Estamos às vésperas de maio e, em 2023, esse mês é especial para quem pesquisa, estuda e fala de mobilidade segura: o movimento Maio Amarelo está completando dez anos. Uma década da ousadia de convocar toda a sociedade a refletir sobre um tema que quase ninguém, até então, havia parado para pensar.
Ousadia de querer mobilizar um País inteiro, que, no início do movimento, já passava dos 200 milhões de habitantes. E de acreditar que uma ONG pudesse ser ouvida em sua proposta de alertar a todos que a dura e cruel realidade de mortes e feridos diariamente no trânsito poderia mudar.
Nascia, naquele longínquo 2014, o que, hoje, já é considerada a maior mobilização social em torno da causa segurança no trânsito. Que orgulho termos acreditado nessa causa. A maioria das pessoas se identifica com o propósito do movimento Maio Amarelo e com sua missão de salvar vidas no trânsito.
E essa identificação acontece porque sabemos que todo cidadão já pensou em como poderia mudar seu jeito de ir e vir, a sua atenção, o seu cuidado ou preocupação com suas atitudes enquanto está na rua para melhorar os índices, que continuam, como em 2014, estarrecedores: 88 pessoas morrem todo dia no Brasil, por causa de um sinistro de trânsito. Quantas ficam machucadas? Ao certo, esse número ainda é desconhecido, mas são dezenas de milhares de famílias que sofrem com o problema.
Lá em 2014, esses mesmos dados estavam na casa de 43.780 mortes anuais, ou seja, 120 brasileiros que perdiam a vida todos os dias, naquele ano. Se, ao longo dessa década, a mobilização ajudou a alterar o comportamento de muitos que estão pelas ruas, todos os dias, dificilmente vamos conseguir provar. Porém, a certeza que temos é a de que alertamos, sim, junto com outras medidas, muitos brasileiros que suas atitudes fazem toda diferença para trazer mais segurança viária para toda a sociedade.
Esse propósito foi incorporado, inicialmente, pelos órgãos gestores do trânsito no País, e, em seguida, por outras ONGs que também trabalhavam na conscientização do cidadão comum, com o objetivo de que o Brasil saia do ranking dos países mais violentos no trânsito do mundo.
Mas nosso maior orgulho diante de tudo isso é ver que as pessoas se identificam com o propósito do movimento. E isso nos deu uma certeza: todo mundo quer uma rua e uma estrada mais segura. E mais, toda sociedade concorda que é preciso mais do que somente um mês inteiro de trabalho árduo de conscientização – a segurança viária depende de ações tomadas todos os dias.
Quando o cidadão se depara com os números do trânsito no Brasil e entende que nenhuma guerra mata mais do que nosso trânsito, ele compreendeu a mensagem do Maio Amarelo: tenha atenção pela vida.
Nem mesmo durante a Semana Nacional de Trânsito, prevista pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) desde 1997, os órgãos gestores se mobilizavam de forma tão intensa, como ocorre, hoje, durante o Maio Amarelo.
Agora, empresas de diversos setores se envolvem, colaborando na propagação da mensagem da necessidade em ter como foco a segurança. Da mesma forma, entidades e imprensa, compreendendo a importância de falar repetidamente sobre esse tema que, ao longo do tempo, se transformou em causa.
Mas sabemos que temos uma estrada longa a percorrer: a cada ano, a mensagem chega a mais pessoas, e entendemos que é preciso ir ainda mais longe.
Às vésperas da nossa celebração, nosso desejo é que cada pessoa faça do mês de maio o ponto de partida para que péssimos hábitos, como se distrair no trânsito com o celular, deixar de cobrar dos demais passageiros de usar o cinto no banco traseiro, exceder os limites de velocidade ou, ainda mais grave, beber álcool e dirigir, entre outros, sejam transformados. É urgente que se mudem comportamentos para sermos exemplos de atenção pela vida!