Com uma média de ganho mensal de R$ 2.154, quase o dobro do salário mínimo atual, 59% dos entregadores de comida afirmam que sua renda atual é maior do que a renda com o trabalho anterior. O dado foi revelado por pesquisa do Instituto Locomotiva, que traçou o raio-X dos entregadores de aplicativo no País.
O estudo, encomendado pelo iFood, entrevistou 2.643 entregadores de diversas plataformas de delivery de alimentos no Brasil em fevereiro deste ano. Foram entrevistados entregadores de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife, Campinas (SP), Ribeirão Preto (SP), Curitiba, Belém e Brasília.
Somados aos demais entregadores de mercadoria, esses trabalhadores formam um contingente de 700 mil pessoas, segundo dados do último levantamento PNAD Covid.
Ainda sobre a renda mensal dos entregadores, a pesquisa descobriu que o valor recebido por quem utiliza aplicativos também é 35% maior que a renda de quem trabalha direto para restaurantes, que é de R$ 1.592. Já os entregadores de aplicativo que mantém outras fontes de renda ganham em média R$ 1.902.
O estudo ainda revelou que entre os entregadores que trabalhavam anteriormente, 67% diz preferir o atual trabalho. Entre aqueles que já trabalharam com carteira assinada, 66% preferem o atual modelo de trabalho autônomo e flexível. Fatores como a flexibilidade de horário e a possibilidade de conciliar o delivery com outra ocupação foram apontados como benefícios de se trabalhar nos aplicativos de comida.
O presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, explica o novo perfil dos profissionais que atuam em plataformas digitais: “Eles atribuem a preferência pelo atual modelo a fatores como flexibilidade da jornada, possibilidade de gerar a própria renda e a vantagem de não ter patrão.”
Ao mesmo tempo, o aumento da entrada de novos trabalhadores no setor de delivery de alimentos com motos exige uma discussão sobre a necessidade de se regulamentar o trabalho nessas plataformas digitais.
“O Brasil precisa de uma regulamentação que garanta segurança, ganhos mínimos e proteção social ao entregador que trabalha com plataformas digitais, sem comprometer sua autonomia e liberdade de escolha ao exercer a atividade”, afirma Diego Barreto, vice-presidente de finanças e estratégia do iFood.