Uma união entre a Lightining Motorcycles, fabricante norte-americana, e a CBMM, empresa brasileira especialista em nióbio, vai experimentar produtos do metal na fabricação do chassi e das baterias de suas motos elétricas. O objetivo é reduzir o peso e aumentar o desempenho para tentar quebrar o recorde de velocidade com uma moto elétrica de produção.
“As corridas sempre impulsionaram as inovações”, explica Richard Hatfield, CEO da Lightning sobre a iniciativa de testar a aplicação de produtos do nióbio para ultrapassar a marca dos 400 km/h (cerca de 250 mph).
A Lightning Motorcycles aposta em motos esportivas elétricas de alto desempenho como vitrine para novas tecnologias e também para a eletrificação dos veículos de duas rodas. “Escolhemos o mesmo caminho que a Tesla. Quando começamos, aliás, eles ficavam no mesmo quarteirão que a nossa empresa”, lembra Hatfield.
Assim como os carros da Tesla, as motos da Lightining não são populares. A LS-218, modelo que estão no topo da linha de produtos oferecidos pela empresa, tem motor de mais de 200 cv e é vendida por US$ 38 mil (mais de R$ 200 mil).
O nome do modelo, aliás, faz referência à velocidade alcançada, em 2015, nos desertos de sal: 218,637 mph, ou seja, 351,787 km/h. Marca que conferiu à LS 218 o título de motocicleta elétrica de produção mais rápida no mundo.
Na tentativa de superar o recorde anterior, a Lightning Motorcycles vai usar dois produtos do nióbio. O primeiro é o ferronióbio, aplicado no chassi da motocicleta, criando assim uma liga mais leve e, ao mesmo tempo, mais resistente. “Reduzir o peso é essencial para motocicletas de alto desempenho”, esclarece Hatfield.
O ferronióbio é usado em pequenas quantidades. “É só uma pitadinha mesmo”, explica Mariana Perez de Oliveira, gerente de desenvolvimento de mercado da CBMM. Segundo Oliveira, a parceria com a Lightning Motorcycles é estratégica, pois servirá de plataforma para experimentar e testar tecnologias de nióbio em motos. Embora seja amplamente difundido na indústria automotiva (veja quadro), o nióbio vai ser aplicado pela primeira vez em uma motocicleta.
“A ideia é demonstrar, na prática, as vantagens da aplicação do nióbio, uma vez que a adição do material poderá trazer inúmeros benefícios ao projeto visando redução de peso e maior eficiência energética, além de contribuir, diretamente, para a segurança”, completa Oliveira.
Outro produto do metal, o óxido de nióbio será utilizado nas baterias que fornecem energia ao motor elétrico de 204 cv da LS 218. A substância é aplicada no catodo das baterias, garantindo melhor estabilidade no carregamento, maior densidade energética e menores custos.
“Os indutores com nióbio diminuíram a temperatura dos componentes magnéticos em mais de 30%, em comparação ao material que utilizávamos”, explica Hatfield. A redução de temperatura evita que as baterias peguem fogo – uma questão delicada em veículos elétricos.”
Vale destacar que as baterias são feitas de íons de lítio, e não de nióbio, diz Oliveira, da CBMM. O uso do óxido de nióbio na bateria, entretanto, permite melhorar a eficiência energética.
O CEO da Lightning acredita que os produtos do nióbio podem contribuir para a eletrificação dos veículos de duas rodas. O metal cria ligas mais leves, reduzindo o peso das motos, o que contribui para aumentar a autonomia, além de permitir recargas ultrarrápidas, em menos de cinco minutos. “Seria o mesmo tempo que você leva para abastecer uma moto a combustão interna no posto de combustível”, diz ele. (A.C.)
–Estrutura dos veículos: o uso do ferronióbio resulta em chassi mais resistente, com menos uso de matéria-prima e, consequentemente, menor peso
– Veículos mais leves têm maior eficiência energética (no caso dos elétricos) ou menor consumo de combustível (em veículos a combustão)
– Mais segurança, pois o metal pode ser usado para criar estruturas mais resistentes a impactos ou até discos de freio melhores
– Em baterias, o nióbio pode ser aplicado nos catodos delas, o que garante melhor estabilidade, maior densidade energética e menores custos (no caso da Lightning)
– Metal também pode ser usado nos anodos de baterias de recarga ultrarrápida, que serão utilizadas em ônibus da VWCO