Os congestionamentos são um grande problema para as metrópoles brasileiras. No ano passado, os brasileiros perderam o equivalente a 21 dias no trânsito, em média.
De acordo com a Pesquisa Mobilidade Urbana 2022, 28% dos brasileiros levam de 30 minutos a uma hora por dia no trânsito. Além disso, 32% perdem de uma a duas horas, para ir a lugares como o trabalho, escola, faculdade ou fazer compras.
O estudo é da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), com o Serviço de Proteção ao Crédito e em parceria com o Sebrae. Ainda segundo a pesquisa, o tempo gasto apenas nos congestionamentos é de uma hora e quatro minutos por dia, em média.
Por fim, o estudo mostra que 80% das pessoas deixaram de fazer uma atividade devido à dificuldade de locomoção. Além disso, 43% das pessoas ouvidas deixaram de usar o transporte público devido à pandemia.
Considerando este cenário, a pesquisa mostra que 68% das pessoas aprovam o regime de teletrabalho. Assim, poderiam evitar o congestionamento diário.
“A mobilidade urbana está diretamente ligada ao desenvolvimento econômico e social de uma região. Por exemplo, o tempo que um trabalhador passa no trânsito impacta diretamente no seu bem-estar e sobre a sua produtividade. Neste sentido, como representantes do setor produtivo, queremos abrir a via do debate e das políticas públicas, possibilitando avanços na qualidade de vida das pessoas e no desempenho econômico”, afirma o presidente da CNDL, José César da Costa.
O excesso de carros nas ruas e falta de planejamento estão entre os principais culpados para os congestionamentos nos grandes centros. Assim, o incentivo ao uso do transporte público está entre as soluções para o problema, aliado a políticas públicas.
Ainda segundo a Pesquisa Mobilidade Urbana 2022, após a pandemia, os carros e as motos passaram a ser o principal meio de transporte da população, citados por 36% das pessoas. Em seguida, estão os ônibus (35%), táxis e aplicativos de transporte (12%) e deslocamentos a pé (8%).
Contudo, não basta “se livrar” dos carros. É preciso que as cidades tenham um bom planejamento urbano. É o que aponta o mestre em transporte Miguel Ângelo Pricinote, coordenador técnico do Mova-se Fórum de Mobilidade.
Segundo o especialista, é preciso criar rotas de ônibus, trem ou metrô para que os motoristas tenham uma boa alternativa aos carros. Outro ponto de destaque é a importância da integração física e tarifária entre outros modos (bicicleta, táxi e serviços sob demanda) aos ônibus e ao metrô.
Somado a isso, Miguel cita ainda o estacionamento de bicicletas nas estações de metrô, terminais de ônibus e até nos pontos de ônibus. Portanto, o incentivo ao uso de bikes, aliado a uma infraestrutura adequada, também integra as soluções.
Já a gestão de tráfego pode contar com uma grande ajuda: a tecnologia. “Atualmente existem várias soluções tecnológicas para auxiliar as cidades a lidar com o congestionamento, como por exemplo as tecnologias de Inteligência Artificial para comunicação veículo-veículo (V2V) e comunicação veículo-infraestrutura (V2I)”, afirma Miguel.
O especialista aponta ainda que o papel do poder público na mobilidade urbana é essencial. Assim, é possível reduzir cada vez mais o congestionamento nas grandes metrópoles.