Muito falado atualmente, o conceito de smart cities ou de cidades inteligentes tem sido um dos principais norteadores em projetos urbanos e novos modelos de gestão pública. De forma geral, cidades inteligentes são locais onde as interações e serviços conseguem obter maior eficiência, sempre com uso da tecnologia em favor das pessoas e dos negócios.
Ou seja, os recursos tecnológicos precisam ajudar a melhorar a qualidade de vida da população em vários âmbitos, entre eles a segurança e a mobilidade, citando apenas alguns deles. A seguir, algumas das principais tendências no tema que já estão sendo implementadas em municípios brasileiros.
Imagine um ponto de ônibus com telão que exibe propagandas durante o dia e que, no período da noite, ‘fala’ com as pessoas oferecendo companhia até o ônibus chegar. Em Campinas, interior de São Paulo, está instalado o primeiro ponto de ônibus interativo, que tem como foco a segurança, principalmente a das mulheres.
Batizado de Guarded Bus Stop, ele é equipado com câmera, microfone e acesso à internet e interage por chamada de vídeo, funcionando como uma companhia virtual até que o transporte público chegue. Funciona assim: quando a pessoa está sozinha, aparece no painel a seguinte mensagem: “Você precisa de companhia até o ônibus chegar?”.
Assim, a pessoa pode solicitar uma chamada de vídeo tocando no ícone do telefone e a ligação é atendida por uma funcionária da empresa. O sistema pode, inclusive, acionar a polícia caso a pessoa se sinta em risco.
É uma evolução dos Centros de Controles Operacionais, ou os CCOs, para monitoramento do veículos, pessoas e do tráfego. “O que funcionava apenas para controlar o trânsito foi sendo preparado para uma sociedade que está evoluindo muito e rapidamente. Hoje, já consideramos os CCOs ultrapassados e evoluimos para o conceito de hipervisor urbano”, disse Péricles de Matos, coronel e secretário de defesa social e trânsito de Curtitiba (PR), um dos participantes do 10º Simpósio Dataprom Inteligência nas Cidades, que aconteceu de 31/08 a 01/09 em Foz do Iguaçu (PR).
Na prática, o recurso consiste em um verdadeiro cerco digital ao redor da capital paranaense, composto pos câmeras de monitoramento em pontos estratégicos da cidade, radares, câmeras instaladas nos uniformes dos agentes de segurança e botões de emergência em escolas. Parte das câmeras, inclusive, permite o reconhecimento facial, cruzando informações em tempo real.
Assim, todos os recursos permitem o controle da segurança e do trânsito da cidade, reconhecendo pessoas ou veículos procurados, entre outras situações. Além de Curitiba, outros municípios paranaenses como Campo Largo (PR), o Estado de Mato Grosso (MT), além de Campinas e Piracicaba, ambas em São Paulo, também têm implementado recursos de muralha digital.
Existem diversas situações em que a inteligência artificial já está presente no dia a dia de prefeituras de municípios, auxiliando as pessoas seja em chamados para reparos em geral, ordenamento do trânsito ou outros desafios. Um exemplo é o aplicativo Curitiba 156, usado para abertura de diversos chamados pela população, como queda de árvores, problemas nas calçadas ou nas vias, semáforos com defeito, entre muitos outros.
“No app, já há a possibilidade de as pessoas abrirem chamados fazendo uma foto do problema, como o calçamento irregular. Dessa forma, a tecnologia de machine learning faz o reconhecimento da imagem e já direciona para que o usuário faça a opção correta do serviço que precisa, oferecendo alternativas”, explica Marcello Santos, gestor de tecnologia da Agência Curitiba de Desenvolvimento. O recurso é semelhante a fazer uma busca no Google e, antes mesmo de terminar de escrever, a tecnologia já sugere o que o usuário está procurando.
Diversos municípios têm adotado o sistema para auxílio na organização do trânsito. A mais recente instalação foi no cruzamento da avenida Cataratas com rua Major Acilino de Castro, cruzamento em Foz do Iguaçu (PR) muito usadopor conta do turismo na região. A solução, implementada pela Dataprom, trabalha a partir de sensores e câmeras, que se conectam ao controlador semafórico inteligente.
Dessa forma, ela faz a contagem de veículos em tempo real, e realiza ajustes autônomos nos tempos dos ciclos semafóricos, sempre priorizando a via com maior fluxo. de veículos. Quando a situação de engarrafamento é desfeita, o controlador retorna para o ciclo padrão.
O recurso é usado principalmente no transporte público por ônibus. Ele consiste em sensores que se comunicam com o controlador semafórico, avisando quando o veículo está atrasado e pedindo ‘liberação’ dos faróis para ajudar a cumprir os horários.
“O objetivo é chegar na hora marcada, no momento em que os usuários contam que o ônibus irá passar. Porque adiantar esse tempo também não é bom para as pessoas. A previsibilidade é muito importante para o sistema de transporte por ônibus”, explica Rodrigo Ramos, gerente de engenharia da Dataprom.