Em meio a dezenas de marcas de motos com motores a combustão e centenas de cavalos de potência expostas no Festival Interlagos Motos 2025, novas fabricantes e montadoras de motos elétricas marcaram presença tímida no evento em uma tentativa de impulsionar o segmento de motos elétricas no País. Afinal, o mercado ainda é incipiente: em 2024 foram emplacados 8.384 veículos de duas rodas elétricos, de acordo com dados da Fenabrave, federação que reúne os distribuidores de veículos do Brasil. Uma parcela ínfima em relação às 1,8 milhão de motocicletas vendidas no ano passado.
Um bom exemplo é a Yadea, líder de vendas de motos elétricas em todo o mundo há oito anos, que fez sua estreia para o público no Festival. A gigante chinesa lançou dois modelos elétricos no evento: a scooter Owin e a motocicleta Keeness. Ambas são montadas no Polo Industrial de Manaus em parceria com a Jabil Industrial desde abril.
Com investimento inicial de R$ 50 milhões, a Yadea planeja ter 300 pontos de vendas e comercializar 100 mil unidades nos próximos três anos, afirma o gerente geral da Yadea Brazil Company, Qubo He. Uma meta ambiciosa, tendo em vista o tamanho atual do mercado..
“A linha de montagem CKD, a estreia no evento é só o primeiro passo. Queremos apresentar os produtos para o público brasileiro e colher dados sobre a percepção de nossas motos e as necessidades do consumidor. Para, no futuro, podermos desenvolver produtos específicos para o País”, revela o executivo. Depois de Vietnã, Indonésia e Tailândia, o Brasil é o quarto país do mundo onde a Yadea monta suas motos fora da China. Prova de que a marca acredita no potencial das motos elétricas no mercado brasileiro.
Além dos dois modelos que serão vendidos ao público, a Yadea ainda mostrou o protótipo de uma moto elétrica autônoma. Inovadora, a scooter possui recursos de automação que a fazem se equilibrar mesmo sem piloto. O protótipo ainda é capaz de cumprir rotas programadas e transportar objetos e pessoas.
Presente ao Festival pelo segundo ano consecutivo, outra gigante chinesa das motos elétricas, a Aima, mostrou oito novidades no evento. Dessa forma, a montadora chinesa chega a 12 modelos comercializados no Brasil, que vão de pequenas scooters autopropelidas, passando por triciclos de carga e motos mais potentes.
“É uma excelente oportunidade para apresentar ao público brasileiro a proposta da Aima: veículos elétricos eficientes, confiáveis e com uma excelente relação custo-benefício, que tornam a mobilidade elétrica mais acessível e funcional”, afirmou Xu Huiguo, diretor da AIMA Brasil. De acordo com a empresa, a participação no evento e o lançamento de mais modelos fazem parte da estratégia de expansão no Brasil. A Aima pretende aumentar as vendas mensais em 15%.
Embora não revele o número total de unidades vendidas, pois muitos produtos não são emplacados, a Aima planeja passar de importadora a montadora. Se o volume de vendas, de fato, crescer, há planos de montar os modelos em Manaus (AM), revelou uma fonte ligada à marca.
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A Watts, empresa de mobilidade elétrica do grupo Multi, já produz auropropelidos, scooters e motos elétricas no Brasil desde 2023. Com crescimento de 50% em 2024, a marca, recentemente, ampliou a capacidade instalada para 100 mil unidades/ano, de acordo com o fundador e diretor da Watts, Rodrigo Gomes.
“A gente vê com muito bons olhos a chegada de novas marcas. A concorrência é sempre saudável. Temos cada vez mais empresas apostando na mobilidade elétrica e isso é importante para mostrar que o produto funciona e atende as necessidades dos consumidores”, analisa Gomes.
Com uma linha de dois autopropelidos, duas motos urbanas e uma moto trail, todas elétricas, a Watts ajustou seu modelo de negócio. A marca antes apostava nas revendas exclusivas, mas agora também estará disponível em lojas multimarcas. “Agora nosso foco está em permitir que revendas menores, que antes vendiam apenas produtos importados, possam oferecer motos elétricas produzidas no Brasil que são referência. Só aí, vamos chegar a um novo público”, acredita o diretor da Watts.