Considerado o item de segurança mais importante do automóvel depois do cinto de segurança, o controle eletrônico de estabilidade (ESC, na sigla em inglês) finalmente passará a ser item de série a partir do ano que vem. A regra anterior previa a estreia em 2022, mas, no final de 2020, a Anfavea pediu adiamento, por causa da pandemia. No entanto, a poucos meses da entrada em vigor da obrigatoriedade, os números mostram que a maioria dos veículos já dispõe do equipamento, e as montadoras – especialmente as do segmento premium – estão com as atenções voltadas cada vez mais aos sistemas autônomos, que elevam a segurança e reduzem os acidentes por depender cada vez menos da condução humana.
De acordo com a Bosch, em dez anos (de 2013 a 2023), a parcela de automóveis equipados com controle eletrônico de estabilidade saltou de menos de 20% para 89%. O número atual já supera com folga a obrigatoriedade legal de 50%, vigente para este ano.
Motivada pelo aumento de demanda, a ZF informa que passará a produzir o dispositivo no Brasil a partir do segundo semestre deste ano. Atualmente, o item vem da Alemanha.
O controle de estabilidade age individualmente sobre os freios de cada roda e é capaz de cortar a força do motor se detectar a possibilidade de perda de controle do automóvel em uma curva ou sobre piso escorregadio, por exemplo. Ele age em conjunto com o sistema de freios ABS.
Estudo conduzido pelo Instituto de Segurança Viária dos Estados Unidos (IIHS) entre 2004 e 2006 concluiu que o sistema reduz acidentes fatais em 43%. Outro levantamento, realizado pela National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), órgão federal que controla o setor de transportes nos EUA, informou que o ESC já evitou 83% de capotamentos de SUVs.
Marcas do segmento premium, que já empregam controle de estabilidade em seus carros há muito tempo, estão literalmente olhando para a frente. É o caso, por exemplo, da Audi, que equipou seu mais luxuoso sedã, o A8, com um avançado sistema de iluminação, batizado de Digital Matrix LED. Entre outras funções, ele é capaz de identificar um pedestre à noite, por meio do sistema de visão noturna do veículo, e automaticamente direcionar um foco de luz para a pessoa, como forma de chamar a atenção do motorista.
Além disso, o sistema de iluminação digital projeta no chão, alguns metros à frente do veículo, sinalização de advertência (um ponto de exclamação dentro de um triângulo) em caso de algum incidente à frente, ainda fora do alcance do motorista. Outra novidade é a marcação com setas que aparecem no chão, mostrando o caminho ideal a ser seguido. Eles exibem a posição centralizada entre as faixas, e mudam quando a seta é acionada, sinalizando a nova direção.
Reconhecida por sua obsessão por segurança, a Volvo equipou seu novo SUV EX90 (elétrico que deve chegar ao Brasil no primeiro semestre do ano que vem) com algumas tecnologias inovadoras. Uma delas é o sistema capaz de identificar a falta de concentração do motorista. O modelo tem duas câmeras internas que monitoram o comportamento do condutor.
De acordo com a Volvo, de forma geral, motoristas têm 80% de sua atenção voltada para o trânsito. Abaixo de 60%, pode ser sinal de distração com celular, por exemplo. Nessas situações, o motorista é advertido por alertas sonoros para retomar a atenção. Caso o sinal não dê resultado, o veículo pode desacelerar gradativamente até parar completamente, desde que a situação permita.
O modelo sueco também possui um sistema de radar interno para detectar bebês ou animais esquecidos no carro. O dispositivo é capaz de identificar movimentos de ar submilimétricos, tão sensíveis como a respiração de um bebê dormindo. Nesse caso, ele impede que o automóvel seja trancado para alertar o motorista. E ainda aciona o ar-condicionado. Estatísticas do governo dos EUA revelam que, desde 1998, mais de 900 crianças morreram no país por terem sido deixadas dentro de carros.
As alemãs Mercedes e Audi estão investindo em grandes head-up displays, que projetam no para-brisa informações para que o motorista não precise desviar a atenção do caminho. O Mercedes elétrico EQE SUV, por exemplo, oferece opcionalmente um enorme head-up de 29 polegadas, que projeta imagem colorida a uma distância que parece flutuar a 4,5 metros à frente do carro.
Tudo para que o motorista do modelo alemão não se sinta tentado a prestar atenção na tela à frente do passageiro, que tem à disposição canais de streaming de vídeo e TV. Aliás, caso o condutor seja flagrado olhando para o monitor do passageiro, o sistema, automaticamente, escurece o conteúdo para o motorista. Já a BMW anunciou que irá lançar em 2025 um head-up display panorâmico que se espalha por toda a extensão do para-brisa e ficará visível também para o passageiro.
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