Frotas&logística: A busca pela eficiência nas operações foi tema do Summit Mobilidade

Da esquerda para a direita, Tião Oliveira (editor-chefe de Mobilidade do Estadão), André Pimenta (CEO da Motz), Amaury Vitor (Diretor de Operações Ground da DHL), Gislaine Zorzin Gerin (Diretora administrativa da Zorzin Logística) e Mauro Telles Guimarães (Superintendente de Produtos da Veloe). Foto: Tiago Queiroz/Estadão
Marina Oliveira
31/05/2024 - Tempo de leitura: 3 minutos, 46 segundos

Cerca de 75% da produção nacional é distribuída pelo modal rodoviário, o que exige conhecimento e tecnologia avançada para uma gestão de frota cada vez mais eficiente. Nesse contexto, as empresas do setor enfrentam diversos desafios que foram debatidos em um dos painéis do Summit Mobilidade 2024

Gislaine Zorzin Gerin, diretora administrativa da Zorzin Logística, destaca o impacto significativo da tecnologia embarcada nos caminhões modernos para a redução de custos operacionais. Entre as inovações mais importantes está a telemetria, que permite o monitoramento em tempo real da condução dos motoristas. “Com essa tecnologia, conseguimos aplicar treinamentos de direção econômica, identificar se o motorista está dirigindo corretamente, usando excessivamente o câmbio, ou freando de forma brusca. Isso nos dá uma série de dados diários que são cruciais para a eficiência operacional”, afirma.

Esses dados possibilitam um diálogo de segurança mais eficaz, em que os motoristas recebem feedback sobre como melhorar sua condução para reduzir o consumo de diesel e o desgaste dos pneus, que são os maiores custos da operação, segundo Gerin. 

Plataformas de gestão: a economia em números

Mauro Telles Guimarães, superintendente de Produtos da Veloe, enfatiza a importância das plataformas de gestão de combustível. “Quando se usa uma plataforma de gestão de combustível de forma eficaz, é possível gerar uma economia de até 20% nas faturas mensais”, explica Guimarães. Ele cita exemplos de clientes que, com faturas de combustível na ordem de R$ 5 milhões, conseguem economizar até R$ 1 milhão por mês.

As plataformas permitem parametrizar a condução dos motoristas, definindo rotas, locais e horários de abastecimento, o que maximiza a eficiência e minimiza os custos. “A tag de pedágio é apenas um dos muitos aspectos importantes para a economia na gestão”, acrescenta Guimarães.

Mauro Telles Guimarães, superintendente de Produtos da Veloe. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

E-commerce e logística moderna

Amaury Vitor, diretor de Operações Ground da DHL, fala sobre a transformação da logística com a ascensão do e-commerce. “Nos anos 80 e 90, nós fazíamos a logística tradicional, do fabricante, do atacadista, do varejista. Hoje, com o e-commerce, as entregas vão para o comprador direto e se multiplicaram, passando de dezenas para milhares”, explica Vitor.

Para lidar com esse aumento exponencial, a DHL utiliza torres de controle que monitoram os veículos em tempo real, permitindo a otimização diária das rotas. “Buscamos sempre o maior número de paradas por veículo para reduzir a quantidade de veículos nas ruas, o que contribui para a mobilidade e a sustentabilidade”, destaca.

Atualmente, a DHL no Brasil tem 10% de sua frota composta por veículos elétricos, e planos de aumentar essa porcentagem para 40% até 2025. “Apesar de ser o dobro de custo inicial para ter um veículo elétrico, a manutenção é 40% mais barata quando comparada ao veículo flex e 60% quando comparada ao diesel”, fala Amaury Vitor. 

Digitalização e a retenção dos motoristas

André Miranda Pimenta, CEO da Motz, destaca a jornada da digitalização no setor de logística, especialmente entre os motoristas autônomos. “Estamos há quatro anos no mercado e sabemos que esse processo de educar os motoristas a utilizarem meios digitais pode ser uma jornada de quase uma década, embora a gente perceba uma evolução ano a ano”, diz.

Um grande desafio é a diversidade geracional entre os motoristas. “Os motoristas mais velhos precisam se adaptar a novas tecnologias, enquanto os mais jovens já chegam com mais familiaridade. Hoje, um motorista precisa estar uniformizado, usar aplicativos de gestão e seguir procedimentos de segurança rigorosos, o que não era necessário antigamente”, diz Gislaine Zorzin Gerin.

Segundo Gislaine, um dos maiores desafios no setor é atrair e reter motoristas qualificados. “Antes era um sonho ser motorista de caminhão, hoje não é mais. Nós temos o desafio de fomentar o setor para a nova geração”, diz. 

Para tornar a profissão mais atrativa, a Metz oferece benefícios como acesso a diesel e pneus mais baratos, e também plano de saúde. “Além de tornar a plataforma amigável e eficiente, garantindo que sempre haja frete disponível para os motoristas, evitando ociosidade”, explica Pimenta. 

Gislaine Zorzin Gerin, diretora administrativa da Zorzin Logística. Foto: Tiago Queiroz/Estadão