Melhora no transporte público beneficia todas as classes

Desigual: Acesso ao transporte muda entre classes. Foto: Werther Santana/Estadão

07/06/2019 - Tempo de leitura: 1 minuto, 47 segundos

“Nossa desigualdade está completamente espelhada no território. A gente sabe exatamente nas regiões metropolitanas onde estão as populações mais pobres e o quão distantes elas estão do transporte”, afirma Clarisse Linke, diretora executiva do escritório do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP) no Brasil.

A constatação de Clarisse, com base nos estudos do Instituto, reflete o debate central do painel “Contrastes e inovação – As barreiras e as possibilidades trazidas pelos diferentes cenários socioeconômicos e a busca pela democratização do acesso ao transporte”. O isolamento da população mais pobre – que não tem opções de trabalho próximos às suas casas, nem transporte público acessível – reforça as desigualdades do País como um todo.

João Paulo de Resende Cunha, gerente de pesquisas do Instituto Locomotiva, destacou que a bicicleta é o meio de transporte mais “democrático”, por estar presente praticamente na mesma medida em todas as classes sociais. “Sempre foi utilizada pelas famílias mais pobres e vem sendo mais usada pelos brasileiros de maior renda”, observa Cunha.

Bolso. O uso do transporte público também não apresenta contrastes muito grandes quando o assunto é renda. Nas classes A e B, 59% dos entrevistados havia usado esse tipo de transporte no mês anterior à pesquisa. Na classe C, 66%, e, nas D e E, 68%. Portanto, pensar na melhora do transporte público beneficia todas as classes.

Renda. “A diferença que existe, claro, é o peso no bolso que o transporte tem em cada uma das classes econômicas. Entre as famílias mais pobres, classes D e E, o peso do transporte público é quase 4 vezes maior na renda mensal.”

A grande diferença vem na posse de carro e motocicleta. Enquanto 72% nas classes A e B possuem carro, o número cai para 39% na classe C, e para 18% nas D e E. Já a moto faz o caminho inverso. São 17% os que têm uma em casa nas classes A e B, 22% na classe C e 24% nas D e E, ainda segundo dados do Locomotiva.