SÃO PAULO – O trânsito em São Paulo também foi o responsável por fazer Gabriela Vuolo, de 37 anos, que dirige desde os 18, deixar o carro na garagem e usar a bicicleta.
“Eu levava 40 minutos para levar meu filho para a escola, que fica a cinco quilômetros de casa, no Alto de Pinheiros (na zona oeste). Passava mais tempo com ele no carro do que em casa brincando. Isso que me deu o primeiro estalo”, conta a bacharel em Relações Internacionais.
Gasolina, seguro, estacionamento, manutenção. Fora o estresse diário, conta Gabriela, o custo mensal do carro chegava a R$ 1.300. Ao colocar na ponta do lápis e contabilizar o prejuízo, ela reformulou sua vida e sua rotina.
“Mudei meu filho para uma escola em que eu levasse ele a pé ou de patinete, a um quilômetro de casa. Ele começou a ir para escola de patinete na hora do almoço e, depois, eu o pegava de bicicleta e voltávamos juntos”, afirma. “Claro que moramos em Alto de Pinheiros, bairro com calçada boa. Estamos falando de uma bolha. Isso não é viável para a maior parte das pessoas de São Paulo.”
A dificuldade de adaptação ao novo transporte, conta Gabriela, foi ter que reestruturar algumas tarefas semanais, como ir ao mercado.
“Tive que reformular o jeito de pensar nas compras. Não podia fazer muitas compras de uma vez porque não tinha como levar para casa”, afirma.
O carro? Gabriela arrumou um comprador e conseguiu vendê-lo. No dia de entregar o automóvel, deixou a chave e outra lembrança inusitada.
“Deixei uma carta no porta-luvas do carro para que ele se conscientizasse. Nela, expliquei por que da minha opção de vender o carro e disse que cada pessoa numa bicicleta na rua era um carro a menos no trânsito.”