Baixa da taxa de juros vai baratear financiamento de caminhões e ônibus

A redução da taxa Selic traz aos bancos custos menores para financiar. Esse novo cenário gera a oportunidade de queda no preço das parcelas mensais. Crédito:Divulgação

09/08/2023 - Tempo de leitura: 2 minutos, 55 segundos

A taxa de juros alta é um dos principais entraves para o financiamento do pagamento de veículos, incluindo caminhões e ônibus. Conforme dados da B3, no primeiro semestre de 2023 o número de contratos para a venda de caminhões caiu 3,65% na comparação ao mesmo período de 2022. Porém, o recente corte de 0,5% na Selic animou o mercado.

A Selic é a taxa usada para reajustar também os contratos de financiamento. A redução foi anunciada na quarta-feira (2) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Assim, há boas chances de os financiamentos feitos a partir de agora ficarem mais baratos. Seja como for, mesmo com o corte a taxa de juros no Brasil, de 13,25% ao ano, é a mais alta do mundo.

Em nota, a Fenabrave, que reúne as associações de concessionárias, informa que recebeu a novidade com otimismo. Conforme o presidente da entidade, José Maurício Andreta Júnior, “é disso que o mercado precisa”. “O consumidor necessita de queda nos juros e (facilidade de) aprovação de crédito. Se isso acontecer, as perspectivas melhoram”, diz o executivo.

Financiamentos com parcelas menores

Conforme os bancos das montadoras, a notícia é excelente. Segundo o presidente da ANEF, que representa essas empresas, Paulo Noman, principalmente porque há boas expectativas para o PIB. De acordo com ele, isso incentiva a realização de novos investimentos. “Com essa queda e a possibilidade de novas quedas nos próximos meses, o consumidor terá mais segurança para assumir financiamentos”, diz.

Na prática, a queda da Selic reduz os custos dos bancos na hora de emprestar dinheiro. Esse novo cenário pode baratear os financiamentos. Na prática, se a queda dos juros for repassada de forma integral, haverá diminuição do valor total do financiamento e, portanto, também das parcelas. “O consumidor sentirá essa redução a partir dos próximos meses”, afirma Noman.

Finame e CDC

Segundo dados do mercado, a maior parte das vendas de caminhões e ônibus no Brasil é feita a prazo. De acordo com números do BC compilados pela ANEF, 39% dos contratos de financiamento feitos no primeiro trimestre de 2023 utilizam o Finame, do BNDES,

Por sua vez, o Crédito Direto ao Consumidor (CDC) representou 31% do total. Assim, o restante das compras foi feito à vista (24%) e via consórcio (6%). Este último não está diretamente atrelado a juros.

Conforme o presidente da ANEF, a redução das taxas também deve trazer mais confiança para os investidores, inclusive de outros setores. Assim, isso deve ajudar a fomentar a venda novos equipamentos, e, com isso, o caminhão vem a reboque.

Taxa de juros mais baixa não é o suficiente

Porém, o coordenador de cursos automotivos da FGV, Antônio Jorge Martins, diz que o corte na taxa de juros sozinho não deve causar aumento na procura de financiamentos para caminhões e ônibus. Segundo ele, os preços do caminhão novo subiram muito. Sobretudo por causa da adoção de novas tecnologias para atender as regras do Proconve P8.

O programa brasileiro de controle de emissões por veículos pesados é equivalente ao Euro 6. E as novas regras, que entraram em vigor neste ano, fizeram com que os preços subissem, em média, 30%. Assim, ele acredita que o consumidor está com dificuldade de fazer novos investimentos.

Para saber mais sobre o mercado de caminhões e ônibus, acesse o Estradão