O que acontece com os trens descartados pela CPTM?

Trens que começaram a circular no final dos anos 90 e começo dos anos 2000 irão para leilão este mês. Foto: Divulgação/Marcello Lemos Leiloeiro

08/10/2024 - Tempo de leitura: 3 minutos, 36 segundos

Você já se perguntou o que acontece com os trens que ficam velhos demais para circular? Longe de ir para um “cemitério de trens”, há dois possíveis destinos. Em primeiro lugar, eles podem ir a leilão. No dia 10 de outubro a CPTM fará o terceiro leilão de inservíveis do ano, 48 carros ferroviários que começaram a rodar no final dos anos 90 e início dos anos 2000 estão a venda. Além disso, outros itens, como móveis antigos de estações e sucatas de metais, também serão ofertados para o público.

Além do leilão, um trem antigo também pode ser mantido por seu valor histórico. “O maior volume de carros ferroviários (vagões) vai a venda em leilão, mas sempre preservamos no mínimo uma unidade de cada série, essa é doada para alguma entidade”, conta Leandro Carpegiani, gerente de logística da CPTM.

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A última instituição que ganhou um vagão foi o Instituto Sorocabana Movimento de Preservação Ferroviária, mas outros museus e entidades também já receberam esse presente. “Os trens antigos têm um valor histórico muito grande, eles contam sobre o desenvolvimento de São Paulo”, explica Carpegiani.

Como se decide que um trem deve sair de circulação?

Atualmente, um carro ferroviário roda entre 25 a 30 anos, em média. Os vagões são trocados após esse período pois “surgem novas tecnologias que trazem economia de energia e velocidade maior, por exemplo. O desenvolvimento tecnológico faz com que os trens mais antigos se tornem obsoletos e sua manutenção se torna muito cara”, diz Carpegiani.

Anteriormente, um vagão ficava até 40 anos em circulação na CPTM. No entanto, essas máquinas tinham sistemas de tração diferentes, não possuiam ar-condicionado e eram mais simples. Sendo assim, com o avanço da tecnologia, os carros ferroviários começaram a se tornam obsoletos cada vez mais rápido.

“Quando o trem sai de operação, ele vai inicialmente para algum pátio da CPTM. Lá, ele fica aguardando a conclusão da baixa. Por fim, o vagão vai a leilão”, resume Carpegiani sobre o processo de aposentadoria dos veículos.

Como é o leilão de inservíveis?

O leilão de inservíveis é uma prática que acontece há mais de 10 anos. Na atual edição, mais de 200 empresas ou pessoas físicas já demonstraram interesse em comprar diferentes materiais que a CPTM está vendendo. O evento permite que os participantes façam lances tanto online quanto presencialmente. Quando vão até o local, os interessados fazem como em leilões tradicionais e levantam placas demonstrando interesse nos itens.

No ano passado, nenhum carro ferroviário foi colocado para venda em leilão, mas neste ano oito veículos já foram leiloados e mais 48 estão disponíveis para lances na edição atual. Sobre o preço dos veículos, Carpegiani conta que “isso pode variar de acordo com a quantidade de lances que temos no leilão, mas o valor inicial para nesta edição é de R$ 43.861, para cada unidade de carro ferroviário”.

Muitos dos compradores de carros ferroviários são empresas metalúrgicas, que fazem a separação do material, derretem os metais e os recolocam no ciclo produtivo. “Um trem inservível se transforma em várias toneladas de ferro e aço, quilos ou toneladas de cobre, aço e inox”, ele explica. O peso de um carro ferroviário varia de série para série, mas os vagões possuem 47 toneladas, em média.

Além dos carros ferroviários, a CPTM também vende dormentes, trilhos, sucata de ferro e móveis antigos. “Tudo o que nós temos e que pode passar por reciclagem, vai para venda nesse leilão”, afirma o gerente de logística da CPTM. De acordo com eles, diversas empresas se interessam nos itens. Fabricantes de móveis rústicos, por exemplo, compram os pedaços de madeiras para fazer bancos e mesas comuns em chácaras.

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