A planilha de custos mensal – com gastos exorbitantes como combustível – não é o único motivo de preocupação das transportadoras de carga no Brasil. A contratação do caminhoneiro autônomo sempre requer cuidados na escolha do profissional mais adequado para cada operação. Para tornar essa tarefa mais fácil, as transportadoras recorrem à tecnologia.
O seminário “Gerenciamento de Riscos 4.0 no Transporte Rodoviário de Cargas”, promovido pela empresa TruckPad e pela Mapfre Seguros, e realizado em 11 de março, discutiu o tema e apresentou uma nova ferramenta para simplificar a contratação dos profissionais autônomos. “Segurança e produtividade são palavras de ordem na hora de escolher o motorista terceirizado”, afirma Carlos Mira, presidente do TruckPad. “Por isso, oferecemos soluções para as 12 mil empresas que usam nossa plataforma digital na contratação de caminhoneiros.”
Chamada de Módulo de Gerenciamento de Risco, a ferramenta passou por um upgrade e agora está mais eficiente, intensificando a coleta de dados de caminhoneiros e veículos. Michel Bezerra, coordenador de operações do TruckPad, afirma que o recurso é uma via de mão dupla, porque deixa sempre os documentos do autônomo e do caminhão atualizados e mostra ao motorista se a empresa que o está contratando é idônea, graças a uma espécie de curadoria mantida pelo TruckPad. “Isso cria um vínculo mais forte entre motorista e empresa”, destaca.
A um custo mensal de R$ 179 para os frotistas, a ferramenta deixa a operação mais descentralizada ao lidar com a base de 1 milhão de motoristas autônomos do TruckPad. Antes, a transportadora localizava um motorista, coletava os documentos que eram enviados ao gerenciador de riscos, contratava o profissional, monitorava a viagem e recebia o canhoto físico do serviço prestado.
Em muitos casos, a aprovação do motorista se dava momentos antes do embarque em razão da demora do seu cadastramento. Agora, depois de encontrar o motorista autônomo, a transportadora consulta seu “dossiê” na plataforma do TruckPad, verifica o status do candidato, efetua a contratação, acompanha a rota do caminhão e recebe o canhoto digital, agilizando todo o processo.
Bezerra diz que o motorista que encaminha a documentação incompleta não passa pelo funil da contratação. “Ainda encontramos candidatos despreparados, que dão os documentos errados. Se eles não se reciclarem, perderão uma série de oportunidades”, alerta.
O esforço operacional para aprovar o motorista autônomo era alto. “Isso acabou, porque a nova ferramenta economiza tempo, dinheiro e evita fraudes”, garante Bezerra. “Da maneira anterior, a empresa demorava de 30 minutos a duas horas para checar a documentação do motorista. Hoje, leva poucos segundos.
O cadastro custava de R$ 50 a R$ 100 por viagem. Então, se a empresa efetua cinco contratos por mês, desembolsava R$ 500. O valor de R$ 179 não tem limites de contratos ao longo do mês”, afirma.
“Segurança e produtividade são palavras de ordem na hora de escolher o motorista terceirizado.”
Carlos Mira, presidente do TruckPad.
O coordenador do TruckPad lembra que o novo gerenciador de riscos também tira da frente dificuldades como veículo inadequado para o frete, motoristas indisponíveis, inidôneos e sem os documentos exigidos. Ou seja, a possibilidade de o serviço ser mal executado é praticamente nula. “Além disso, a plataforma digital consegue o frete para o motorista terceirizado, eliminando a figura do atravessador”, salienta.
As plataformas digitais oferecem as melhores oportunidades para elevar a renda de toda a cadeia do transporte rodoviário de carga, reduzir os custos e aumentar a segurança dos profissionais envolvidos na operação. Essa é a conclusão de Jeferson Stábile, especialista do canal de transportes da Mapfre, que vê amplo potencial de crescimento no mercado segurador do setor.
A opinião de Stábile reflete os dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT), que traçou o perfil do caminhoneiro brasileiro, em 2019. Os números comprovam que os motoristas estão cada vez mais inseridos no mundo digital e a maioria usa as redes sociais como ferramentas de trabalho. A pesquisa aponta números interessantes. Entre eles, destacam-se:
“Esse índice poderia ser maior”, acredita Stébile. “Portanto, existe ainda um campo fértil para a disseminação de plataformas como a do TruckPad.” A Mapfre oferece seguros voltados ao caminhoneiro autônomo. Segundo Stébile, uma das modalidades é remunerar os dias em que o motorista se mantém inativo em razão de doença ou casos de internação, por exemplo. “A maior preocupação do caminhoneiro é não ir para a estrada. Com o seguro da Mapfre, ele pode ficar tranquilo porque continuará recebendo”, afirma.