Pioneira na América Latina a obter autorização para voo comercial de drones, a brasileira SpeedBird Aero atua para que esses veículos possam, daqui a alguns anos, revolucionar a logística das grandes cidades. Sua mais recente empreitada é a participação em uma experiência ao lado de empresas israelenses para integração do espaço aéreo, batizada de National Drone Initiative (Naama).
“O desafio por trás desses testes é que, com a evolução dessa tecnologia, várias aeronaves voem ao mesmo tempo, em diversos locais. E, nesse momento, será fundamental ter o controle do espaço aéreo para que não haja acidentes. São esses sistemas que estão sendo testados”, explica Samuel Salomão, fundador e CPO da SpeedBird Aero, uma das curadoras do Parque da Mobilidade Urbana, evento que acontecerá entre 23 e 25 de junho, no Memorial da América Latina, em São Paulo. Foi Salomão quem explicou como enxerga o papel dos drones na mobilidade urbana.
Qual é a função dos drones na logística das grandes cidades?
Samuel Salomão: Eles são muito importantes para a criação de um novo modal logístico, um transporte aéreo para entregas, principalmente, de cargas leves. Hoje, temos, nas grandes cidades, problemas latentes como congestionamentos e acidentes de trânsito, em geral, de jovens que usam motocicletas para o transporte de mercadorias. Então, os drones vão otimizar o tempo das pessoas e trazer benefícios como uma logística mais eficiente, do ponto de vista energético, e mais segura.
Quais os principais usos dos drones e como você imagina que eles irão evoluir em termos de regulação?
Salomão: Hoje, precisamos seguir uma regulamentação de maio de 2017 da Agência Nacional de Aviação (Anac), que é muito inovadora, mas que ainda não permite que os drones sobrevoem pessoas sem a autorização delas. Então, vemos que a tecnologia estará sempre à frente da regulamentação. Isso é natural. Quando alcançarmos essa nova autorização, poderemos obter dos drones todo o potencial que eles podem proporcionar à logística dos centros urbanos. A maior parte das operações ocorrem em áreas urbanas – porém, fora dos grandes centros, justamente, para não sobrevoar a população. Isso ocorre pela necessidade de evolução da tecnologia, pois precisamos enxergar o drone como um tipo de aeronave, e, quando falamos de aviação, temos que ter sempre a segurança em primeiro lugar. Há cinco anos, não existiam empresas que faziam entregas por drones; então, é algo muito novo, que precisa ser provado e ter uma maturidade para, em certo tempo, evoluirmos. Mas acredito que isso vai acontecer até 2027. É um passo a passo: da mesma forma que, hoje, os helicópteros sobrevoam as pessoas, os drones também vão poder. O que é necessário é seguirmos com um trabalho bem focado e resiliente de desenvolver a tecnologia e provar sua segurança aos reguladores.
Os drones são indicados, apenas, para transporte de mercadorias leves?
Salomão: No Brasil, são três classes de drones. A primeira é de equipamentos grandes, com peso acima de 150 quilos. Na classe 2, estão veículos com peso de 25 a até 150 quilos. Na 3, que compreende a grande maioria dos equipamentos em operação, hoje, no País, são veículos com peso de até 25 quilos. No momento, trabalhamos na classe 3, com cargas que variam entre 2,5 e 6 quilos para não ultrapassar o limite da classe 3, que é de 25 quilos, somando o peso total da mercadoria e o da aeronave. Então, como evolução natural, teremos, nos centros urbanos, drones menores para o transporte de cargas leves e os maiores para um volume maior de carga. Quanto mais subimos o peso total da aeronave, mais exigências regulatórias precisamos enfrentar, pois, nesse caso, já serão equipamentos de grande porte. A migração para drones maiores é um movimento natural.
Como é a questão da mão de obra para trabalhar com esses modais?
Salomão: Essa indústria caminha para uma operação, totalmente, automatizada. Aquela imagem de uma pessoa com o controle na mão pilotando um drone vai dar espaço, cada vez mais, a um cenário 100% autônomo, com aeronaves voando sozinhas. Esse é um tipo de mão de obra que tem que ser formada, porque é tudo muito novo. Então, hoje, na SpeedBird, trabalhamos com quem já possui experiência em aviação, como pilotos de helicóptero, mas também com pessoas que nunca haviam tocado em um drone antes e estão aprendendo. É uma profissão que não existia, e cujo Cadastro Brasileiro de Ocupação (CBO) foi criado, no ano passado, instituindo o operador de aeronaves pilotadas de forma remota. É tudo muito recente e estamos participando disso: da mesma forma que a tecnologia foi criada e tem evoluído, as pessoas que trabalham nesse segmento, também, vão acompanhando essa transformação.
Para saber mais sobre o evento, acesse: parquedamobilidadeurbana.com.br