Sou engenheiro, moro em Sorocaba (SP) e estou acostumado a fazer, quase diariamente, viagens para as cidades de São Paulo ou Campinas, que ficam a cerca de 100 quilômetros de onde moro. Para percorrer essas distâncias, eu gastava com combustíveis, mensalmente, cerca de R$ 1.800.
Em 2018, durante a greve de caminhoneiros, eu decidi ser proprietário de um carro elétrico. Naquela ocasião, eu achava que o Toyota Prius era do que eu precisava. Fiquei com esse pensamento até um dia, quando passei pela Marginal Pinheiros, em São Paulo, ainda durante a greve, e notei uma fila de cerca de 200 metros com cinco taxistas, cada um com seu Prius, aguardando para abastecer. Naquele momento, descobri que o veículo não funcionava sem gasolina. Então, me veio uma questão. Se o carro é elétrico, ele não carrega uma bateria e, ainda assim, precisa de gasolina ou etanol?
Fui pesquisar e descobri que existem veículos híbridos convencionais (‘hybrid electric vehicle’, ou HEV), híbridos plug-in (‘plug-in hybrid electric vehicle’, ou Phev), carros elétricos propriamente ditos (‘battery electric vehicle’, ou BEV) e os carros a combustão (‘internal combustion engine’, ou ICE).
Só então eu entendi que a única forma de eu ficar livre do uso de combustíveis seria usar um BEV ou um Phev. O tal Prius deveria ser esquecido, e foi o que eu fiz, porque ele não é um carro elétrico. Decidi, naquele momento, que nunca mais utilizaria veículo a combustão. Eu queria um veículo elétrico movido a bateria e que fosse livre de manutenção. Após ler alguns textos, encontrei mensagens de proprietários de um veiculo elétrico chamado BMW i3, que, na época, era o único modelo que se encaixava.
Encontrei textos de Leonardo Celli e Rodrigo Almeida, meus, hoje, amigos e companheiros de Abravei, mostrando que era possível, sim, usar carro elétrico no Brasil. Decidi comprar um BMW i3 ao descobrir que poderia abastecer o carro em casa, na tomada da garagem, sem nenhum equipamento especial diferente. Isso porque o veículo vem com um carregador que pode abastecer o seu carro elétrico em qualquer tomada, seja 127 V ac, seja 220 V ac.
Hoje, tenho um JAV iEV40 com mais autonomia de bateria e já rodei mais de 70 mil quilômetros com um custo por quilômetro rodado de R$ 0,10, enquanto, em um veículo a combustão, esse custo por quilômetro rodado pode ser de R$ 1,30, considerando despesas com combustível e manutenções. Isso porque carregar a bateria em 100% não custa mais que R$ 30 para rodar 300 quilômetros.
Acontece que, quando pensamos no preço do carro, esquecemos do gasto mensal com combustível e o custo das manutenções obrigatórias a cada 10 mil quilômetros para troca de óleo, filtros, velas, limpeza de bicos injetores, troca de correias etc. O carro elétrico não tem manutenção mensal, não troca óleo, não tem correias, não tem filtros nem velas. Proprietários de carro elétrico estão livres daquela troca de óleo periódica e obrigatória.
Ainda hoje, costumo viajar de elétrico para Bauru (a 267 quilômetros de casa), São José dos Campos (196 quilômetros), Campos do Jordão (280 quilômetros) e Mongaguá (200 quilômetros). Ao chegar ao destino, procuro uma tomada, ligo o carregador que vem junto com o carro e, após uma boa noite de sono, pela manhã, a bateria está cheia e carregada.
Saibam que existem diversos carregadores públicos e de uso gratuito pelas rodovias. Eles podem ser encontrados facilmente por meio de alguns aplicativos, como o da Abravei, Plugshare e EDP. Com eles, eu nunca mais fiquei preocupado com viagens. Vou para qualquer lugar.
Para finalizar, gostaria de dizer que carro elétrico é o futuro e o futuro é agora. A empresa que mais cresce no mundo, hoje, é a Tesla, maior fabricante mundial de carros elétricos. Outros gigantes estão chegando e vão surpreender o mercado, como Apple, Lucid e Sony, que já mostraram seus modelos. Fabricantes conhecidas como Hyundai, Renault, JAC, Audi, BMW, Chevrolet e Porsche já comercializam modelos 100% elétricos no Brasil. Como dizemos na Abravei, nunca uma revolução tão profunda foi também tão silenciosa.”