Ainda faltavam 80 quilômetros para chegar ao terceiro posto de serviços na Autoestrada do Sul, que leva ao Algarve, região litorânea mais badalada (e bela) de Portugal. Mas, mesmo à distância, já era possível conferir o preço dos combustíveis vigentes lá. Aliás, não só naquele posto, mas também no estabelecimento que estava logo adiante (a 2 quilômetros dali) e no que ficava no meio do caminho entre eles (a 42 quilômetros).
Graças à padronização de informações ao longo da estrada, viajar de carro, em Portugal, é uma tarefa simples e prazerosa. Além dos vinhedos, olivais e extensas plantações de sobreiro (árvore de onde se extrai a cortiça para fabricação de rolha), o cenário que acompanha a jornada do viajante inclui, de tempos em tempos, grandes painéis, que exibem os preços do diesel e da gasolina nos próximos postos. Dessa forma, fica mais fácil comparar, planejar a melhor parada e até ter uma ideia de quanto custará o abastecimento.
Portugal implantou os painéis eletrônicos em 2009, com o objetivo de estimular a concorrência entre os postos de combustível. Como os preços podem ser alterados pelo próprio estabelecimento, o comerciante exibe sua oferta e o cliente decide.
Os painéis têm grandes proporções e podem ser facilmente visualizados pelo motorista, mesmo que ele esteja dirigindo no limite legal de velocidade, que é de 120 km/h nas autoestradas. Colabora para isso a ausência de poluição visual nas estradas, sem os tradicionais outdoors que temos no Brasil.
Quando o sistema foi implantado, constatou-se que, em muitos casos, os postos praticavam o mesmo preço, numa tentativa de equalizar o mercado e diminuir a concorrência, o que traria um efeito contrário ao desejado pela medida. Houve até relatos de que alguns postos perceberam que havia espaço para elevar os valores.
Em uma viagem de, aproximadamente, 2.300 quilômetros de norte a sul do país, há cerca de dois meses, foi possível constatar que a diferença entre eles, normalmente, se resumia a centavos. Ainda assim, o dispositivo estimula a prática do livre mercado, além de facilitar a divulgação de eventuais ofertas. Os preços exibidos referem-se à gasolina de 95 octanas, a mais vendida, e ao diesel (ou gasóleo).
Afora os valores dos combustíveis fósseis, os painéis também informam se, nas paradas, há carregadores para veículos elétricos. Na maior parte das autoestradas, os postos já são equipados com vagas especiais e carregadores. Isso porque a frota de elétricos, em Portugal, tem crescido bastante.
De acordo com dados da Associação Automóvel de Portugal (Acap), de janeiro a setembro deste ano, foram vendidos 12.692 veículos 100% elétricos, o que corresponde a 9,7% do mercado português. O total contabiliza 130.709 unidades no período. Os veículos movidos a gasolina ainda dominam as vendas (37,7% do total), enquanto os modelos a diesel representam 28,7% do volume.
Já o restante se refere aos modelos híbridos plug-in (de carregamento na tomada), híbridos não plug-in e modelos movidos a gás. Dentro dessa última categoria, em Portugal, há automóveis que combinam gás com gasolina e gás com diesel.
A exemplo do que ocorre no Brasil, em Portugal, o preço da gasolina e do diesel tem variado bastante nas bombas. Em julho, as cotações de ambos estavam muito similares, em torno de € 2,10 o litro, chegando a picos de € 2,25, na estrada. Atualmente, o diesel está na média de € 1,83/litro, e a gasolina custa cerca de € 1,72/litro. Uma dica: se possível, dê preferência para abastecer nas cidades. Com a maior oferta de postos, a concorrência aumenta e os preços são mais baixos.
Se você planeja ir a Portugal, prepare-se para as portagens (pedágios). O país é servido por uma boa malha rodoviária. As estradas são seguras, e o asfalto, exemplar. Mas tudo isso custa caro. Na maioria dos casos, os serviços são administrados por concessionárias, e há muitos pedágios. Em algumas vias, existem cabines convencionais, com cobrança manual. Em outras, o pagamento é feito levando-se em conta a distância percorrida. Nesse caso, o motorista retira o tíquete na cabine ao entrar na rodovia e paga no fim da viagem. Há ainda um terceiro método, que utiliza câmeras, que identificam a passagem do automóvel, pela placa. A cobrança é feita automaticamente do proprietário e, caso o veículo seja alugado, o acerto ocorre no momento da devolução.