Bikes ganham cada vez mais espaço na vida dos paulistanos

Tomás Martins, CEO da Tembici, que opera o serviço de compartilhamento Bike Sampa, patrocinado pelo Itaú Unibanco. Foto: divulgação

23/12/2019 - Tempo de leitura: 4 minutos, 17 segundos

No último dia 13, a gestão do prefeito Bruno Covas anunciou um novo plano cicloviário para a capital paulistana. O projeto, que tem investimento de R$ 325 milhões e virá acompanhado de um plano de recapeamento no valor de R$ 250 milhões para a Prefeitura, prevê a implantação de 173 quilômetros de ciclovias até o fim de 2020 e a extinção ou mudança de trajeto de 25 vias existentes. No total, a capital do Estado de São Paulo passará dos atuais 503 quilômetros de ciclovias para 676 quilômetros até o fim do próximo ano.

A iniciativa reforça uma tendência que vem ocorrendo há anos na capital
paulistana e em outras cidades de adesão cada vez maior ao uso de bicicletas, seja para o lazer, nos fins de semana, ou substituindo os transportes público ou particular diariamente no trajeto para o trabalho. Ou, mais recentemente, uma opção para quem fez das bikes seu instrumento de trabalho, no caso dos entregadores. E os aplicativos de compartilhamento têm forte influência sobre essa mudança de hábito, pois oferecem acesso facilitado às magrelas. O projeto Bike Sampa, operado pela Tembici com o patrocínio do Itaú Unibanco, registrou aumento de 106% no número de usuários cadastrados em 2019, na comparação com dados do ano anterior. Um estudo recente divulgado pela empresa revelou particularidades sobre o uso de bicicletas na região central de São Paulo, especialmente nas ciclovias da República e da Avenida Paulista: a República registrou volume de ciclistas 65% maior neste ano na comparação com o do mesmo período de 2018, enquanto na Avenida Paulista o aumento foi de 51%. “O levantamento destaca que a bicicleta está cada vez mais presente no dia a dia dos paulistanos”, diz Tomás Martins, CEO da Tembici, empresa líder de micromobilidade na América Latina. Para Martins, a maior parte dos deslocamentos durante a semana é de pessoas fazendo serviços de entrega e complementando trechos menores do trajeto de ida e volta do trabalho. “A demanda aumenta quando existe ciclovia, o ciclista se sente muito mais seguro e não precisa pedalar na contramão, por exemplo. Investir em estrutura cicloviária é fundamental para que continue aumentando o número de adeptos e para que tenhamos uma cidade melhor para as pessoas”, finaliza o CEO.

A Yellow, empresa que lançou no Brasil o  sistema de bikes compartilhadas sem estação fixa, chegou ao País em agosto de 2018. As amarelinhas, como são conhecidas, eram encontradas em apenas algumas localidades da capital no início e foram, aos poucos, ganhando novos espaços. Hoje estão até em bairros como Capão Redondo, zona sul, que passou a contar com o serviço em maio deste ano. Lá as regras de funcionamento são um pouco diferentes das adotadas nas demais regiões da cidade: as bikes ficam em comércios locais, que vendem créditos para quem quer usá-las, mas não é preciso ter cartão de crédito ou conta no banco. Com o aumento da procura, a Grow, dona dos produtos Yellow, expandiu o serviço para outras cidades do Estado de São Paulo, como Campinas e São José dos Campos, entre outras, e para cidades de outros Estados, como Florianópolis, capital catarinense. “Uso muito as bikes da Yellow em minhas viagens, gosto muito do fato de que não precisa ter um ponto fixo para a retirada nem para a entrega, dá uma liberdade. Só lamento que minha cidade, Cananeia, ainda não conta com o serviço”, conta o blogueiro de viagens Caio Mathais.

O empreendedor Leonardo Webb é um dos paulistanos que trocaram seu automóvel por uma magrela. “No final de 2012, quando as ciclovias surgiram, passei a trabalhar de bicicleta. Buscava também um hábito mais saudável e sempre tive consciência dos efeitos negativos da poluição”, conta. De acordo com ele, o aumento no número de ciclistas tem sido gradual. “Mas nos últimos anos, com a chegada de empresas que oferecem soluções de mobilidade e de compartilhamento, o crescimento foi exponencial, o que é muito positivo”, afirma. Embora, segundo ele, este seja um bom momento para os ciclistas, algumas coisas ainda precisam melhorar. “Sinalização e fiscalização ainda são pontos importantes para alcançarmos um equilíbrio melhor na relação entre carros, ciclistas e pedestres”, afirma Webb.

O empreendedor Leonardo Webb, que trocou o carro pela bike no trajeto para o trabalho

Filipe Sene, consultor de benefícios, também já utilizou a bike no trajeto de 19 quilômetros de casa até o trabalho, do Parque São Domingos até os Jardins. “Fiz essa escolha para manter o condicionamento físico, porque não sobrava tempo para fazer exercícios. Mas ia de bike dia sim, dia não, pois era muito cansativo ir todos os dias”, diz. Na maior parte do trajeto, cerca de 15 quilômetros, ele conta que utilizava a ciclovia. “Era muito mais tranquilo e seguro nesse trecho”, finaliza.