No dia 3 de junho, data em que se comemora o Dia Mundial da Bicicleta, anunciamos o aporte Série B, de US$ 47 milhões, liderado por Valor Capital Group e Redpoint Eventures e com participação da Joá Investimentos e também do International Finance Corporation (IFC), membro financeiro do Banco Mundial. Muito mais que um investimento na Tembici, o que comemoramos no mês passado foi um novo e importante passo importante na mobilidade urbana.
É muito bom ver a história da Tembici ser parte do crescimento e relevância das bicicletas nas cidades. Há dez anos, eu conversava com os meus sócios sobre não termos clareza de como esse mercado se desenvolveria.
Na época, não existiam as ciclovias que temos hoje nem discussões sobre ocupar o canteiro central da Paulista para construir um espaço exclusivo para mobilidade ativa, tampouco infraestrutura na Faria Lima, que já chegou a ser a terceira principal ciclovia do mundo.
Nosso primeiro grande projeto foi o Bicicletário Municipal no Largo da Batata, que funciona até hoje – com média de 98% de ocupação. O foco era oferecer a melhor experiência aos ciclistas com bike própria, e o sucesso foi tão grande que expandimos o projeto para outras cidades.
Logo depois, iniciaram as discussões sobre Ciclofaixas de Lazer e, por alguns anos, operamos as ciclofaixas de Salvador e do Recife. Tivemos papel fundamental no incentivo de ocupar as ruas com bicicletas – inclusive, as utilizando como meio de transporte. Foi então que assumimos os projetos de bicicletas compartilhadas das principais capitais do País, além de Santiago e Buenos Aires – são mais de 16 mil bicicletas nas ruas.
Sem dúvida, esse investimento vem para coroar essa história que está sendo escrita junto com as cidades da América Latina e também para continuarmos impulsionando a bicicleta como meio de transporte: colocaremos mais bikes nas ruas, implantaremos bicicletas elétricas e melhoraremos a tecnologia dos nossos sistemas.
Tivemos conquistas importantes e crescemos em dois anos mais de dez vezes a utilização dos nossos sistemas, mas, mesmo assim, os números desse mercado ainda são tímidos perto do enorme potencial que existe no segmento.
Se compararmos o número de bicicletas compartilhadas por habitante na América Latina com Europa, temos um potencial de chegar a 320 mil bikes compartilhadas, ou seja, pelo menos 20 vezes mais do que existe hoje. Seguindo essa lógica, São Paulo deveria ter mais de 20 mil bicicletas compartilhadas disponíveis para a população.
Outra perspectiva do potencial de uso da bike é observando trajetos de até 8 quilômetros em São Paulo. Um estudo realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) mostra que 31% das viagens de ônibus e 43% dos deslocamentos realizados de automóvel poderiam ser feitos de bicicleta.
Se as pedaladas acontecessem anualmente, o PIB municipal teria acréscimo de R$ 870 milhões, haveria uma economia de R$ 34 milhões por ano no Sistema Único de Saúde e as emissões de dióxido de carbono poderiam reduzir 18%. Temos um cenário em que 75% da nossa infraestrutura é ocupada por automóveis; porém, esses são responsáveis por apenas 20% dos deslocamentos na cidade.
Por aqui, continuamos com nosso propósito de transformar as cidades e o dia a dia das pessoas, mas sabemos que só será possível junto com a sociedade civil, o poder público e os patrocinadores que acreditam no poder de transformação da bicicleta.
Agradeço a todos que fizeram parte desses dez anos da construção dessa história. O mais animador é que nosso desafio de revolucionar a mobilidade urbana está só começando.
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