Marianne Vos é bicampeã olímpica, três vezes campeã mundial em estrada, duas vezes campeã mundial em pista e sete vezes campeã mundial em ciclocross. Foto: Reprodução/Redes Sociais
Neste dia 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, é importante lembrar o papel das ciclistas na transformação da mobilidade urbana. Assim como lutam pela democratização de um transporte limpo e ativo, centenas dessas mulheres utilizam o modal na luta pelos direitos de igualdade e inclusão.
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Para celebrar este dia, o Instituto Aromeiazero elaborou uma lista de oito ciclistas pioneiras, que fizeram e fazem história. Conforme o instituto, ao longo da história, diversas mulheres contribuíram para popularizar o uso da bicicleta, que se tornou um símbolo de liberdade e sustentabilidade.
Entretanto, o Perfil do Ciclista Brasileiro 2024 mostrou que o cenário ainda é bastante masculino. Isso porque, no Brasil, apesar das mulheres serem maioria (51,5%), sua participação no ciclismo é 37% menor que a dos homens.
Além disso, a trajetória de uma ciclista atravessa diversos obstáculos, como a importunação, que alcança um índice de 65,7% em São Paulo. Já em Belém, cidade sede da COP 30, 67,7% das mulheres ciclistas relataram sofrer agressões enquanto utilizavam o modal.
Isso sem contar as barreiras impostas pelo racismo, que dificultam o acesso de mulheres negras à infraestrutura cicloviária.
Jeannie Longo (1958) é considerada uma lenda do ciclismo feminino, com uma carreira repleta de vitórias em campeonatos mundiais e medalhas olímpicas. Nascida na França, ela é reconhecida como uma das ciclistas mais talentosas e duradouras da história do esporte. Afinal, Longo tem mais de 50 títulos, inspirando gerações de atletas. Portanto, a paixão e dedicação dela ao ciclismo a tornaram um ícone mundial.
A norte-americana Amelia Bloomer (1818-1894) foi uma defensora dos direitos das mulheres e pioneira no uso da bicicleta como ferramenta de emancipação. Ela popularizou o traje “bloomer”, que facilitava o ciclismo, e acreditava que a bike oferecia liberdade e autonomia para as mulheres. Por isso, o legado de Amelia é importante na luta pela mobilidade feminina e igualdade de gênero.
Mariane (1987) é uma das maiores ciclistas do mundo, com diversos títulos mundiais e olímpicos em sua carreira. Além de seu sucesso nas competições, a neerlandesa é uma defensora da inclusão feminina no ciclismo, inspirando mulheres a adotarem a bicicleta como meio de mobilidade e liberdade.
Vereadora em São Paulo, Renata (1953) é uma das principais jornalistas e defensoras da cultura ciclística no Brasil, conhecida por promover a bicicleta como meio de transporte sustentável. Ela se destaca em sua carreira como apresentadora e comunicadora, além de atuar em iniciativas para melhorar a infraestrutura cicloviária e a segurança das mulheres no trânsito.
Aline (1976) é fundadora do Senoritas Courier, coletivo de mensageiras que promove o empoderamento feminino no ciclismo urbano. Ela se destaca como referência no movimento de mulheres no bike courier (serviço de entregas com bicicletas), buscando mais visibilidade e segurança para as ciclistas.
Guia de turismo e fundadora do Pedala Preta, Cintia foi uma das que teve seu projeto contemplado na Bikeatona do Instituto Aromeiazero. A cicloativista diz que sua relação com a bicicleta vai muito além de um meio de transporte. “Quando utilizo a bike, estou movimentando o meu corpo e relaxando a minha mente, além de deixar de emitir poluentes para a atmosfera. Através do cicloturismo, consigo gerar renda para minha família e trabalhar a educação patrimonial e o direito à cidade, contribuindo para uma comunidade mais consciente.”
Diretora financeira da ParaCiclo, Ruth fala que a bicicleta entrou em sua vida por necessidade. “Com o transporte público precário e inacessível, levar meus filhos à escola era desafiador, e foi então que descobri na bicicleta uma solução prática e acessível. No início, era apenas um meio de transporte, mas logo percebi que ela me proporciona liberdade, autonomia, saúde e independência. Comecei a explorar a cidade sobre duas rodas, descobrindo novos caminhos e possibilidades, e me senti mais conectada com a cidade e com o meu corpo”.
Ela foi participante do curso Dando Grau, promovido pelo programa Pedala Mais, que capacita pessoas a empreender com bicicletas, em que o Instituto Aromeiazero ofereceu apoio consultivo e aplicou a metodologia do Viver de Bike. Além disso, é confeiteira. Sua ligação com a bike é muito forte. “Com a bicicleta, consigo me locomover, vender meus produtos e fazer propaganda para meus clientes. Sem ela, não conseguiria realizar meu trabalho. Além disso, a bike tem sido essencial para minha saúde, ajudando-me a pedalar novamente e melhorar minha qualidade de vida. Para mim, a bike é como minhas pernas e meu coração, me levando de cliente em cliente todos os dias.”
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