Diferentemente de outros setores da economia que acumulam perdas em razão da crise da covid-19, o agronegócio está indo muito bem e promete recorde de safra na ordem de 250,9 milhões de toneladas, segundo informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A produção de grãos neste ano deverá crescer 8,8 milhões de toneladas em relação à safra 2018/2019. No que se refere ao transporte, um estudo sobre a evolução do frete rodoviário revelou que, em abril, houve o aumento de 10,1% na atividade relacionada ao agronegócio se comparado ao mês de março.
O levantamento é da Repom, empresa de gestão de frete da Edenred Brasil, e foi elaborado com base em mais de 500 mil operações no País. Esse cenário relativamente otimista está na contramão dos demais segmentos logísticos, que apresentam retração de 28,8%, de acordo com o mesmo estudo da Repom.
“Ao analisar os mesmos períodos no comparativo com o ano anterior, percebemos que o frete para o transporte de grãos de soja teve crescimento de 9,6%”, diz Thomas Gautier, head de mercado rodoviário da Edenred Brasil.
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O valor do frete subiu para as atividades agro no Centro-Oeste (berço da atividade no País). A queda dos demais segmentos, como transporte de carga fracionada, reduziu a quantidade de caminhões na região. E, com a maior demanda por veículos que façam o escoamento da produção, o preço do frete está valorizado.
Roberto Leoncini, vice-presidente da divisão de caminhões da Mercedes-Benz, explica que, desde o início da pandemia, ele e equipe intensificaram o contato com o cliente para entender a situação de cada um.
“A nossa conclusão é que o agronegócio vai se destacar. A covid-19 não vai impactar na safra que, mais uma vez, baterá recorde. Algumas situações estão contribuindo para isso, como o câmbio que, neste momento, é favorável para a exportação”, diz o VP da Mercedes-Benz, fabricante do modelo Actros 2651 6×4, cujas vendas começaram em março passado.
A taxa do câmbio contribuiu ainda mais para que produtores garantissem a venda da safra 2020/2021. “Nessa mesma época, no ano passado, o produtor estaria vendendo entre 15% e 18% da sua produção deste ano. Agora, cerca de 40% da produção prevista para o ano que vem já está comercializada.
Isso traz garantia para o transportador de que ele terá mercadoria para transportar”, revela Leoncini. Essa previsibilidade deixa o transportador mais seguro para fazer investimentos. E é exatamente nesse aspecto que as fabricantes de caminhões estão focadas.
O agronegócio representa 25% das vendas totais de caminhões no País, sendo que 12% desses caminhões são direcionados ao escoamento de grãos. “Esse volume traz um fôlego à economia e ao nosso negócio. Mesmo assim, sabemos que os próximos meses serão complicados”, ressalta Leoncini.
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