado.
Além do transporte aéreo, nosso serviço inclui carros que levam os passageiros até o destino final. Somos pioneiros em mobilidade urbana avançada e nascemos para que nossos clientes economizem um tempo precioso quando é mais necessário, com praticidade, conforto e máxima segurança.
Fazemos cerca de 74 voos semanais, entre segunda e sexta-feira, de e para o Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). Também operamos na rota da Fazenda Boa Vista, onde temos 10 voos regulares semanais entre sexta e segunda-feira. Além disso, os clientes podem reservar voos privados sob demanda entre São Paulo e regiões próximas, como campo, praia e cidades vizinhas.
O trajeto de helicóptero entre o Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) e a Avenida Faria Lima custa entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil, a depender do horário do voo. No caso das rotas entre São Paulo e a Fazenda Boa Vista, o valor é de R$ 5 mil em média, podendo chegar a R$ 3,8 mil por pessoa para reservas entre 6 e 8 passageiros. Já para os clientes que fazem o trajeto de ida e volta, os valores são a partir de R$ 9 mil por assento, podendo chegar a R$ 6.850,00 (entre 6 e 8 passageiros).
Hoje, para fazer esses mesmos percursos com helicópteros bimotores e tripulações dupla, o passageiro precisa fretar uma aeronave, com custo médio de R$ 20 mil para o aeroporto e de R$ 35 mil para a Fazenda Boa Vista, de forma muito mais analógica e sem os diferenciais da Revo.
Nosso objetivo é facilitar a jornada do viajante e notamos que a Visa também trabalha com essa mesma visão. Então, firmamos um acordo que oferece benefícios para quem possui o cartão Visa Infinite, com direito a uma condição especial para voar com a Revo, oferecendo 40% de desconto no primeiro voo e em alguns destinos específicos, além de 5% de desconto em todos os voos.
Entre 8 a 9 minutos partindo da Av. Faria Lima, por exemplo, até o Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), é muito rápido. Normalmente no percurso o cliente vai apreciando a vista, porque é um trajeto curto, mas muito bonito. Entre as pessoas que costumam usar o transporte estão desde executivos (as) que não podem perder tempo, até músicos, artistas e outros profissionais que precisam estar em vários lugares, mas se deslocando de forma mais rápida.
Temos dois helicópteros em São Paulo e fazemos, diariamente, 14 voos em média e temos planos de aumentar a frota até o final do ano. São aeronaves Air Bus, uma modelo H135, que transporta até cinco passageiros, outra H155, que transporta até oito passageiros.
Dispomos de rotas fixas em horários pré-estabelecidos, levando em conta os momentos com maior volume de trânsito e os dias em que as pessoas costumam sair mais de suas casas. Mas há, também, uma parte da operação que é mais flexível, para voos que não são programados, clientes que pedem voos urgentes, então trabalhamos com agendas fixas e customizadas.
Nosso grupo é todo integrado, então, como o maior operador de helicópteros da América Latina, temos tudo ‘in house’, como manutenção própria das aeronaves. Operamos dentro do padrão do offshore, que são os mais elevados da indústria, e trazemos os mesmos padrões de segurança para essa operação da cidade de São Paulo.
Assim, operamos sempre com aeronaves de turbina e todos os nossos helicópteros têm redundância, ou seja dois motores: se um deles falhar, continua com o outro. Além disso, temos sempre dois pilotos para qualquer eventualidade. Então, da manutenção até a operação, tudo é assegurado pelo grupo.
Nós estamos nos preparando para a chegada do e-VTOL, mapeando todo o ecossistema para entender como vão funcionar esses veículos. Na prática, já temos uma operação de mobilidade urbana aérea, com uma única diferença: no lugar do e-VTOL, usamos o helicóptero.
Quando esse novo veículo estiver num ponto de maturidade de produto que já proporcione os padrões de segurança necessários, a ideia é já substituir os helicópteros. Já trabalhamos com operadores de e-VTOLs numa base de recorrência, para entender essa tecnologia. Não queremos ser os primeiros a fazer isso, nosso foco é garantir a segurança dos nossos clientes.
Sim, nós fazemos o mapeamento do trânsito a cada 15 minutos para nossa base de dados, que gera informação importante para nossa operação. O que observamos é que tem piorado sim. Mas o ponto é que o trânsito em São Paulo é muito imprevisível, o que faz com que as pessoas não consigam planejar sua vida. Então, entendo que a mobilidade aérea ajuda a equilibrar essa equação, muito embora essa opção ainda seja restrita.
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