A dependência no uso de combustíveis fósseis para o transporte é uma realidade para muitas das metrópoles no mundo – o seu desenvolvimento socioeconômico é determinante para encontrar alternativas mais viáveis e atender às necessidades de suas populações, nesse aspecto, bem como colaborar para um mundo mais sustentável. O cenário começa a mudar em países como o Brasil, com o investimento em sistemas e uso de energia renovável para o transporte.
As iniciativas têm apoiadores de peso. A ONU Meio Ambiente (Pnuma) mantém o programa Mobilidade-E, com foco principal em economias emergentes. A ideia é aplicar, nessas localidades, técnicas e programas que já estão tendo resultados positivos em países como a Noruega, em que medidas fiscais e administrativas fazem com que, hoje, um a cada quatro carros vendidos seja elétrico. Na China, já são mais de 230 milhões de motocicletas elétricas em circulação.
No Brasil, as bicicletas elétricas chegaram, há um ano, no sistema Bike Rio, e já somam mais de 900 mil viagens na capital fluminense. Além do impacto ambiental mínimo, o modelo permite, ainda, trajetos maiores, com menos desgaste físico, o que eleva o potencial da chamada micromobilidade. Trata-se do uso, cada vez maior, de meios de transportes leves e individuais, como bicicletas e patinetes, elétricos, quando possível, para trajetos curtos e habituais.
Os benefícios da micromobilidade foram constatados no estudo Impacto Social do Uso da Bicicleta, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), em 2018/2019, exemplificados pelas reduções de gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) com o atendimento a usuários de transporte ativo.
A bike é uma opção de transporte que colabora com a redução de emissões de carbono, uma alternativa mais acessível, em comparação aos carros. e, além disso, reduz, comprovadamente, o gasto da saúde pública, uma vez que as pessoas que a adotam no dia a dia previnem o desenvolvimento grave de doenças cardiovasculares, diabetes, entre outras. Além disso, tornou-se recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como meio de transporte individual que favorece o distanciamento social necessário por causa da pandemia do novo coronavírus.
A assimilação desse conceito da micromobilidade pode representar um ganho real na qualidade do transporte em cidades, que, como o próprio Rio de Janeiro, apresentam utilização excessiva de carros para a locomoção intrabairros, trajetos mais curtos que não passam pelo centro. Nas grandes metrópoles brasileiras que se expandem de forma constante e desordenada, essa é uma realidade complexa, que leva ao questionamento: para o habitante comum, é possível, mesmo, deixar o automóvel de lado?
Para responder a essa pergunta, é necessário ter levantamentos sobre o percentual da população que utiliza os transportes públicos, o número de pessoas que moram próximo a estações de ônibus e metrô, assim como condições de estrutura e segurança em suas muitas configurações urbanas. Dessa forma, é possível buscar a adoção de políticas públicas que melhorem esses fatores tão impactantes no cotidiano de seus habitantes.
Com a convergência dessas ações aliadas à iniciativa privada, é possível vislumbrar um futuro mais sustentável para a mobilidade urbana. O surgimento de soluções como o compartilhamento de automóveis elétricos e o avanço do uso das bikes elétricas para fins pessoais e profissionais, como nos serviços de entregas, são importantes sinais dessa tão aguardada evolução.