Quais são os passos para se criar uma nova linha de metrô?

Metrô e CPTM realizam estudos constantes para determinar quais áreas podem receber novas linhas. Foto: Divulgação/Metrô

Há 1 dia atras - Tempo de leitura: 3 minutos, 44 segundos

A Linha 22-Marrom, possível futuro ramal do Metrô, está em fase de estudos, os engenheiros da companhia estão definindo o modelo dos trens que serão usados. A Linha 20-Rosa, outro projeto, recebeu a sua Licença Ambiental Prévia em setembro. A 19-Celeste, por outro lado, abriu licitação, em setembro, para contratar a empresa que fará a análise dos imóveis que serão desapropriados.

Esses três projetos de futuras linhas para o Metrô de São Paulo avançam e, com isso, trazem questionamentos, por exemplo, quais são passos para se criar uma nova linha de metrô? Para detalhar o passo a passo da construção, o Mobilidade Estadão conversou com um especialista na área e criou um guia sobre o assunto.

Como uma criar uma nova linha de metrô?

“Em cada nova linha, o processo de construção pode mudar”, afirma Luís Kolle, presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (AEAMESP). Ele explica que não existe uma “receita de bolo” para criar um novo ramal do metrô. No entanto, alguns passos são obrigatórios. “Existem diversas maneiras de fazer bolo, mas não dá para fazer uma massa sem fermento. É o mesmo com o metrô”, ele resume.

Dentre as etapas seguidas em todos os casos, o engenheiro cita os estudos prévios, o projeto inicial e o licenciamento ambiental. A depender da complexidade da obra, novas fases podem ser adicionadas ou retiradas.

O engenheiro ainda explica que é difícil prever com exatidão quantos anos uma linha de metrô leva para ficar pronta. Diversos imprevistos podem acontecer, por exemplo, casos de corrupção que travam a obra, processos por moradores que interrompem a construção ou até mesmo achados arqueológicos que inviabilizam o avanço, como ocorreu na Linha 6-Laranja.

Uma receita padrão

Kolle explica que, em todos os casos, o início é o mesmo: Uma pesquisa sobre os trajetos mais frequentes. De acordo com o engenheiro, “o Metrô de São Paulo tem uma área de planejamento, que está sempre buscando identificar zonas que precisam de metrô”.

Por meio de pesquisas que analisam a origem e o destino dos passageiros, o Metrô encontra demandas reprimidas que poderiam ser supridas por uma nova linha de metrô. Em seguida, a companhia começa a estudar e planejar possíveis traçados que atendem a população de forma inteligente.

Após a definição do traçado, “temos uma fase de levantamento de custos e planejamento. O Metrô tem que estudar em quais áreas haverá desapropriação e planejar as obras nos túneis: Será necessário usar a tuneladora ou outro método? Em quais trechos será usado cada método?”, Kolle ressalta.

O engenheiro explica que essa fase pode levar alguns anos. Ao debater o traçado inicial, pode haver protesto de moradores que não querem que a linha passe em sua vizinhança, assim como pedidos de desvio para que o metrô atenda outras áreas. Sendo assim, pode haver demora até que se encontre um meio termo.

Depois que o percurso está definido

Após definir o traçado e os métodos construtivos em cada um dos trechos e estações, o projeto passa por licenciamento ambiental. “Existem dois tipos de licenciamento, um em que o Metrô faz uma análise prévia dos impactos ambientais e outro em que fazemos uma relatório que é analisado e deve ser aprovado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo”.

Caso a futura linha receba aprovação ambiental, o projeto segue para os passos finais. “Por fim, temos a fase de desapropriação dos moradores das regiões em que a linha passará, e a contratação da empresa que de fato construirá a obra”, explica Kolle.

A desapropriação costuma a ser uma das fases mais complexas. De acordo com o engenheiro, “geralmente, o Metrô paga o valor comercial do imóvel”, no entanto, muitas pessoas não desejam sair de suas casas, o que leva a longas negociações e argumentações com o público.

“Depois da contratação, vem a execução da obra, que também pode demorar anos, e a implantação dos sistemas e os testes finais”, conta o presidente da AEAMESP. Nos primeiros meses, o modal circulará em períodos menores e em constante avaliação. Por fim, depois de corrigir os erros, o metrô pode circular normalmente.