O transporte urbano de passageiros já não se prende às bilheterias tradicionais. O dinheiro vivo perdeu espaço com o avanço na utilização de cartões, aplicativos e outras facilidades. Alguns exemplos do que é possível fazer nesse sentido estão no Metrô do Rio de Janeiro, que há cinco anos iniciou uma grande mudança nas formas de pagamento.
“Percebemos uma transformação na sociedade, com cada vez menos dinheiro em circulação. A digitalização nos meios de pagamento do metrô começou em 2017 e o foco foi na melhoria do serviço para o cliente”, afirma Guilherme Ramalho, presidente do MetrôRio. Segundo ele, o pagamento em dinheiro já representa menos de 12% das transações.
Ramalho concorda que a transformação favoreceu o turismo, mas garante que este não foi o motivo da mudança. Ele afirma que também em 2017 tornou-se possível o pagamento dos bilhetes com cartões de débito e crédito. Em 2018, a companhia iniciou em conjunto com a Visa um projeto pioneiro, de pagamento direto por aproximação na catraca. O lançamento ocorreu em 2019. “Era preciso um protocolo específico, com processamento mais rápido que numa transação convencional”, recorda Ramalho. Mais adiante o benefício foi estendido às bandeiras Mastercard e Elo.
“Começamos antes da pandemia de covid-19, mas, depois, essa transformação foi oportuna por causa da eliminação de contato físico, que inaugurou uma tendência.” O presidente do MetrôRio recorda ainda que, em 2018, foi lançado o cartão Giro, “que permite recarga pela internet, por cartão de crédito, por aplicativo e oferece benefícios como descontos em atividades culturais, gastronômicas, carros por aplicativo”.
Em São Paulo, a partir de 2020, houve uma evolução na forma de pagamento dos transportes da capital e das cidades vizinhas, incluídos aí o Metrô, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e os ônibus intermunicipais ligados à Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) .
Em dezembro daquele ano, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM) e a empresa Autopass lançaram o cartão Top SP, acompanhado de um aplicativo que permite a compra de bilhetes com cartões de crédito, débito e pix (código gerado no ato da compra para pagar no aplicativo do banco).
“Pelo cartão Top pagam-se passagens entre R$ 4,40 e R$ 50. São quase 300 tarifas diferentes e 30 mil integrações”, afirma Rodney Freitas, CEO da Autopass. O Top SP foi lançado simultaneamente aos bilhetes com QR code, que substituíram os modelos com tarja magnética, antes utilizados nos trens e no metrô. Esses bilhetes antigos só podiam ser comprados nas estações e apenas com dinheiro. O pagamento por QR code já está em testes nos ônibus da EMTU.
A plataforma concebida pela Autopass permite que o usuário passe pelas catracas do metrô e da CPTM utilizando o celular, não é preciso adquirir o cartão Top SP. Em 2021 entrou em operação um número de WhatsApp (11 3888-2200) dedicado à compra de passagens, recarga do cartão e atendimento para eventuais dúvidas. O pagamento nesta modalidade de compra é feito por pix no aplicativo do banco. Também no ano passado foi lançado um cartão Top SP com funções de crédito e débito. Ele é emitido mediante aprovação de cadastro e não tem anuidade.
O usuário também conta com 8 mil pontos comerciais onde é possível fazer a compra antecipada das passagens em dinheiro e a recarga de cartão. Outra facilidade são as 800 máquinas de autoatendimento (ATMs), quepermitem comprar até dois bilhetes QR code com cartão de débito e também recarregar o cartão Top SP.
Questionada sobre a possibilidade futura do pagamento de tarifas integrado a aplicativos de mobilidade como Moovit e Quicko, por exemplo, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos respondeu: “Novos serviços estão sempre em análise e testes. Sabemos da importância de trazer novas soluções e tecnologias para facilitar e modernizar o transporte público de São Paulo”.
De acordo com a Secretaria Municipal de Transporte e Mobilidade Urbana (SPTrans), o pagamento em dinheiro nos ônibus da capital paulista representa hoje apenas 5% do total. Para quem utiliza o Bilhete Único nos coletivos, a compra de créditos para recarga a partir de aplicativos ou serviços de mensagem é uma das facilidades. A recarga também pode ser feita pela página Bipay do Facebook, direto pelo Messenger, sem a necessidade de baixar o aplicativo. Correntistas do Banco do Brasil e do Itaú também podem fazer a compra de créditos pelo aplicativo.
A SPTrans também informa que vem testando pagamentos por aproximação há quase três anos. Os testes começaram em setembro de 2019 em 200 ônibus e foram ampliados no ano seguinte. Cerca de 93 mil transações já foram realizadas a partir de cartões bancários, celulares e relógios, por exemplo.
Os testes de pagamento por QR Code são mais recentes. Começaram em outubro do ano passado em 17 ônibus. O passageiro precisa baixar no smartphone o aplicativo SP Pass, cadastrar-se, adquirir créditos ou passagens e gerar o QR code para a leitura no validador do coletivo.