Investimento de R$ 150 milhões vai gerar mil novos eletropostos

Locais para instalação de novos postos são definidos de acordo com mapa de calor que detecta áreas de maior fluxo de elétricos. Foto: Adobe Stock

16/04/2024 - Tempo de leitura: 5 minutos, 41 segundos

Um investimento de R$ 150 milhões em infraestrutura de recarga ou eletropostos está prestes a ser injetado na capital paulista e nas cidades da Grande São Paulo. É o que promete a Kinsol – empresa de soluções renováveis que atua nos setores de energia solar e mobilidade elétrica. Até o fim de 2025, ela pretende inaugurar mil eletropostos rápidos, de 60 kW de potência.

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A estratégia de restringir as instalações dos equipamentos apenas nos municípios ao redor de São Paulo tem os objetivos de impulsionar o ecossistema no local onde mais se vende veículos elétricos no País, ganhar mercado e, em seguida, seguir com os investimentos nos demais Estados. Com 350 franqueados espalhados pelo Brasil, a companhia acredita na capilaridade para alavancar a infraestrutura nacional.

Mais eletropostos

“Queremos imprimir uma velocidade que o mercado de veículos elétricos está exigindo”, diz Mauricio Crivelin, CEO da Kinsol. “Se me perguntassem dois anos atrás, eu diria que a virada de chave da eletromobilidade brasileira aconteceria em cinco anos. Mas ela já chegou.”

Ele conta que os mil eletropostos serão divididos por lotes. Cada um terá cerca de cem unidades, com a captação de investidores interessados em participar do modelo de negócio. Atualmente, a Kinsol está finalizando o quarto lote e o primeiro começa a ser implantado em abril. 

Um milhão em 2035

Os locais de instalação já estão mapeados e aprovados. “Antes de escolher as áreas, fazemos um mapa de calor para detectar onde está o maior fluxo de automóveis elétricos”, explica. O valor da recarga para os usuários será de R$ 2,50 o quilowatt/hora (kWh).

Os equipamentos são produzidos na fábrica da Kinsol em Vacaria (RS), que tem capacidade para fazer mil pontos de carga lenta (AC) e 150 de carga rápida (DC) por mês. 

Na opinião de Crivelin, a infraestrutura está apenas engatinhando no Brasil. “Ter aproximadamente quatro mil pontos de recarga é ridículo, considerando o crescimento do mercado”, afirma. 

Ele aponta um estudo realizado por Audi, Porsche e Raízen sobre a necessidade do número de eletropostos até 2035. “De acordo com o ritmo de expansão da mobilidade elétrica, em 2030, o ideal é contar com 250 mil unidades, saltando para um milhão em 2035”, destaca.

Bateria mais barata

O aumento nas vendas tende a crescer na medida em que os preços dos automóveis caírem. “A bateria representa 70% do custo de um modelo e ela recebe 35% de lítio em sua composição. A boa notícia é que o preço do lítio se encontra em queda livre, favorecendo também a redução do valor do carro”, destaca. 

O executivo se apoia no balanço da BloombergNEF, agência de dados e tecnologia para o mercado financeiro. De acordo com a empresa, o preço do lítio caiu 89% desde 2010. 

Naquele ano, ele custava US$ 1.183/kWh. Em 2020, era de US$ 135/kWh e, no ano passado, chegou a US$ 30/kWh. A previsão de 2024 é US$ 16 kWh, podendo atingir US$ 7 no próximo ano. “Mesmo assim, ainda não é viável produzir bateria no Brasil”, atesta.

Para Crivelin, o Brasil vive uma posição privilegiada na transição energética devido à sua energia limpa e renovável. “Quando conseguirmos ganhar escala nas vendas, os preços dos veículos serão mais acessíveis e o mercado crescerá”, salienta.

Ele observa que a rede de infraestrutura de recarga é vital para o avanço da eletromobilidade. “A Noruega, por exemplo, tem 87% de sua frota de veículos elétricos, mas o país é menor que o Rio de Janeiro. Aqui, precisamos de muitos eletropostos para atender a demanda”, conclui.

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Instalação de eletropostos em condomínios ainda causa polêmica

Colocar pontos de recarga de carros elétricos em garagens de edifícios, principalmente os mais antigos, continua gerando discussão entre órgãos e empresas envolvidos na eletromobilidade e também com os moradores.

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Afinal, a instalação deve ser feita com total segurança para anular qualquer risco de incêndio provocado pela bateria dos veículos. Para fomentar a discussão, o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo enviou um parecer técnico para consulta pública que aborda regras de instalação de carregadores, seja qual for a potência.

Entre as sugestões, o documento estabelece que a vaga do veículo elétrico deve guardar distância de cinco metros de cada lado, para garantir segurança em relação aos demais veículos. 

Há outras ressalvas nas instalações feitas atualmente, que nem sempre seguem os rígidos padrões de segurança “Quando um ou dois moradores instalam o carregador, muitos outros acabam optando pelo elétrico. Como o assunto é recente, os síndicos não têm todas as informações corretas sobre a limitação de energia. Daí descobrem que o prédio não suporta tantas instalações individuais. É preciso pensar em uma infraestrutura para suprir a demanda, sem ações paliativas”, ressalta Pedro Schaan, CEO da Zletric.

Resistência

De olho nesse nicho, a Zletric criou a Zletric Home. Ela oferece a tecnologia e o serviço para o segmento residencial, com aparelhos e equipe técnica especializada que trabalham a gestão da carga disponível no condomínio, a fim de evitar sobrecarga da rede elétrica mesmo servindo vários moradores simultaneamente.

Segundo Schann, a operação agrega várias vantagens, como a individualização do consumo de energia e a valorização do imóvel. A Zletric Home possui planos de assinaturas para pessoas físicas e moradores, além de opções de aluguel ou compra de equipamentos. 

Deve-se tomar cuidado, porém, com a resistência que alguns condomínios apresentam diante dos pedidos de instalação dos pontos de recarga. Em muitos casos, essa discussão vai parar na Justiça. Schaan pondera que o assunto ainda é embrionária, mas avançará na proporção em que crescerem as vendas de carros elétricos no País. 

“Advogados consultados pela Zletric afirmam que, por enquanto, não é possível falar em jurisprudência. O melhor caminho é tentar negociar com os outros condôminos e com o síndico e preparar a infraestrutura de recarga para todo o prédio”, conclui.

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