A Triumph pretende atrair uma nova geração de motociclistas com as novas motos de 400 cc, segundo o gerente de marketing de produto da marca, James Wood. Apresentadas em meados do ano passado, Speed 400 e Scrambler 400 X, finalmente, puderam ser avaliadas pela imprensa mundial durante evento em Valência, na Espanha.
Neste primeiro contato, em cerca de 200 quilômetros pelas estradas espanholas, as motos Triumph de 400cc surpreenderam pelo desempenho e também pela facilidade de pilotagem.
Destinadas a jovens motociclistas, ambas compartilham um inédito motor de um cilindro e 398,15 cm³ de capacidade. Com 40 cavalos de potência máxima a 8.000 rpm e bom torque desde as baixas rotações, Speed e Scrambler X demonstraram bom desempenho para rodar na cidade e para pegar uma estrada. Cumprindo, dessa forma, as expectativas de seu público-alvo que, em geral, usam essas motos de média capacidade tanto para os deslocamentos diários como para o lazer.
Embora sua potência seja suficiente para atingir 160 km/h, velocidade superior ao limite das rodovias, é seu bom torque – que atinge o máximo de 3,82 m.kgf a 6.500 giros – que as torna divertidas e fáceis de pilotar. O câmbio de seis velocidades, além de engates precisos, conta com embreagem assistida e deslizante, o que facilita seu acionamento e não “cansa” o piloto. Com uma relação curta, favorece a pilotagem em marchas mais altas e proporciona resposta satisfatória desde as baixas rotações. Isso tudo com um aceitável nível de vibração, que só chega a incomodar em altos giros e depois de algum tempo em velocidades mais altas.
Essas características, de ter força em baixos giros e um bom escalonamento de marchas, também contribuem para o baixo consumo de combustível. Durante a avaliação pelas sinuosas estradas da região de Valência, o consumo variou entre 24,4 km/litro e 26,3 km/litro, de acordo com o computador de bordo dos modelos.
Seu painel, que mistura um velocímetro analógico com uma pequena tela digital de LCD, além do consumo médio, informa ainda o consumo instantâneo, a autonomia e tem dois hodômetros parciais. A crítica vai para o pequeno conta-giros digital, de difícil visualização, enquanto pilotava os modelos.
Além do bom desempenho do conjunto mecânico, outro atrativo dos modelos é seu estilo clássico-moderno, inspirado em motos de maior cilindrada da Triumph. “Até então, neste segmento médio, de um lado, havia motos com desenho clássico, mas com desempenho comedido. De outro, modelos com boa performance, porém sem personalidade. As novas Speed 400 chegam para preencher essa lacuna”, aposta James Wood.
O gerente de marketing de produto da fabricante inglesa se baseia no sucesso dos modelos na Índia, onde já estão à venda desde o ano passado. A expectativa é que repitam o sucesso também no Brasil. O primeiro lote de 400 unidades dos modelos, colocado em pré-venda em novembro passado, esgotou-se em menos de 24 horas.
A Triumph anunciou, nesta semana, a venda de outras 1.000 unidades, que são produzidas em parceria com a Bajaj, na Índia, e serão montadas na fábrica da Triumph, em Manaus (AM). Com linhas de crédito facilitadas, a esportiva Speed 400 chega ao País por R$ 29.990, enquanto a aventureira Scrambler 400X sai por R$ 33.990. Apesar de usarem o mesmo motor, ambas têm comportamento e propostas distintas.
Desenvolvidas em parceria com a Bajaj, que também produzirá os modelos na Índia, as novas Triumph de 400cc têm projetos “econômicos”. Afinal, Speed 400 e Scrambler 400X chegam para disputar o segmento de motos médias, no qual o preço é um fator importante.
Para isso, compartilham diversos itens, o que, certamente, reduz o custo de produção dos modelos. Ambas serão produzidas na Índia, porém sua montagem acontecerá na fábrica da Triumph no Brasil, beneficiando-se dos incentivos fiscais do Polo Industrial de Manaus.
Embora tenham diversos itens em comum, como a balança traseira, o painel, entre outros, as motos têm estilos e propostas. Enquanto a Speed 400 têm um design mais urbano, com guidão baixo e pneus esportivos, a Scrambler 400X têm um visual mais “aventureiro”, com guidão largo, suspensões de curso mais longo e pneus de uso misto. Essas e outras mudanças conferem um comportamento próprio para cada um dos modelos.
Para o lançamento global das duas novas motos para a imprensa, fomos a Valência, na Espanha, para um dia de pilotagem nas ruas e estradas em ambos os modelos, além de uma curta avaliação off-road na Scrambler 400 X. Veja como cada uma delas se comportou.
Comecei o dia com a Scrambler 400X. Além de mais cara, tem um estilo mais imponente, com roda aro 19, na dianteira, e suspensões de curso mais longo. O quadro de cada modelo, embora semelhante, não é idêntico. A Scrambler tem uma coluna de direção diferente e uma distância entre eixos mais longa. Tudo para melhorar sua maneabilidade nas estradas de terra.
Logo de cara, seu assento mais alto, pode assustar os pilotos mais baixos. A 835 mm do solo, exige que pilotos como eu, que meço 1,71 m, fiquem na ponta dos pés. Por outro lado, as pedaleiras mais baixas e o guidão mais largo proporcionam uma posição de pilotagem mais ereta, típica de uma moto trail. Seu assento bipartido também é mais largo e garante conforto para o piloto. Além de maior curso, as suspensões têm acerto bem macio, absorvendo bem imperfeições do piso e as lombadas das estradas espanholas.
Como em outras motos com essa proposta, a Scrambler 400X se saiu bem em meio ao trânsito matutino de Valência. O guidão largo ajuda a costurar entre os carros e a posição mais alta permite enxergar mais à frente e conduzir com segurança.
A roda dianteira de maior diâmetro, porém, exige mais do piloto, principalmente quando chegamos às estradas sinuosas. Para contornar as curvas fechadas nas montanhas, é preciso aplicar força nas pedaleiras e usar bem o contra-esterço do guidão. Mas, ainda assim, conseguia acompanhar o ritmo de outros jornalistas que pilotavam a Speed 400.
Já no pequeno trecho fora-de-estrada, a Scrambler se mostrou mais à vontade. Além das suspensões, os pneus de uso misto ajudam na tarefa. Ela ainda conta com um exclusivo modo off-road, que desliga o controle de tração e o sistema ABS (de série em ambas as motos). Aliás, só é possível desligar o controle de tração na Scrambler, porém, o ABS pode ser desativado em ambas as motos.
Vale ressaltar que não se trata de uma moto trail, mas, sem dúvida é mais adequada para quem gosta de pilotar em estradas de terra.
Mais confortável
Banco alto
Motor: um cilindro, 398 cm³
Câmbio: Seis marchas
Transmissão final: por corrente
Potência: 40 cv a 8.000 rpm
Torque: 3,82 mkgf a 6.500 rpm
Peso em ordem de marcha: 179 kg
Preço: R$ 33.990
Com uma vocação mais urbana e, digamos, esportiva, a Speed 400 tem uma distância entre-eixos menor e usa pneus esportivos, os bons Metzeler M9 RR. O guidão quase reto e mais baixo, em conjunto com as pedaleiras mais altas, obrigam o motociclista a assumir uma postura mais inclinada à frente.
Toda essa combinação de fatores contribui para que a Speed 400 tenha um comportamento excelente nas curvas. Contorna-as com mais facilidade e me senti mais confiante para inclinar nos verdadeiros “cotovelos” das estradinhas espanholas. Se você prefere ou vai rodar apenas no asfalto, certamente vai se sentir mais à vontade na Speed.
Isso sem falar no seu assento mais baixo, a 790 mm do chão. Conseguia apoiar os pés no chão com mais facilidade, o que facilita as manobras em baixa velocidade e na hora de estacionar a moto. Por outro lado, a posição de pilotagem mais esportiva, com os joelhos mais flexionados, é mais cansativa do que na Scrambler 400X.
Outro detalhe que me chamou bastante atenção foi a atuação dos freios na Speed 400. Embora tenha um disco dianteiro de menor diâmetro, usa pastilhas com um composto mais macio, o que se traduz em uma frenagem mais instantânea e eficiente do que havia percebido na Scrambler.
De acordo com os engenheiros da Triumph, isso foi proposital. A Scrambler tem pastilhas mais duras para proporcionar uma frenagem mais progressiva, porém é preciso usar mais força no manete para parar a versão aventureira. Entretanto, com o tempo, acostuma-se com esse comportamento.
Boa de curva
Menos conforto
Motor: um cilindro, 398 cm³
Câmbio: Seis marchas
Transmissão final: por corrente
Potência: 40 cv a 8.000 rpm
Torque: 3,82 mkgf a 6.500 rpm
Peso em ordem de marcha: 170 kg
Preço: R$ 29.990
Vendidas a partir de R$ 29.990, no caso da Speed, e R$ 33.990, a Scrambler, os modelos chegam com preço competitivo para o segmento. Apesar de serem projetos econômicos, aparentam custar mais do que mostra sua etiqueta, dado seu bom acabamento e nível de equipamentos.
Veja os detalhes e mais fotos da Speed 400 e a Scrambler 400X
As duas novas Triumph 400cc se diferenciam das concorrentes, oferecendo um nível de detalhes premium que não se vê em modelos com as Royal Enfield 350 ou as BMW G 310. As motos parecem, andam e até soam como uma moto de maior cilindrada e mais cara. Vão dar trabalho para a concorrência.
* O jornalista viajou a convite da Triumph Motorcycles do Brasil