Pelo menos 11 fabricantes de veículos já aderiram à modalidade de carro por assinatura no Brasil, e o número deve continuar a crescer nos próximos meses.
O movimento é recente, mas, do ano passado até agora, a adesão tem sido intensa. Nesse tipo de serviço, o cliente paga uma quantia fixa para ter à disposição um automóvel 0-km sem ter de arcar com os custos de propriedade de um veículo próprio, caso de seguro, manutenção, IPVA e licenciamento. Ou seja, troca a propriedade do carro pela sua posse.
Para a fabricante, a vantagem é que ela passa a oferecer seu produto diretamente ao cliente final. De acordo com o consultor Paulo Cardamone, da Bright Consulting, “a montadora fazia o carro e entregava-o à locadora, com grande desconto, que o alugava. Agora, a própria montadora decidiu fazer a locação”, diz.
Marcas como Audi, CAOA Chery, Toyota, Lexus, Mitsubishi, Volkswagen, Renault, Jeep, Ford e Fiat já estão em campo para esse jogo. Elas se juntam a locadoras como Movida, Localiza e Unidas, que, além do aluguel tradicional, também estão no jogo, com serviço de assinatura.
A Toyota foi uma das primeiras a embarcar na tendência. Mesmo sendo a maior fabricante de automóveis do mundo, a gigante japonesa, atualmente, se define como “empresa de mobilidade”, e não apenas como montadora de automóveis. Na visão da marca, isso é resultado de profundas mudanças no setor automotivo mundial, um movimento que, de acordo com a Toyota, ocorre apenas a cada 100 anos.
Desde julho do ano passado, a Toyota oferece o programa Kinto, uma plataforma digital que faz locações de curto prazo dos carros da marca e de sua divisão de luxo, Lexus. O nome é uma referência à palavra japonesa kinto- un, que significa “nuvem voadora”.
De acordo com a empresa, o objetivo é transmitir a ideia “de algo que aparece rapidamente e te leva aonde você quiser, não importa onde você esteja”.
O serviço oferece locações que variam de uma hora a um mês, na modalidade Kinto Share. O sistema pode suprir a necessidade de quem precisa de uma picape para transportar algum objetovolumoso ou de quem procura um carro luxuoso para uma viagem especial, por exemplo. A opção mais barata é o Etios hatch (que vai de R$ 22 a hora até R$ 2.905,50 o mês). Um importado de luxo como o sedã Camry parte de R$ 69 a hora e chega a R$ 9.009 o mês.
Como nessa modalidade a locação mais longa tende a ficar muito cara, a empresa irá lançar, ainda neste mês, a opção de assinatura com prazo mais estendido, por 12 ou 24 meses. Com o contrato ampliado, os preços tendem a cair, embora Roger Armellini, diretor de mobilidade da Toyota, não tenha dado mais pistas.
O executivo informa que muitos clientes que fizeram a locação de curto prazo, posteriormente, acabaram comprando um veículo da marca. De acordo com ele, a modalidade serviu para que as pessoas conhecessem, na prática, os modelos híbridos, caso do Corolla e do novo Corolla Cross.
Segundo o executivo, a busca por transporte individual e também por viagens nacionais (em substituição aos destinos internacionais, por causa da pandemia) foi um fator que fez a procura aumentar. “Em dezembro, 83% da frota estava em uso”, garante. Desde o início do serviço, Armellini afirma que a plataforma registra 12 mil diárias de locação.
Em maio, a Mitsubishi lançou o Mit Assinatura, que também oferece toda a gama da marca em planos de 12 a 36 meses. Os preços partem de R$ 3.455 mensais para o contrato de 24 meses do Eclipse Cross GLS. De acordo com a empresa, uma exclusividade da marca é a oferta da linha Pajero Sport blindada, disponível para contrato de 36 meses.
Nesse caso, a mensalidade é de R$ 9.800. A Mitsubishi garante que foi a primeira a oferecer carro por assinatura no País. A empresa informa que colocou o programa em prática em 2016, mas o serviço só era oferecido a algumas localidades, e não com abrangência nacional, como agora. De acordo com a marca, nestes cinco anos, foram feitas cerca de 7.500 locações.
Em janeiro, Fiat e Jeep lançaram o Flua! O serviço, que começou como um projeto piloto em 32 unidades em São Paulo e no Paraná, foi para 112 pontos em 16 Estados. As mensalidades partem de R$ 1.249, para o Mobi Trekking 1.0, no plano de 24 meses. Já o Jeep Renegade 1.8 flex custa a partir de R$ 2.349 mensais, também por dois anos de contrato e franquia de 500 quilômetros.
No começo do ano passado, a Caoa entrou no ramo com a Caoa Locadora, com foco em locação para empresas (terceirização de frota). Na sequência, o grupo passou a oferecer, também, planos destinados a aluguel a clientes da marca (enquanto o veículo permanece em manutenção) e o serviço de assinatura Caoa Sempre, voltado a clientes em geral.
Nessa modalidade, a empresa dispõe de três modelos da família Tiggo (os SUVs 5X, 7 e 8), além do sedã de luxo Azera. No caso do Tiggo 5X, a mensalidade pelo prazo de 24 meses sai por R$ 2.161,41. De acordo com a empresa, a modalidade está disponível, inicialmente, em São Paulo, mas deverá se expandir para outros Estados brasileiros.
Entre as marcas de luxo alemãs, a Audi largou na frente da concorrência. A marca oferece o programa Luxury Signature, composto por alguns dos modelos mais requintados e tecnológicos da empresa. É o caso, por exemplo, do elétrico e-tron Sportback, que custa a partir de R$ 11.900. E nem se trata da opção mais cara. O SUV Q8 sai por R$ 13.890 mensais, na opção Performance.
O modelo mais acessível da linha é o sedã A6, que parte de R$ 9.690. Todos os contratos são pelo prazo de 24 meses. O programa começou, em setembro do ano passado, com um projeto piloto, e se expandiu, em março deste ano, com o aumento na oferta de carros.
Apesar de não ter de arcar com as despesas de quem possui automóvel, a contrapartida é que, ao final do contrato, o cliente permanece sem veículo. Também é necessário estar atento à franquia de quilometragem mensal. Normalmente, as empresas cobram, dependendo de quanto se roda por mês.