Para Galeano, o futuro do planejamento urbano está no desenvolvimento de bairros mais densos, com opções de transporte e acessos. Foto: Divulgação/iCities
“Será que devemos repensar os projetos urbanos no Brasil?”, questiona Carlos Galeano no início de sua palestra “Repensando a Mobilidade no Brasil: Uma Inversão de Prioridades” no Smart City Expo Curitiba na quarta-feira, 26. Para ele, o conceito que moldou a resolução dos problemas de mobilidade das cidades no século 20 tem que ficar para trás e um novo método de planejamento urbano deve ser implementado.
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O gestor da Dassault Systèmes para a América Latina propõe uma abordagem com mais tecnologia para aumentar a assertividade das decisões tomadas por gestores. Entretanto, para essas transformações acontecerem, a sociedade precisa entender que alargar ruas não é solução. O planejamento urbano precisa inverter suas prioridades.
“As cidades têm que tomar uma decisão”, salienta Galeano. Atualmente, as cidades brasileiras ainda priorizam automóveis ao implementar novas infraestruturas, o que é um grande erro, segundo o gestor. “A mobilidade não tem a ver com os automóveis; ela tem a ver com o cidadão”, complementa.
Na lista de prioridades que determinam as melhores práticas de urbanismo, o automóvel particular está em último lugar. Primeiramente estão as pessoas, os pedestres; em segundo, o transporte público e ciclistas. Em terceiro lugar, os comerciantes e fornecedores de serviços. Só em seguida, os carros.
“Mas o que acontece no Brasil? É invertido, totalmente invertido”, ele enfatiza. “Primeiro nos pensamos no automóvel privado, vamos alargar as ruas, criar as vias rápidas, onde cabem dois, vamos colocar três”. Galeano alerta que o problema é apenas transferido para outro momento ou lugar. Em breve, ele acredita que haverá um colapso, mas ainda há tempo para mudar de rota.
Além de trazer a provocação sobre o futuro das cidades, Galeano apresentou as soluções ofertadas pela Dassault Systèmes, uma plataforma que permite testar projetos e hipóteses considerando todos os contextos das cidades. Ou seja, é possível visualizar como cada medida de infraestrutura, gestão de transporte e trânsito, zoneamento ou evento vai impactar todos os aspectos de uma cidade.
A plataforma é um dos serviços oferecidos pelo grupo Dassault, famoso no ramo da aeronáutica em todo o mundo. Recentes na América Latina, essa parte da empresa fundou um laboratório no Parque Tecnológico de São José dos Campos para oferecer esse serviço a prefeituras de todo o continente.
O foco na gestão pública vem do entendimento de quê são os políticos que podem tomar as decisões de transformar o futuro das cidades. A emergência do tema deu o tom da palestra de Galeano.
“Essa tecnologia é capaz de reunir qualquer tipo de dado, independente do tipo de software”, ele explica. [Assim], você pode estudar o passado, presente e futuro”. A tecnologia já foi posta em prática em diversas locais do mundo, como Hong Kong, uma das cidades mais densas do mundo; Paris, para gerir o trânsito durante as Olimpíadas 2024; Cairo, no Egito; cidades da Índia e outros países.
A atratividade dessa tecnologia está justamente na capacidade de analisar contextos e testar as mais variadas possibilidades antes de colocar um projeto em prática. Galeano ressalta que esse processo, de juntar todos os dados e avaliar o que de fato é melhor para as pessoas, faz uma cidade inteligente.
“Uma cidade inteligente olha para as suas prioridades. Na América Latina nossa prioridade é o saneamento básico, saúde, segurança”, diz o gestor. “Cidade inteligente se trata de um processo, não de um estado final”, completou.
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*A jornalista viajou a Curitiba convite do iCities