A Mercedes-Benz vendeu 116 ônibus e 22 vans para o Grupo Comporte. A operadora de transporte de passageiros utilizará os veículos para fretamento contínuo de clientes corporativos. A compra faz parte dos planos de renovação anual, mas também ajudará a Comporte ganhar fôlego para atender empresas que exigem veículos com capacidade máxima de 50% de ocupação.
Izabel Rosalen, diretora comercial de fretamento do Grupo Comporte, diz que alguns clientes estão fazendo essa exigência porque atende aos protocolos de segurança contra o coronavírus. A redução da taxa de ocupação evita a aglomeração de pessoas em ônibus.
Mas, por causa dessa redução, em alguns casos é preciso dobrar a frota para transportar o mesmo número de passageiros de antes da pandemia. Izabel diz que a empresa já estava esgotando os veículos reserva para atender a demanda atual.
Além de ampliar a frota para cumprir essas exigências, o Grupo Comporte conquistou novos clientes. De acordo com a diretora comercial da empresa, a aquisição dos ônibus já é suficiente para atender os contratos atuais.
Por causa da crise do novo coronavírus, a empresa de fretamento teve queda de 2,8% no segundo trimestre em comparação ao primeiro. Mas deverá fechar o terceiro trimestre com 14% de aumento em relação ao período anterior. “Ou seja, vamos recuperar a perda que tivemos no começo do ano e, ainda, melhorar os resultados”, acrescenta. Segundo Izabel, a expectativa é que, no acumulado do ano, o fretamento tenha desempenho superior ou um pouco menor do que o realizado em 2019.
O fretamento é um dos braços de negócio do grupo Comporte que também opera em transporte regular, urbano e de encomendas. O grupo é detentor de empresas como Breda e Piracicabana. Além disso, mantém revenda de veículos usados. A frota total é de 7 mil veículos. Segundo a empresa, 1.500 deles são dedicados ao transporte de fretamento. A empresa tem 200 clientes nessa área distribuídos principalmente nos setores de agronegócio, automotivo, químico, siderúrgico e outros.
Diretor de vendas e marketing de ônibus, Walter Barbosa conta que outras operadoras de fretamento estão investindo na ampliação da frota para atender ao protocolo de espaçamento entre passageiros. “Temos outros clientes que estão tomando esse tipo de atitude. Eles estão buscando aumentar a frota para atender necessidades de empresas dos setores de alimentação e mineração, por exemplo”.
O executivo diz que esses segmentos estão bastante aquecidos. Segundo ele, naturalmente, transportadoras que atuam nessas áreas estão sendo convocadas a ampliar ou renovar a frota.
As recentes aquisições demonstram que o segmento de fretamento é um dos menos atingidos pela crise do coronavírus. Embora represente uma pequena fatia no mercado total de ônibus, foi o que menos sofreu impactos.
Enquanto a venda de urbanos gira em torno de 5 mil ônibus no ano, a de fretamento atinge uma faixa de 700 unidades. Walter Barbosa diz que houve uma queda de 18% até julho deste segmento. Enquanto isso, os outros amargaram recuos bem mais expressivos. A participação da Mercedes-Benz nesse segmento é de 55%.