Nas mais de quatro décadas de produção das motocicletas em Manaus, as dificuldades superadas pelas indústrias que aceitaram o desafio de fabricar veículos no Estado do Amazonas se refletiram em milhares de postos de trabalho, inclusão social e melhora na qualidade de vida. Um sucesso que se deve, em boa parte, à sinergia entre força de trabalho local e alta tecnologia aplicada aos processos industriais.
A preocupação ambiental foi um pressuposto básico da indústria motociclística manauara desde seus primórdios. Estabelecer rígidos padrões para o tratamento/reúso de água e instituir práticas voltadas à preservação da biodiversidade, harmonizando a atividade industrial com o meio ambiente, foram uma estratégia obrigatória, em linha com a necessária preservação da natureza amazônica. Até mesmo o modal de transporte para a remessa da produção – por via fluvial até Belém (PA) – é grande aliado da sustentabilidade.
A constante evolução técnica da motocicleta evidencia a filosofia de respeito ao meio ambiente, e exemplo digno de nota é a tecnologia FlexOne. Desenvolvida no Brasil, ela permitiu às motocicletas usarem gasolina e/ou etanol em qualquer proporção, preservando características de funcionamento e durabilidade de referência. Ano após ano, a motocicleta nacional ganhou em robustez, eficiência, economia, e tornou-se produto mundialmente reconhecido pela altíssima qualidade.
No começo dos anos 2000, a efetivação do Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares (Promot) estabeleceu metas para redução das emissões de poluentes, o que resultou em progressivo alinhamento aos mais rígidos padrões internacionais.
Nestas duas décadas de vigência do Promot, as motocicletas 0-km vendidas no Brasil conseguiram cumprir as metas do programa, reduzindo a emissão de óxidos de nitrogênio (NOx) em mais de 50%, de monóxido de carbono (CO) em 85% e de hidrocarbonetos totais (THC) em 90%. A quinta fase do Promot, prevista para entrada em vigor em janeiro de 2023, visa a equiparação à norma Euro 5, passo definitivo para a integração da motocicleta nacional às cadeias globais de comércio.
Essa grande evolução técnica é motivo de orgulho para todas as empresas que atuam no segmento, sejam elas fabricantes de veículos, sejam fornecedoras de componentes ou demais elos da cadeia produtiva e de distribuição. Uma realidade positiva que é, no entanto, apenas parte do porquê, a motocicleta é o veículo mais amigável ao meio ambiente entre os modais de transporte particular.
A mobilidade efetiva, ou seja, exigir menor tempo para realizar percursos urbanos em horário de pico, é outro elemento de inegável redução de impactos nocivos ao meio ambiente. Um motor de pequena capacidade cúbica, de emissões contidas ao mínimo, é apenas um dos fatores ambientalmente positivos, ao qual devem ser somados aspectos secundários, como menor desgaste de pneus e da pavimentação, menor consumo de combustível e óleo lubrificante, além do espaço ínfimo ocupado nas vias públicas, o que assume vital importância tendo em vista o descompasso entre crescimento da frota e investimentos na expansão da infraestrutura viária.
Uma reflexão abrangente levará à inegável constatação de que a motocicleta é, de fato, um destaque no quesito sustentabilidade ambiental, do processo de fabricação até sua efetiva utilização. A moto, além da economia e da agilidade oferecidas a seus usuários, é um veículo amigo do meio ambiente.