A motocicleta existe há mais de um século, mas foi apenas nos últimos 50 anos que seu uso para lazer se consolidou, definitivamente. A atribuição de um valor complementar ao veículo foi moldada, ao longo dos anos, por meio de conteúdos de mídia, como filmes e documentários, que refletiam o comportamento das pessoas e, claro, influenciavam a construção de tendências.
As motocicletas já eram muito utilizadas no transporte, para chegar mais rápido e economizar, mas não tinham associação direta com a diversão. Isso passou a mudar em um momento em que o mundo se transformava, na década de 1970, com a contracultura e o movimento hippie. As motos se tornaram simpáticas e passaram a fazer parte do lazer das famílias.
A boa-nova de que a motocicleta também poderia ser usada para diversão se espalhou pelo mundo e chegou, rapidamente, ao Brasil, em que sol, calor, grandes espaços livres – e a vontade de sorrir – nunca faltaram. Diversos modelos icônicos fizeram e ainda fazem parte da vida dos brasileiros, como a CB 400, a primeira moto de alta cilindrada produzida localmente, ou ainda a lendária CB 750 Four, considerada a mãe de todas as superbikes.
No começo dos anos 1980, os modelos trail, que são motocicletas de baixa ou média cilindrada para uso em vias pavimentadas ou não, também viraram febre, e não foram poucos os que, depois de rodar em uma estrada de terra algumas vezes, se viram definitivamente no universo do off-road. As largadas do Enduro da Independência ou do Enduro das Praias, modalidade de motociclismo realizada em pistas com diferentes tipos de terreno e obstáculo, eram eventos com um público diverso, que tinha um único e grande objetivo: ser feliz pilotando uma moto.
Essa maneira de interpretar a motocicleta permanece, aperfeiçoada e cada vez mais vibrante. Genuína válvula de escape para o stress e fuga da rotina. Hoje, além dos arraigados praticantes do off-road, cada vez mais pessoas exploram as oportunidades do uso da motocicleta no lazer. E essa tendência pode ser comprovada em números: nos últimos cinco anos, o segmento de alta cilindrada – modelos cuja utilização é mais voltada ao lazer – registrou um crescimento de 22% nos emplacamentos totais e, para a Honda, líder de mercado, a alta foi de 56%.
As marcas também passaram a investir em programas de relacionamento e experiências de pilotagem com foco no lazer dos clientes. Um exemplo disso é o programa RedRider, da Honda, que promove encontros, passeios bate e volta, track days para as esportivas, cursos de pilotagem com especialistas, expedições interestaduais e até internacionais.