A primeira dica para evitar acidente de moto é sobre circular pelos chamados corredores – o espaço entre uma faixa de rodagem e outra. O motociclista precisa redobrar a atenção com os automóveis que estão dos dois lados. “Em alguns casos, ficar no corredor é até mais seguro do que atrás dos veículos”, afirma José Eduardo Gonçalves, diretor executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo).
Ele explica que no corredor a visibilidade é maior e o motociclista tem mais tempo de se prevenir contra manobras repentinas de outros motoristas ou desviar de buracos e objetos nas ruas. Mas Gonçalves alerta: “Só é aconselhável dirigir no corredor em situações de trânsito parado ou lento, com a moto em velocidade reduzida e sempre mantendo distância segura do veículo da frente. Agindo assim, o condutor terá espaço suficiente se houver necessidade de uma frenagem de emergência”, diz.
O instrutor de motociclismo Geraldo Simões afirma que a velocidade no corredor não pode exceder 45 km/h. “Um automóvel possui muitos pontos cegos e em diversas situações a motocicleta está invisível para o motorista. É comum ele mudar de faixa sem notar que alguém está passando ao seu lado”, ressalta.
Em hipótese alguma deve-se andar de moto entre um carro e a calçada, muito menos tentar a ultrapassagem. “Uma queda no meio-fio fatalmente causará fratura ou, numa situação mais dramática, a morte”, atesta Simões.
Quando ele fica verde, o motociclista não deve sair imediatamente e sim aguardar dois ou três segundos para uma eventual passagem de um automóvel passando pela luz amarela no cruzamento. “A maioria dos acidentes envolvendo motos acontece nos cruzamentos. Mesmo na preferencial, é preciso tomar cuidado, porque um motorista pode seguir adiante e o impacto será inevitável”, afirma José Eduardo Gonçalves.
Outro momento crítico é pilotar debaixo de chuva. O instrutor Geraldo Simões conta que quando a chuva começa o correto é o motociclista parar em um lugar seguro, como um posto de serviço, e esperar por 15 minutos. “É o tempo para a água lavar o asfalto, eliminando o óleo e os detritos acumulados no meio da pista, justamente onde as motos trafegam”, explica.
Se estiver apenas garoando, então a espera deve ser de 30 minutos para o piso perder o efeito de uma lâmina de água muito escorregadia. Apesar dos riscos potencializados pela chuva, os acidentes com motos, ao contrário do que se imagina, diminuem em dias assim, porque a redução de velocidade é geral.
No trânsito, existe um código de conduta informal em que o maior sempre protege o menor. Assim, os motociclistas devem prestar atenção nos pedestres. Muitas pessoas são desatentas ou imprudentes e atravessam a rua até mesmo com o semáforo fechado para elas.
Ao desenvolver velocidade mais alta sobre duas rodas, o motociclista pode surpreender outros motoristas e pedestres. Uma dica importante é usar roupas com faixas reflexivas para ser visto e acender o farol da moto mesmo durante o dia.
Segundo o executivo da Abraciclo, as estatísticas indicam que a maioria dos acidentes de moto ocorre nos primeiros e nos últimos minutos de condução. “Os trajetos mais conhecidos são feitos com menos atenção. É a falsa sensação de que tudo está sob controle no fim do percurso”, afirma Gonçalves.
O estresse é outro fator de risco para o motociclista, a ponto de causar reações inesperadas, como perder o foco e conduzir a moto com os nervos à flor da pele devido a algo que não deu certo ao longo do dia. “Não revide provocações, aceite desculpas e nunca saia em cima da hora para os compromissos. Vá com calma”, recomenda Geraldo Simões.
Para evitar acidentes – ou minimizar seus impactos –, o equipamento precisa de revisão básica e constante. Checar o nível de óleo em piso plano e a pressão dos pneus quando estiverem frios, conferir a eficiência dos freios e verificar se as luzes dos faróis estão funcionando são atitudes importantes para deixar a moto em ordem.