Os brasileiros andam 1,8 km por dia, em média, durante a ida e volta ao trabalho. Este deslocamento pode variar entre 20 e 30 minutos todos os dias e inclui todos os percursos a pé que integram o itinerário do trabalhador, como troca de um transporte por outro e possíveis baldeações, dentre outras necessidades. Os dados foram obtidos na plataforma de mobilidade da empresa de benefícios VR, considerando os roteiros dos trabalhadores realizados em 17 capitais brasileiras e no Distrito Federal, no período de janeiro de 2021 a abril de 2023. O estudo foi feito numa base de quase 18 mil colaboradores cadastrados pelas empresas que oferecem vale-transporte.
Brasília lidera o ranking das capitais onde o trabalhador mais caminha no deslocamento entre casa e trabalho: são necessários 3,7 km diários, em média, para compor o trajeto. Na sequência, aparecem Porto Alegre (3,6 km), São Paulo (3,1 km) e Rio de Janeiro (2,2 km). São Luís chama a atenção como a capital onde há menos locomoção a pé, com 0,96 km.
Essas cidades que exigem mais caminhadas, apesar de contar com maior infraestrutura de transporte e grande variedade de modais, possuem extensas regiões periféricas, incluindo chácaras e zonas rurais, o que impacta nas distâncias percorridas a pé.
Andar a pé é desafiador para a população brasileira. Segundo dados do Instituto Cordial, 40% das calçadas da cidade de São Paulo, por exemplo, possuem largura abaixo da estabelecida por lei.
Além de estreito na maior parte da cidade, é comum encontrarmos no calçamento postes e árvores impossibilitando o trânsito de pessoas, fora os buracos e a falta de continuidade, resultado de obras aleatórias feitas pelos moradores. Todos esses fatores colocam em risco a saúde e a segurança das pessoas.
Além disso, no sistema de trânsito, os pedestres representam o elo mais frágil e por isso demandam, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), do cuidado de todos os demais: veículos motorizados de todos os tipos e dos ciclistas. Das 33.813 mortes no trânsito do Brasil registradas pelo Ministério da Saúde em 2021, os pedestres respondem por uma parcela enorme: 19,5% do total.
“Há muito a se fazer para melhorar a segurança dos deslocamentos a pé pela cidade, mas vejo como a medida mais importante a diminuição das velocidades no perímetro urbano e nos locais em que há muita há muita concentração de pedestres, como em áreas escolares e pontos de transporte público”, explica Letícia Sabino, diretora presidente do Instituto Caminhabilidade.