Especialistas afirmam que a mobilidade urbana é alvo de grande preocupação. Sobretudo para o meio acadêmico e gestores de políticas públicas. Afinal, ainda há muita dificuldade de locomoção nas cidades.
O economista e professor da USP, Glauco Peres da Silva, conta que o adensamento populacional reflete no deslocamento das pessoas. Dessa forma, a mobilidade urbana tem total relação com este fenômeno.
Segundo ele, nas grandes cidades brasileiras, de modo geral, houve grande fluxo migratório das áreas rurais para as cidades. Isso ocorreu no sentido Norte-Sul do país. Assim, há aglomeração em cidades. Contudo, estas pessoas acabam precisando se deslocar para os grandes centros e voltar para a periferia, o que gera o movimento.
A mobilidade urbana acaba tendo dois efeitos: sobrecarga nos sistemas de transporte e maior valor nas regiões centrais das cidades. Neste contexto, o desafio acaba sendo atender a demanda desta população que quer ir de um lugar para outro. Por exemplo, é muito mais caro construir uma estação de metrô em uma área já ocupada.
O ônibus acaba sendo a opção. Mas muitas vezes não há pontualidade e os veículos vêm muito lotados. O resultado é que as pessoas acabam optando por usar o carro. Então, o trânsito fica com cada vez mais lentidão.
Além deste aspecto, há o desafio de investir em alternativas de transporte. Entretanto, é difícil competir com o uso do carro.
Em meio a este cenário de desafios, a emissão de poluentes acaba sendo uma consequência. Afinal, quanto mais se usa carro, maiores são os níveis de emissão. De acordo com a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), a frota de veículos motorizados no Brasil, em junho de 2022, chegou a 113 milhões. Deste número, 59,8 milhões são carros de passeio.
Embora haja outros modais, o desafio acaba sendo chegar nas periferias e oferecer um transporte de qualidade. Hoje em dia, ainda é muito comum nas grandes capitais ver ônibus que quebram ou trens lotados.
Para pessoas com deficiência, os desafios são ainda maiores. É comum ver ônibus que não têm plataforma elevatória. Já no metrô ou trem, problemas em elevadores das estações afetam o dia a dia destas pessoas.
Além disso, falta infraestrutura para outros modais. Embora pedalar seja mais saudável, barato e ecológico, não há ciclovias e ciclofaixas o suficiente nas principais cidades do país.
Por sua vez, andar a pé pode ser um desafio por conta da qualidade das calçadas. Outro ponto que prejudica a mobilidade urbana é a falta de segurança.
Portanto, segundo os especialistas, é preciso unir forças em diversas frentes para garantir as soluções para os principais problemas de mobilidade no país.