Não há maior defensora da tecnologia do motor híbrido flex no Brasil do que a Toyota. Desde que os automóveis 100% elétricos começaram a desembarcar no País, em nenhum momento a fabricante japonesa cogitou vendê-los no mercado. Ela preferiu sempre apostar nos híbridos.
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E vai continuar, conforme o diretor de comunicações e presidente da Fundação Toyota do Brasil, Roberto Braun, revelou nessa entrevista ao Mobilidade: “Não há previsão de comercializar carros elétricos por aqui”, afirma. Confira a conversa, a seguir.
É preciso deixar claro que a Toyota dispõe das tecnologias para fabricar veículos elétricos e estuda todas as possibilidades em âmbito mundial. A questão é que ela define a oferta em cada mercado dependendo do contexto da região e o que o consumidor está desejando.
A companhia apresenta um portfólio de 63 modelos eletrificados e planeja, sim, lançar elétricos mundo afora. No Brasil, porém, a estrutura de distribuição e pós-venda de carros flex está pronta, portanto, nossa estratégia continua sendo investir em híbrido flex.
Todas as tecnologias são avaliadas, mas, repito, o contexto no Brasil favorece mais o híbrido. Aqui, o elétrico enfrenta desafios importantes, como a infraestrutura de recarga – mais concentrada no Estado de São Paulo. É temerário fazer uma viagem de longa distância.
Porque é uma tecnologia prática e acessível. Os veículos híbridos flex dispensam infraestrutura de recarga e custam apenas de 10% a 15% acima do similar a combustão. Além disso, a tecnologia é sustentável: a emissão de dióxido de carbono (CO2) é mínima, bem próxima da dos modelos elétricos.
Os compradores fieis do Corolla receberam bem a novidade? Muita gente que tinha um Corolla a combustão migrou ao experimentar o híbrido flex. Em 2023, quase 20% das vendas totais do Corolla foram da configuração híbrido flex. É uma experiência diferente e o motorista logo percebe a vantagem da praticidade.
Não pode ser resumida a isso. Não esqueçamos que o Brasil é protagonista nas tecnologias flex e híbrido flex. Elas contribuíram no adensamento da cadeia produtiva, ou seja, na produção local de peças e sistemas.
Recentemente, as montadoras anunciaram investimentos que somam R$ 125 bilhões e, parte do valor, vai para desenvolvimento da tecnologia híbrido flex. Esse movimento nos deixa felizes, porque mostra que sempre estivemos no caminho certo.
Não abrimos mão da tecnologia híbrida. Lançamos o Toyota Prius em 1997 e, a partir dali, vendemos 20 milhões de carros híbridos no mundo, o que representa a não emissão de 160 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera.
Os recursos vão para a expansão da capacidade de produção de automóveis e motores, gerando 10 mil postos de trabalho diretos e indiretos. Do montante, R$ 5 bilhões serão gastos até 2026, com o lançamento de mais dois veículos híbridos flex, que se juntarão ao Corolla e Corolla Cross. Um deles é um compacto e chega já em 2025 e o outro está sendo desenvolvido exclusivamente para o Brasil.
Em 2026, iniciaremos a montagem de baterias na fábrica de Sorocaba (SP). De quebra, estamos aprimorando o que já temos. Um exemplo é o SUV RAV-4, híbrido plug-in que apresenta mais autonomia quando o motorista dirige no modo elétrico.
Não descartamos carro elétrico no Brasil, mas nesse momento, está fora de cogitação. Ainda não há infraestrutura de recarga adequada e a renda do brasileiro não é compatível com os preços desse tipo de automóvel. Preferimos o etanol, que deixou de ser exclusividade brasileira.
A Índia, segunda maior fabricante de cana-de-açúcar do mundo, investiu em usinas de etanol e já tem 183 bombas de abastecimento com etanol puro. A mistura na gasolina chegará a 20% em 2025.
As possibilidade são constantemente estudadas, mas não posso revelar os planos da Lexus.
Estamos desenvolvendo, também, os sistemas de célula de combustível e hidrogênio.
Estamos envolvidos em um projeto da Shell, que investe R$ 50 milhões na construção do primeiro posto de hidrogênio renovável a partir do etanol do mundo, dentro do campus da Universidade de São Paulo (USP). Com o apoio da Raízen, Hytron, empresa de soluções de energia e gases especiais, e da própria USP, a Shell pretende inaugurar o posto em setembro.
Ele terá um reformador de etanol que, durante o processo, extrai hidrogênio do vapor. O hidrogênio usado no abastecimento deve ser mantido pressurizado em tanques. A Toyota tem no Brasil duas unidades do Mirai [modelo de automóvel da marca] movidos a hidrogênio e emprestamos uma delas para os testes de performance, autonomia e emissões.
Início das atividades: 1958
Portfólio de veículos: Yaris, Corolla, Corolla Cross, RAV4, Hilux e SW4
Fábricas no Brasil: Sorocaba, Porto Feliz e Indaiatuba, todas em São Paulo
Número de concessionárias: 300
Número de colaboradores: 6.025
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