Cidades de 15 minutos


23/02/2021 - Tempo de leitura: 2 minutos, 30 segundos

Uma política inicialmente desenvolvida por Paris durante a pandemia de coronavírus, em conjunto com a expansão da micromobilidade e maior disponibilidade de bicicletas na cidade, as Cidades de 15 minutos se tornaram tendência em governos ao redor do mundo e a expectativa é que grande parte das cidades adotem esse plano a longo prazo. 

O impacto que a pandemia trouxe para o funcionamento das cidades é irreversível: a maneira com que os cidadãos utilizam o espaço urbano, trabalham, estudam e socializam foi drasticamente alterada graças às medidas de isolamento social. Pensando nisso, com soluções online para quase todos os serviços, a necessidade de deslocamento nunca foi tão baixa. 

O conceito da Cidade de 15 minutos surge como uma alternativa à forma que a população estava habituada a ocupar a cidade: o projeto propõe que tudo o que os moradores da cidade precisam deve estar a disposição a uma distância de no máximo 15 minutos de caminhada. Isso faria com que os deslocamentos precisassem ser mínimos: entre a residência, o trabalho, escola, restaurantes, espaços de lazer, hospitais, parques e praças e etc. 

O urbanista Carlos Moreno, professor da Universidade de Sorbonne na França, foi o pioneiro no conceito de Cidade de 15 minutos. A ideia surgiu a partir de uma teoria desenvolvida pelo urbanista de ‘crono-urbanismo’, isso é, uma mudança da ideia da relação que temos com o tempo de deslocamento dentro das cidades. Carlos Moreno defende que vivemos em cidades fragmentadas e que, por não conhecermos nossos vizinhos, não ocuparmos o espaço urbano dos nossos bairros, estamos sozinhos e sofremos. 

Dito isso, é importante ressaltar que o movimento de Cidades de 15 minutos é diferente de outros movimentos relacionados à mobilidade urbana em smart cities: o projeto desempenhado pelo urbanista é uma resposta direta ao coronavírus, mudanças climáticas e à globalização. Paris adotou essa estratégia durante o período de isolamento social com o objetivo de repensar em como incluir as atividades cotidianas promovendo maior conexão social, além de trazer uma perspectiva mais ecológica.

De acordo com Richard Bentall, professor de psicologia da Universidade de Sheffield, a mudança promovida pelas Cidades de 15 minutos trariam maior resiliência para os cidadãos lidarem com a adversidade. O sentimento de pertencimento que uma cidade promove para os seus cidadãos é, de acordo com o professor, essencial para deixar os cidadãos mais felizes. 

Cada vez mais, cidades inteligentes estão se voltando para o bem-estar dos cidadãos. A pandemia mostrou a necessidade de resiliência, como também apontou que as cidades devem desenvolver políticas que garantam que seus cidadãos sejam felizes e possam ocupar o espaço urbano de maneira saudável e ecológica. 

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