Pesquisa realizada em 30 países revela que empresas querem descarbonizar suas frotas

No Brasil foram ouvidas 300 empresas; maior desafio para gestores até 2027 é a mudança da matriz energética, com o uso de veículos movidos a tecnologias alternativas. Foto: Adobe Stock

09/07/2024 - Tempo de leitura: 5 minutos, 3 segundos

A eletrificação está ganhando cada vez mais notoriedade no cenário automotivo seja qual for o segmento de atividade. Em todas as pesquisas, a eletromobilidade aparece como importante vetor para a evolução dos negócios, além do cumprimento da agenda ESG das empresas e das metas de descarbonização.

O Arval Mobility Observatory, plataforma de pesquisa e intercâmbio de informações no setor de frota e mobilidade e braço da Arval, empresa de full-service leasing para frotas corporativas e especialista em soluções de mobilidade, realizou o estudo independente “Barômetro de frotas e mobilidade 2024”, entrevistando 8.605 pessoas tomadoras de decisões de 30 países, entre 21 de agosto e 13 de novembro de 2023.

“A ideia é chegar a um panorama, sem achismos, sobre a situação de cada mercado de frotas e como as companhias estão pensando nesse momento de transição energética”, afirma Julio Meneghini, gerente de marketing e produtos da Arval BNP Paribas no Brasil.

Segundo a pesquisa, lá fora, 70% das empresas consideram usar carros eletrificados nos próximos três anos. Hoje, uma das alternativas (híbrido ou 100% elétrico) já é usada em 49% das empresas entrevistadas. Em três anos, 17% querem usar só carros de passageiros 100% elétricos (e 10% das empresas só veículos comerciais leves elétricos).

Leia também: Eletrificação veicular está num estágio de não-retorno

Cenário brasileiro

No Brasil foram ouvidas 300 empresas e elas se mostraram muito confiantes na estabilidade ou expansão de frotas corporativas nos próximos três anos. Segundo o levantamento, o maior desafio para os gestores brasileiros até 2027 é a mudança da matriz energética, com a utilização de veículos movidos a tecnologias alternativas.

O estudo aponta que o interesse das frotas corporativas por carros 100% elétricos existe no País, mas ainda está muito abaixo da média global. Somente uma em cada 10 empresas vem adotando veículos híbridos ou totalmente movidos a bateria. No entanto, para os próximos três anos, quatro em cada 10 empresas planejam promover essa transição.

Infraestrutura insuficiente

O quadro é um pouco melhor em relação aos veículos comerciais leves: uma em cada cinco companhias brasileiras já usam ou pretendem usar modelos elétricos ou movidos a hidrogênio nos próximos três anos.

A pesquisa mostra que a opção pelos elétricos ainda é limitada devido às poucas estações de recarga – 47% dos entrevistados declaram não ter nenhum ponto instalado nas dependências da empresa e 30% com expectativa de instalação nos próximos 12 meses.

“O Brasil é gigante e a infraestrutura pesa muito na tomada de decisão. Por isso, a rota de eletrificação se encontra mais acelerada em outros países”, explica Meneghini. “Muitos gestores de frotas jamais tiveram contato com um carro 100% elétrico.”

De acordo com o “Barômetro de frotas e mobilidade”, as políticas de responsabilidade social corporativa e a redução de custos de combustível estão motivando as empresas a implementar ou considerar tecnologias de energia alternativas para veículos comerciais leves no Brasil. Além disso, a mobilidade dos colaboradores é de grande importância para 31% das empresas.

“A meta dos gestores de frotas é diminuir o uso de veículos a combustão, fazendo a substituição pelos movidos por tecnologias alternativas de energia. De alguma maneira, todos querem estar envolvidos com o novo cenário da eletromobilidade.”

Julio Meneghini (abaixo), gerente de marketing e produtos da Arval BNP Paribas no Brasil
Foto: Divulgação Arval

Outras alternativas

Se o Brasil está atrás no caminho da eletrificação em comparação a outros países, ele é uma referência em se tratando de alternativas de mobilidade. A implantação de soluções revela que o País pode servir de exemplo na locomoção dos usuários.

Atualmente, oito entre 10 empresas já adotam ao menos uma opção de mobilidade para seus colaboradores. Uma das preferidas pelas dos usuários é a bicicleta compartilhada, embora seja muito confrontada pelo subsídio para transporte público e pela carona. Já o carro compartilhado corporativo demonstra forte potencial de crescimento nos próximos três anos.

“Há uma mudança expressiva de como a mobilidade é percebida entre os colaboradores, abrindo espaço para outros meios de transporte alternativos”, afirma Meneghini.

Ele explica que as soluções de mobilidade são guiadas pelas necessidades do departamento de Recursos Humanos das empresas, como elemento de recrutamento e retenção de talentos, compliance e políticas de responsabilidade social. “Tudo isso é um valor adicional aos veículos corporativos, que permanecem como ferramenta de negócios para muitas companhias”, diz.

Se a presença de veículos eletrificados deverá aumentar ou não, o sistema de leasing surge com potencial de evolução nas empresas brasileiras. Na pesquisa, quatro entre 10 companhias querem aderir ou aumentar a frota por meio desse modelo de negócio até 2027. “Os custos são mais baixos do que a aquisição definitiva do veículo e o cliente dispõe de um pacote de serviços atrelados”, completa.

Novos temas serão incorporados na pesquisa de 2025

Apesar de a pesquisa “Barômetro de frotas e mobilidade 2024” apresentar um caráter independente, a Arval quer que ela vá para dentro das empresas, com o intuito de gerar conhecimento e contribuir nas tomadas de decisões a respeito da composição das frotas.

“Todos os anos acrescentamos assuntos inéditos para enriquecer o estudo”, diz Julio Meneghini. “Em 2025, certamente também abordaremos o mercado secundário dos carros elétricos — com temas como a questão da revenda – e como a mobilidade pode direcionar novos negócios.”

Para ele, os resultados do levantamento deixam bem claro que as empresas, seja qual for o tamanho, expressaram interesse em ampliar suas frotas e buscam ferramentas tecnológicas para uma melhor administração.

“Nesse contexto, a eletrificação, o uso de dados dos carros conectados e políticas de mobilidade são as tendências que irão formar as previsões do futuro”, acredita.