A frota brasileira de motocicletas praticamente dobrou em uma década, passando de 14.695.247 em 2009 para 28.179.083 motos em 2019. Ou seja, o número de motos nas estradas e ruas do Brasil cresceu 92%, de acordo com os dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
Muitos desses condutores são motociclistas novatos com pouca experiência e não recebem orientação para andar de moto em estradas e rodovias. Por isso, muitas vezes, se colocam em situações de risco ao executar manobras perigosas nas rodovias.
Muitos desses erros e imprudências acontecem porque pilotar uma moto na estrada não é a mesma coisa que conduzir em uma via urbana. Pelo contrário. Há diferenças fundamentais entre a estrada e as ruas e avenidas.
Alguns fatores, como velocidade maior em relação ao ambiente urbano e o tráfego de veículos pesados, como caminhões e carretas, requerem que o motociclista adote o comportamento seguro e antecipe eventuais situações de risco e, assim, possa evitar acidentes, alerta o coordenador de tráfego da CCR AutoBAn, João Moacir da Silva.
A começar pelo maior espaço necessário para a frenagem, pois a velocidade de rodagem é mais alta. Outra é a necessidade de se atentar ao ritmo dos outros veículos, para não atrapalhar o fluxo ou se envolver em situações arriscadas. Confira algumas dicas para andar de moto na estrada com segurança.
Na hora de entrar na estrada é preciso ficar atento à distância e à velocidade dos veículos que já estão na pista. O mais indicado é ganhar velocidade no acostamento, acompanhando a faixa pontilhada, e depois entrar na faixa (da direita) da via.
Alguns motociclistas têm o péssimo (e perigoso) hábito de entrar na estrada sem que sua moto atinja uma velocidade compatível com os outros veículos. Nesse caso, existe o risco de abalroamento, ou seja, uma colisão traseira. Este risco aumenta ainda mais quando a moto entra na frente de um veículo pesado. Por conta do seu peso, tanto o caminhão quanto o ônibus, precisam de mais tempo e espaço para reduzir a velocidade.
Um erro bastante comum por parte dos motociclistas é rodar próximo a caminhões ou ônibus, uma manobra chamada de “pegar o vácuo”. Na época de frio, dias de chuva ou garoa é fácil ver motos andando bem próximas aos veículos de carga. Como os veículos são grandes, agem como um grande escudo desviando o ar da frente da moto. O risco é ser surpreendido por uma frenagem de emergência e não ter tempo hábil para frear a motocicleta.
Outro problema é se deparar com um buraco, animal morto ou pedaço de pneu surgindo por baixo do caminhão ou do ônibus. Se estiver muito perto do veículo o piloto não terá tempo para reagir e acabará colidindo com o objeto ou mesmo entrando com a moto no buraco. Nos dois casos existe o risco de perda de controle e queda da moto.
Nos horários de pico, no começo da manhã e no fim da tarde, as rodovias que cortam ou passam perto de grandes cidades costumam apresentar um tráfego intenso. Esse tipo de situação é um incentivo aos motociclistas a circular no corredor. Porém, o piloto deve levar em consideração que muitos motoristas nem imaginam que uma moto pode estar passando ao seu lado.
“O motociclista deve evitar trafegar pelo corredor. Este tipo de prática dificulta que veículos maiores, como caminhões e carretas, possam enxergar a motocicleta, o que aumenta o risco de acidentes”, explica o coordenador de tráfego da CCR AutoBan.
Existem os motoristas que mudam de faixa de forma abrupta – sem olhar no retrovisor e sem usar a seta – e o resultado pode ser um grave acidente. Muitos alegam não ter visto a moto (principalmente os caminhoneiros). E isso pode ser verdade, já que em muitos casos não existe condições de perceber a aproximação do motociclista. Por mais que o uso do corredor nas cidades seja um hábito comum, para andar de moto na estrada é preciso cuidado redobrado.
O ideal é não circular entre os veículos, porém se o motociclista decidir entrar no corredor deve fazê-lo de maneira cuidadosa. Prestar atenção aos outros veículos e rodar sempre em velocidade moderada diminui consideravelmente os riscos. E, claro, jamais circular entre veículos de carga. A moto é pequena e não pode ser vista pelo motorista em meio a uma curva, por exemplo.
Próximo aos postos de combustíveis sempre existe uma placa informando redução de velocidade. Caso a pista seja simples, existe a linha continua que proíbe a ultrapassagem. Essa sinalização serve de alerta para os perigosos inerentes a esses locais. Por isso vale reduzir a velocidade e analisar as condições do tráfego. Existe ainda a chance de veículos de carga cruzarem a pista para acessar o posto.
As entradas e saídas de posto de combustível também podem esconder armadilhas como pedriscos, calçamento irregular, buracos e até graxa e óleo derramados por caminhões pesados. Convém reduzir a velocidade e usar os freios com suavidade para não travar a roda e sofrer uma queda.
Próximo aos postos também é preciso ficar atento às curvas. Alguns caminhões podem derramar óleo diesel, ou por culpa de frentistas que se esquecem de fixar a tampa ou ainda pelo excesso de combustível no tanque. Infelizmente, um problema frequente nas estradas.
Motos e caminhões não combinam. Além das diferenças de frenagem e aceleração, os veículos de carga oferecem outros perigos como a possibilidade de queda de objetos e detritos. A banda de rodagem do pneu do caminhão pode se soltar e voar na estrada. Por isso o ideal, ao andar de moto na estrada é ultrapassar rapidamente esses veículos ou aguardar o melhor momento para ultrapassar, evitando rodar ao lado de veículos pesados.
A saída da rodovia também deve ser feira com atenção e muito bem sinalizada – sempre indique com a seta a direção que vai seguir. Reduza a velocidade com antecedência e avalie as condições do piso e do tráfego antes de acessar alguma alça de acesso ou o acostamento. Após deixar a rodovia é importante prestar atenção ao limite de velocidade nas ruas e avenidas. Mesmo estando próximas, estradas e avenidas são muito diferentes.