‘No futuro, haverá uma diversidade de meios de pagamento no transporte público’, diz especialista

Da esq. par a dir.: Gabriel Sousa (Grupo Lyra), Frederico Pimentel (CCR), Daniel Bulha de Carvalho (Abasp), Caio Figueiroa (Abrade), Carlos Eduardo Nassur (Riocard Mais) e Fernanda Caraballo (Mastercard). Foto: Diego Leão - Produtora Leão

13/06/2024 - Tempo de leitura: 3 minutos, 22 segundos

Os sistemas de pagamento inteligente estão revolucionando a mobilidade urbana, oferecendo maneiras convenientes, seguras e eficientes de pagar por serviços de transporte público e outras formas de mobilidade nas cidades.

Essas soluções facilitam a vida dos usuários e promovem uma experiência de transporte mais integrada. Em painel do Parque da Mobilidade Urbana, evento que acontece nesta quinta (13) e sexta-feira (14) na Arca, na capital paulista, especialistas destacaram as vantagens e os desafios dessa transformação no setor de mobilidade.

Carlos Eduardo Nassur, gerente comercial da Riocard Mais, explica que, ao longo dos 20 anos de existência da empresa, foram feitas muitas adaptações para atender ao Poder Público. A Riocard já atingiu mais de 70 cidades e agregou diversos modais de transporte, incluindo metrô, ônibus e kombis, conhecidas como “cabritinhos”. “São 6 milhões de transações diárias, sendo 2 milhões de integração interestadual. Conseguimos customizar sistemas para atender às necessidades específicas das cidades”, afirma Nassur.

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Frederico Pimentel, coordenador de Arrecadação e Clearing da CCR, destaca a colaboração mútua entre o governo do Estado da Bahia e a prefeitura para implementar a interoperabilidade no transporte público. Atualmente, são utilizados três cartões diferentes na região: Metropasse, Salvador Card e CCR Metrô. Com um banco de dados conjunto, os operadores são pagos no dia seguinte e há prestação de contas de todas as arrecadações e repasses aos operadores.

Pagamentos por aproximação e a reação positiva dos usuários

Fernanda Caraballo, vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Mastercard, conta que a possibilidade de pagar diretamente com cartão de crédito ou débito no transporte começou a ser estudada há sete anos. “Na época, poucas pessoas tinham cartões por aproximação”, diz ela. Em 2023, o volume movimentado pelas compras realizadas com cartões e outros dispositivos por aproximação cresceu 70,1% em comparação com 2022, atingindo a marca de R$ 986,4 bilhões. Os brasileiros realizaram, em média, 50 milhões de pagamentos por aproximação por dia em 2023, segundo a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços). “A adoção desse método em ônibus e metrôs é crescente e rápida, e muito bem recebida pela população”, acrescenta Caraballo.

Além de facilitar os pagamentos, essa tecnologia também ajuda a aumentar a segurança nos transportes, reduzindo a circulação de dinheiro em espécie. “Em Curitiba, houve uma redução de 89% nos assaltos a ônibus após a adoção do pagamento com cartão por aproximação”, destaca Caraballo. Gabriel Sousa, CTO e sócio do Grupo Lyra, ressalta que a implementação de sistemas de pagamento inteligente atrai novos passageiros, inclusive aqueles que normalmente não utilizam o transporte público.

Futuro da mobilidade e desafios da integração

Frederico Pimentel e Gabriel Sousa compartilham a visão de que, nos próximos cinco a dez anos, as cidades brasileiras poderão se integrar com um sistema único de transporte público e um padrão nacional de bilhetagem, similar ao que já existe na Alemanha.

Sousa compara essa integração ao sucesso do Pix, que unificou protocolos e interfaces no sistema bancário. Entretanto, Caio Figueiroa, vice-presidente da Abrade (Associação Brasileira de Direito Administrativo e Econômico), alerta que a complexidade federativa no Brasil apresenta gargalos que atrasam essa integração e enfatiza a necessidade de o poder público fomentar o debate.

Países menores, como Holanda e Costa Rica, já adotam um padrão único de bilhetagem em todo o território, servindo de exemplo para a potencial implementação no Brasil. Fernanda Caraballo destaca ainda que, embora a dimensão do Brasil torne a integração mais complexa, no futuro haverá uma diversidade de meios de pagamento, permitindo que o cliente escolha como deseja pagar.