Embora seja derivada da trail Himalayan, com quem compartilha quadro, tanque e motor, a nova Royal Enfield Scram 411 chega com uma proposta mais urbana. Inspirada nas antigas scrambler, o modelo se diferencia de sua irmã trail pelo design mais jovem e também pela roda aro 19, na dianteira. Mas, afinal, qual a melhor opção para quem procura uma moto trail para o dia a dia: Scram 411 ou Himalayan?
A nova Royal Enfield, a primeira das três novidades prometidas pela marca para este ano, chega às lojas com preço sugerido de R$ 22.490 – mais de R$ 2 mil a menos do que a Himalayan (R$ 24.990). A nova Scram 411 terá sete opções de cores, todas com o mesmo preço sugerido, mas esse valor não inclui o frete, que pode variar de estado para estado.
Quem não entende muito de moto, pode até pensar que a Scram 411 nada tem a ver com a Himalayan. Afinal, o novo modelo trocou o para-brisa e os protetores de carenagem na dianteira por um farol redondo, mais perto do guidão, que faz ela parecer uma nova moto. Mas, vale lembrar, que o quadro, o tanque de 15 litros e o motor são os mesmos.
Outra mudança está no “cockpit” do piloto. Na Scram, há apenas um mostrador redondo que concentra o velocímetro, marcador de combustível e hodômetros. Um painel simples, porém, funcional. Só senti falta do conta-giros.
A nova Scram também não tem bagageiro como a Himalayan. Além disso, em vez do assento bipartido do modelo mais aventureiro, tem banco inteiriço com uma textura que tem um visual mais sofisticado.
Entretanto, a principal diferença entre a Himalayan e a Scram pode passar despercebida para os mais desatentos: a roda dianteira de menor diâmetro. Apesar de ter rodas raiadas e pneus de uso misto, como sua irmã aventureira, a nova trail da Royal Enfield usa aro 19 ao invés do aro 21 na frente.
A mudança altera a geometria da moto, reduzindo a distância entre-eixos e o ângulo de cáster. O resultado é uma moto que parece ter a frente “mais leve” e um comportamento mais ágil. Na prática, isso significa mudar de direção mais facilmente, como, por exemplo, para costurar entre os carros num dia de trânsito engarrafado, e também ajuda a entrar nas curvas com mais facilidade.
Outro detalhe é que o banco da Scram 411 ficou mais baixo do que o da Himalayan (795 mm contra 800 mm) e seu peso também é menor (185 kg contra 191 kg). Duas mudanças que, por si só, já fazem dela uma moto mais adequada para quem procura uma trail para usar no dia a dia.
Apesar de a roda aro 19 não ser tão adequada para acelerar na terra e enfrentar trilhas mais complicadas, a maioria dos consumidores das motos trail roda principalmente no asfalto. Dessa forma, nem vai sentir a falta do aro 21.
Até porque as suspensões não mudaram tanto. A Scram tem garfo telescópico convencional, na dianteira, com 190 mm de curso – somente 10 mm a menos do que a Himalayan. Na traseira, o monoamortecedor fixado por links à balança tem os mesmos 180 mm de curso. Ou seja, a Scram 411 absorve bem as imperfeições do piso, como buracos, valetas e lombadas – e até mesmo encarou um trecho de terra próximo à praia de Grumari, na cidade do Rio de Janeiro, sem pestanejar.
A Scram e a Himalayan usam o mesmo motor de um cilindro, 411 cm³ e arrefecimento a ar. Chamado de LS 411 pela Royal Enfield, seu pistão tem longo curso (86 mm) – a sigla vem de long stroke. Com isso, o monocilíndrico cresce de giros vagarosamente e se destaca mais pelo seu torque em baixos e médios regimes do que pela potência em altos giros.
Em geral, motos que giram mais, geralmente, têm o curso do pistão menor do que o diâmetro dos cilindros. Já as motos que têm curso maior e diâmetro menor, giram menos e tem mais força em baixa.
Tanto que a Scram produz 24,3 cv de potência máxima já a 6.500 rpm, mas grande parte do torque máximo de 3,26 kgf.m a 4.250 rpm, está disponível a partir de 2.000 giros. Com isso, o piloto economiza nas trocas de marchas, podendo manter a terceira ou quarta, no câmbio de cinco velocidades, sem ter que reduzir a toda hora, principalmente na cidade.
Por outro lado, na estrada, o motor “acaba” cedo, ou seja, quando atinge a rotação de potência máxima, não entrega mais desempenho e também vibra muito. Com isso, a velocidade final não é das mais elevadas, sendo o ideal rodar entre 110 e 120 km/h.
Destaque para as melhorias que a Royal Enfield fez no propulsor, desde que ele foi lançado. As alterações no mapa da injeção e no catalisador, deixaram seu funcionamento mais linear, sem engasgos e, acredito, sem problemas para funcionar com nossa gasolina.
Com a chegada do novo modelo, muitos ficaram em dúvida sobre qual a melhor opção de moto trail da Royal Enfield: Scram 411 ou Himalayan? Isso vai depender do uso que você pretende dar à moto.
Se for rodar predominantemente na cidade, a Scram 411 é uma melhor opção. Além de visualmente mais atraente, a nova trail da Royal Enfield é mais leve e ágil. Isso sem falar que custa quase R$ 2 mil a menos do que a versão aventureira.
Entretanto, se você vai usar a moto mais para viajar e fazer uma aventura, acredito que a Himalayan seja a melhor opção. Afinal, além de ter para-brisa, que oferece um conforto na estrada, a trail “raiz” tem protetores que podem evitar danos no caso de uma queda. E roda de 21 polegadas que transmite mais confiança no off-road.
Eu também achei que o banco da Scram 411 é menos confortável para longos trajetos. Como o assento tem um ressalto, o piloto acaba escorregando e ficando muito próximo ao tanque. Rodei cerca de 100 km com a nova Royal e, ao final, já estava um pouco cansado nas partes baixas.
Em resumo, se você quer uma moto trail para o dia a dia, a Scram 411 é uma boa opção. Mas se a sua ideia é fazer longas viagens, opte pela Himalayan, construída para esse propósito.
Motor: 1 cilindro, 411 cm³
Câmbio: 5 marchas
Transmissão final: Por corrente
Potência: 24,3 cv a 6.500 rpm
Torque: 3,26 kgf.m a 4.250 rpm
Peso seco: 185 kg
Preço: R$ 22.490